Capítulo 22

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  Dorian estava no meu encalço. Eu tremia conforme esquentava o chocolate, negando-me a atender suas exigências por explicações.
  — Eu sei que é seu maldito caçador — falou, pela quarta vez.
  — Foi apenas um sonho — respondi. Sinceramente não estava com energia para o ciúmes desgovernado de Dorian. Eu tinha acabado de descobrir que Gar tinha um irmão, uma família que o amava e que sentia sua falta e provavelmente os outros sequestradores também tinham pessoas em suas vidas. O pensamento não devia pesar tanto em minha mente, porém ali estava ele martelando em meus pensamentos. E, para piorar, sonhei com a causa de todas as brigas que já tive com Nix.
  — Me fala Liana, fala pra mim — ordenou.
  Desliguei o fogo depositando o chocolate quente em uma caneca adorável com desenhos de flores. Minhas mãos tremeram e derramei um pouco na mesa.
  O olhar elétrico de Dorian me perfurou quando virei para apanhar um pano, seus braços prenderam-me no lugar ao se posicionar ao lado de meu corpo, segurando a borda da mesa.
Senti melhor sua pulsação hostil quando ele se aproximou. O rosto dele era uma devastação de fogo, sem qualquer relação com a magia em suas veias.
  — Sonhou com o que, que tava trepando com ele? — foi minha vez de ficar com raiva.
   Empurrei o peito nu e musculoso do lupino e passei por ele. Os tremores de meus membros eram agora de raiva e não de choque.
  Afinal, Nix sabia sobre a minha magia, soube disso todo o tempo desde que nos conhecemos, e ele e Lana conspiraram em minhas costas para não me dizer.
  Sequei a bagunça que fiz na mesa e apanhei a caneca fumegante. Fingindo não ver, ou sentir, o senhor do fogo.
  — Você gemeu o caralho do nome dele Liana — Dorian disse, não levantei os olhos do meu chocolate para ele — Estava trepando com o desgraçado no seu sonho não foi porra?!
  — E se foi? Vai fazer o que hein?
  Um silêncio pré tempestade se elevou entre nós.
  Fazia tempo que não o via tão irado, na verdade a forma como os olhos ficaram devastadoramente quentes e azuis alertaram-me de que aquele era outro tipo de fúria, mais profunda e primitiva.
  As mãos dele se moveram tão rápido dando a mim somente tempo de encolher o corpo, ele jogou a xícara para fora da minha mão em uma direção que não me permiti registrar e então me apanhou jogando-me em seu ombro e nos conduzindo de volta para a suíte.
  — Me solta! Me coloca no chão seu boçal! — meus protesto não serviram de nada. Eu poderia usar minha magia, mas pensar em machucar Dorian deixou-me, de algum modo inexplicável, enjoada.
  A pior parte disso tudo era que meu corpo interpretou toda a situação de forma errada e ficou automaticamente pronto para recebê-lo. Minha entrada se dilatou deixando a lubrificação molhar minha calcinha, meus seios pesaram e se e eriçaram.
  Dorian jogou-me sobre a cama já quebrada.
  Percorri meus olhos por toda sua estrutura, fiquei muito curiosa em encontrar uma ereção pressionando o tecido de sua calça, o lobo tirou-a imediatamente revelando-me seu pênis considerável, demasiado duro, com pré gozo escorrendo pela cabeça.
  Ele veio para mim completamente cego de raiva, amor e tesão, muito tesão.
  Não houve nenhuma delicadeza quando ele arrancou as roupas de meu corpo, primeiro a blusa e depois a calcinha.
  Eu o queria, não o ter era algo equiparado a ser torturada.
  Abrecei-o e abri as coxas acolhendo-o.
  — Eu vou te mostrar como um homem de verdade fode — disse ele para mim.
  Sequer um pelo em meu corpo não se arrepiou com essa promessa.
  O pensamento de como fomos de uma pré discussão para um embalo sexual veio em minha mente, mas rapidamente se foi quando senti a cabeça do pênis de Dorian pincelando minha entrada completamente escorregadia.
  Os lábios do lobo reinvidicaram os meus, o beijo foi de ódio e dominação até amor e paixão, foi estranho, ardente mas prazeroso.
  Eu gostava disso e parte de mim se assustava com esse meu gosto tão depravado.
  Ele começou a empurrar sua circunferência para dentro de mim era bom tê-lo ali dentro, exatamente onde deveria estar, era tão correto e tão errado que me deixava desnorteada e feliz, feliz de uma maneira pouco... correta.
  Seus movimentos foram lentos, para atiçar mais a minha vontade e estimular minha intimidade.
  Eu já estava com tanta vontade que queria arrancar os cabelos e minha vulva estava tão estimulada que se agarrava ao pau dele como o abraço de uma amante.
  — Oooh — escorregou o gemido por minha boca ao receber uma estocada um pouco mais profunda.
