Saí da secretaria, deixando o Pedro junto com a sua mãe. Volto pra onde meus amigos estavam, mas eles não estavam lá.
– Provavelmente devem ter ido embora ou ido pra qualquer outro lugar deste colégio imenso. – penso.
Vou para a biblioteca fazer alguns trabalhos que estavam pendentes. Afinal, se eu quisesse ficar aqui, teria que me esforçar. Fui até os livros de literatura e fiquei procurando um que me interessasse, já que o tema do trabalho é falar sobre qualquer era da literatura. Fui lendo os títulos, mas acabei ficando com tédio e acabei sentando em uma das cadeiras e fiquei olhando o Instagram e o Twitter e acabei colocando uma música qualquer no Spotify pra me distrair. Mas, por algum motivo, a imagem de Pedro não sai da minha cabeça. Apesar de só conhecê-lo e visto só hoje, ele não sai da minha cabeça. O jeito um pouco tímido, o modo de como seus olhos se fecham enquanto ri...
– Mas o que eu estou pensando? Ele é um bolsista, não vale o meu interesse. Aliás, nem sei se ele vai estudar aqui. O melhor a se fazer, é esquecer ele. – penso.
O sinal acaba tocando; já era 17h. Fui até em direção ao portão principal, onde já se encontravam vários carros estacionados de vários alunos daqui. Quando estava no meio do caminho, recebo uma mensagem de Tomás, um ex-ficante meu.
– oi, Ricardo
– oq vc quer, Tomás?
– nossa, q grosseiro vc. eu só queria saber se vc não gostaria de vir pra cá pra casa 😏
– vc sabe mt bem q se eu for praí, meu pai me mata. além do mais, vc me dá nojo
– nojo pq, gatinho?Li a mensagem, mas não respondi. Ele realmente me dava nojo. Tomás era o tipo de pessoa que te manipulava pra fazer tudo o que ele queria. Ele quase me fez a cabeça pra poder transar com ele.
– Ah, gatinho. Você sabe que eu sempre fui afim de você, né? – ele falava no meu ouvido e passava a mão na minha perna. – Você sabe que todos os seus amigos perderam o cabaço.
– Ah, eu sei. Mas eu não me sinto confortável com isso – tiro a mão dele da minha perna, enquanto ele beijava meu pescoço e ia descendo – eu ainda não me sinto pronto, sabe?
– Mas, Ricardo, – ele para de me beijar e volta a me olhar – você mesmo me disse que estava pronto. Não vai me deixar na mão agora, não é? – ele fala com uma certa raiva no tom de voz.
– Não é te deixar na mão. É que eu não me sinto pronto. Mudei de ideia, ué. – falo me sentando na sua cama – você devia entender isso...
– Ok, Ricardo. Quando você estiver pronto, você me fala então. Estarei te esperando.Depois disso, ele saiu espalhando pra todo mundo, inclusive, postou uma foto nossa nos stories e no Twitter, com a legenda: "pelo visto ele não é marrento como todo mundo diz". Essa foto parou na diretoria e até os meus pais que teve um puta trabalho pra tentar "limpar" minha imagem naquele colégio. Depois, os pais dele tiraram ele do colégio e ele foi estudar no exterior, com a desculpa de os parentes dele quererem o melhor pra ele.
Meu carro tinha chegado e buzinou pra mim. O motorista saiu do carro e abriu a porta do carro pra mim.
– Tudo bem, patrão?
– Tudo bem sim, José.José era um dos poucos empregados com quem eu falava, além de Neide, minha babá e sua esposa. Eles sempre tiveram um carinho por mim, o que eu sempre achei um pouco estranho, já que eu era um dos seus patrões.
– O senhor tava com uma cara batida. Pensei que tivesse acontecido algo.
– Não aconteceu nada não. Coisas do colégio, sabe? E meus pais? Estão em casa?
– Olha, desde o momento que eu saí, eles não tinham chegado não. Inclusive, sua mãe falou que vai ficar um tempo lá no escritório. Seu pai ainda não deu notícias.A vida dos meus pais era assim: sempre trabalhando mais e mais. Acho que por causa disso, eu sempre fui meio sozinho. Sempre entendi que eles queriam o melhor pra mim, mas o que custava eles separarem um tempinho pra mim? Após eu chegar em casa, fui tomar um banho e fui pra academia malhar um pouco. Já era 19:45 quando já tinha chego em casa e tinha tomado um banho e já jantado. Pego meu telefone pra ver algumas mensagens no grupo.
Léo: hj o bonito do Ricardo abandonou a gente, né? nem deu satisfação e já foi logo ficar com o bolsista
Rick: cala boca, Leonardo. eu só fui apresentar o colégio pra ele. aliás, ele nem sabe se vai estudar lá
Matheus: hmmmm, tá sabendo demais, não?
Rick: olha, vão se foder vcsDesligo o telefone e vou dormir.
– Promete que você não vai me abandonar?
– Por que eu iria te abandonar? Eu te amo, você é tudo pra mim.De repente, me vejo no meio da quadra, com todos me julgando e apontando pra mim.
– Ih, mais uma bicha pro colégio.
– O viadinho não sabe se esconder não?
– Quanta imoralidade!
– Viado merece morrer!Ao escutar aquilo, vou diminuindo mais e mais, até ficar pequenininho.
– E você, Pedro? Você sempre vai tá aqui do meu lado, né? Eu te amo...
– Eu? – Pedro dá uma risada maléfica – eu nunca te amei e nunca te amarei. Só queria te comer e ir embora. Eu nunca me interessei por você, desde a primeira vez que eu te vi.Ao escutar aquilo, meu coração se parte em vários pedaços. Vejo Pedro se afastar de mim, e tento correr atrás dele.
– Pedro, não vai. Por favor...
– PEDRO!
Acordo todo suado e com vontade de chorar. Como que alguém que você acabou de conhecer faz isso com você? Vou até o banheiro, mas vejo a hora e já eram 3:25 da manhã. Molho meu rosto e fico pensando naquilo. Será que existia mesmo amor à primeira vista? Ou eu só estava delirando?
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O Contrário de Mim (romance gay) [EM ANDAMENTO]
RomancePedro é um menino tímido, estudante de escola pública que almeja um vida melhor pra ele e pra sua mãe. Ricardo é um menino extrovertido, sempre bem acompanhado e que já tem tudo de mão beijada (ou seja, rico). Uma festa de boa vindas do colégio muda...