  Meus olhos cruzaram com os dele, ele abriu os lábios sensuais e sorriu para a minha expressão de deleite.
  — Você é perfeita — o hálito quente afagou meu rosto.
  Entrelacei as pernas ao redor de Dorian sentindo uma vontade maior enroscar-se em minhas coxas deixando minha barriga com formigamento.
  Ele forçava minha passagem para eu poder acomodar melhor seu pau. Pressionei minhas mãos por sua pele macia, quente e de onde emanava luz azul, acariciei seus braços, ombros e peito.
  Ao que ele estava perfeita e inteiramente dentro de mim cravei minhas unhas em sua pele virando o rosto para o lado, um gemido agitou minha garganta e escapou dos meus lábios.
  Agarrei com força o corpo de Dorian quando ele empurrou tudo dentro de mim com força, de novo e de novo.
  Minhas pernas perderam as forças ao receber as investidas selvagens, uma depois outra, sem parar.
  Gritei e gemi, deslizando minhas unhas pela pele do senhor do fogo.
  Com os olhos fechados comecei a acariciar o rosto dele, sentindo o fervor sob a pele, o ronronar de sua ânsia.
  Dorian estava gemendo, podia sentir seu timbre grosso e tão baixo que mal consiguia descrever senão como roucos, o coração dele um tambor nas mãos de um músico experiente, retumbando como se fosse rasgar sua pele a qualquer instante com os impactos.
  Seu corpo assim, inteiramente reagindo a mim guiou-me a uma sensação nova de prazer.
  Apertei minhas coxas e sufoquei um gritinho ao sentir os dedos dele encima do meu clitóris inchado e sensível.
  Ele sorriu contra minha pele, me deu um beijo suave e se afastou para encarar a mim, observei as linhas de seu rosto, a feracidade, desejo e satisfação.
  Os toques de seus dedos estimularam meu clitóris, despertando e fazendo cantar minhas terminações nervosas.
  Os gemidos oscilaram de minha garganta e saíram de mim em forma de música.
  Senti aquela sensação explodindo e me queimando junto, entreguei-me completamente a ela.
  Os dedos estimulando os nervos sensíveis do meu clitóris, o pau dele fundo dentro de mim me preenchendo completamente.
  Algo novo se formou dentro de mim, uma sensação nova. Os nervos da minha boceta estavam derretendo de tesão e meu clitóris sensível parecia que ia explodir com tanto prazer que estava recebendo.
  Meus seios se arquearam mais e doeram com um anseio voraz. O pau dele dentro de mim, quente e satisfatório. Maldição, estava louca de tesão.
  Agarrei meus seios massageando os bicos tensos, a intensidade me tomou e me tirou qualquer pensamento lógico.
  — Ah, merda Dorian!
  Tremores musculares agitaram minhas pernas e torso,  meu corpo se retesou e saiu do controle estremecendo, tive certeza de que encontrei o paraíso naquele momento pois gozei tão intensamente que vi estrelas.
  Abri os olhos registrando nas íris do lobo um brilho de avidez por mim, sua fome obscura e eterna, então admirei a forma como Dorian abriu a boca suspirando de prazer, mostrando-me os caninos perigosos. O corpo dele ficou completamente tenso.
  Os dedos, antes fazendo meu clitóris feliz, agora estavam cravados no meu quadril.
  Dorian rosnou e suspirou então gemeu daquele jeito quase mudo e rouco, os olhos estavam no tom mais intenso que já vi a cor azul na vida.
  Ele pegou um dos meus braços e levou para sobre minha cabeça, então levou o outro para acompanhar e segurou ambos os meus pulsos com uma mão, seu braço desocupado ao redor da minha cintura guiando meu corpo para proximidade do dele.
  As feições do lupino se contraíram e a vibração de seu orgasmo chegando era deliciosamente atrativa, gozei uma segunda somente com essa sensação reverberando meus ossos. O prazer estava quase me sufocando, mas não queria que parasse, nunca.
  Senti-o pulsar dentro de mim, o resto do corpo tremeu e então ele estava gozando.
  O calor de seu sêmen era assustadoramente diferente, maravilhosamente diferente. O jato quente me preencheu enquanto Dorian rosnava estrondosamente meu nome, como um animal selvagem e satisfeito.
  Ele caiu sobre mim me cobrindo com um calor de sol matinal.
  Agarrei-o quando liberou meus pulsos de seu aperto. Dorian beijou-me, ofegante, beijou-me apaixonadamente.
  — Eu te amo Liana — disse, reivindicando meus lábios com muito mais vontade — eu te amo e ninguém vai tirá-la de mim, nunca. Você é minha, só minha — ronronou.
  Não sabia se era verdade ou somente emoção pós sexo, mas todo o meu ser estava certo de que ele estava sendo verdadeiro com suas palavras.
  Era algo interessante de se falar, mas a forma dele de dizer, tão possessiva e um pouco... não, um pouco não, muito colérica acionou um sinal de alarde dentro de mim.
  Afinal, o que significava pertencer a Dorian?

O sol tentava a sorte buscando emergir por entre nuvens densas, o vento soprava meus cabelos em uma temperatura morna agradável. As ruas estavam vazias, ou quase isso, mas minha solidão naquela esquina deu-me a chance de sorrir bobamente comigo mesma.
  Caminhei pelas calçadas de tijolos laranja e o aninhamento arborizado do caminho até a nova estaladagem em uma nova cidade que Dorian e eu nos encontrávamos.
  Minha magia caótica cantou sob mim, em minha alma, a cada dia que se passava mais ávida a usá-la eu ficava, eu precisava usar ela, reconhecer que usa-la ali era burrice não fazia diferença para minha ânsia.
  A nossa nova acomodação era uma pequena, e bem estruturada, casinha distante da área urbana, toda em madeiras envernizadas e pedras  brancas cintilantes. O cercado era bege e havia um jardim bem cuidado de ambos os lados da passarela dando caminho para as escadas, onde um Dorian emburrado esperava-me sentado.
  Seus olhos vieram de encontro aos meus em um misto de desaprovação e raiva.
  Suspirei profundamente conforme me encaminhava para o homem, quando próxima o bastante dele seu corpo ergueu-se, seu enorme porte sendo uma barreira entre mim e a entrada.
  O olhar desceu imediatamente até a bolsa pendida ao lado do meu corpo e ele farejou o ar, o lupino disfarçou a expressão mas sua vibração cantou um pouco mais forte, vibrações de sentimentos negativos.
  Dorian e eu passávamos cada segundo livre que tínhamos entrelaçados, fodendo feito animais selvagens, ele despejava sua semente dentro de mim todas as vezes, então na noite anterior eu o questionei a respeito do antídoto contraceptivo e ele me respondeu com um sorriso irônico.
  Nunca havia tomado a solução, em minha primeira vez dois anos atrás eu tomei umas pílulas, mas sabia como era, era preciso fazer um teste de sangue encima de um feitiço para descobrir a poção certa, então eu só precisava tomá-la uma vez por mês e pronto.
  Sai antes de Dorian acordar naquela manhã, peguei algum ouro de seus bolsos e fui até uma botica onde fiz o teste e comprei o que precisava.
  Tomei a primeira poção no caminho de volta, o que foi uma boa ideia dado que Dorian não parecia feliz em detectar o que eu havia feito.
  — O que foi? — questionei, me fazendo de desentendida.
  — Pegou meu ouro? — mascarei o quão irritada aquelas palavras me fizeram e sorri com sátira.
  — Tudo o que é seu é meu querido, e afinal de contas você também tem responsabilidade com meu útero agora — ele bufou e fechou seu olhos por um breve momento.
  — Eu não permiti isso.
  — Não quero um bebê — disse, séria.
  — Então decide coisas por conta própria agora? — desdenhou ele, amargurado — Seu corpo pertence a mim Liana.
  Empertiguei a postura e ergui meu rosto com autoridade.
  — Vai sonhando — cuspi em sua direção.
  Me coloquei em movimento passando pelo lobo. Ele veio atrás de mim, quieto mas vibrando com emoções fortes e vivas.
  — Dê-me o que comprou — exigiu, ao que atingi a sala observando um café da manhã posto para dois.
  — Para quê?
  — Vou me livrar disso.
  — Não me ouviu, não quero um bebê — estabeleci, apertando a alça da minha bolsa de modo protetor.
  — Liana, só vou pedir mais uma vez...
  — Olhe Dorian, não ouse fazer isso. Não quero uma criança agora, talvez nunca queira e se por acaso pensar em se livrar dos antídotos diga adeus a nossas aventuras sexuais — ele apertou as mãos do lado do corpo.
  — Ousa me ameaçar?
  — Sim, ouso quando resolve ultrapassar a minha autoridade sobre o meu próprio maldito corpo!
  Dois dias atrás as cólicas comoveram meu abdômen, começando com dores sutis, minha menstruação estava para vir, meu humor não estava nada bom e eu queria, apesar de não conseguir se pudesse, acertar um chute no meio das pernas de Dorian por ser um macho tão... tão assim, possessivo e irritante.
  Guardei a bolsa com cuidado em nossos aposentos.
  Sentei-me à mesa onde Dorian já me aguardava, o rosto sério.
  Comi alguns biscoitos amanteigados, que não eram nem a sombra daqueles feitos por Ana, e me deliciei com leite.
  Os olhares que o senhor do fogo e eu trocamos ao longo da refeição era uma espelho de nossos respectivos dons, quentes e caóticos.
  A mandíbula dele não parava de se mover, o olhar perfurava-me como uma lâmina bem amolada.
  Ele queria um filho, suspirei gravando, a contragosto, essa informação.

Chamas De Inverno (PAUSADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora