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O dia no colégio transcorreu normalmente. Tinha feito o que tinha que ser feito lá e fui pra casa. Aquela mensagem ainda martelava na minha cabeça, me fazendo pensar em muitas coisas.

Será que eu devia falar o mesmo pra ele, mesmo não sendo recíproco? Será que eu deveria ser franco, magoá-lo e deixar por isso mesmo? Será? Será?

Pensava nisso, mas acabei não decidindo nada. Mandei uma mensagem pra minha mãe, avisando-a que fomos chamados pra uma reunião no novo colégio e ela havia me respondido que me encontraria em um lugar perto do colégio. Fui pra casa almoçar e ver algo na televisão. Quando era umas 13:50h, troquei de roupa e fui escovar meus dentes. Estava com uma camiseta branca, calça jeans preta e um tênis também preto.

Pensei em chamar um Uber já que pagaria uma coisa só, mas quando vi o preço, senti a minha realidade na pele.

Porra, R$95,00? Mas o que é isto? É, vou ter que utilizar o transporte público novamente. – pensei, com ódio em ser pobre.

Cheguei no tal lugar que minha mãe havia me passado – era meio que uma lanchonete/cafeteria na rua do colégio – e lá estava ela tomando um pingado. Me aproximei.

– Oi, mãe. Tá bom o café? – falei ainda em pé.

– Oi, Pedro. Bom, enquanto você não chegava, aproveitei e tava tomando o café. E até que você chegou aqui quase no horário. Ainda são 14:55h. – ela terminou de tomar o café e, como já tinha pago, pegou sua bolsa e fomos em direção ao colégio.

– Ah, mãe. Tô tão ansioso com isso. Será que vou conseguir? Será que eu não fui bem na prova de admissão? – disse com uma certa mistura de emoções.

– Filho, calma. Vai que é algo bom? Nem tudo na nossa vida é coisa ruim... – disse minha mãe passando a mão nas minhas costas.

Havíamos chegado. Estava meio nauseado, mas respirei fundo e entrei.

– Olá, boa tarde. – disse a recepcionista – Senhor Pedro, não é mesmo?

– Sim, ele mesmo. – respondi e fiquei pensando como ela tinha guardado meu nome depois de tanto tempo.

– Perfeito. Irei avisar ao senhor diretor que vocês chegaram. Por favor, vocês podem se sentar que logo irei chamá-los.

– Antes, – disse minha mãe – poderia saber o motivo da gente tá aqui?

– Não é nada demais. O diretor só gostaria de conversar sobre algumas coisas e também o resultado da prova de admissão. Agora, com licença, que irei anunciá-los pro diretor. Até mais.

Ela sai e me deixa mais nervoso ainda. Minha mãe acabou percebendo e acabou segurando minha mão. Depois de uns cinco minutos, ele nos chama e entramos na sua sala. Sentamos nas cadeiras em frente a sua mesa e ele começou a falar:

– Boa tarde. Irei ser franco e direto: em todos esses 20 anos de direção, nunca vi nenhum pré-candidato se sair tão bem em uma prova de admissão.

Estávamos boquiabiertos. Nunca ninguém falou isso pra mim. Ficamos em silêncio e esperamos ele continuar a falar.

– Por mim, você entrava hoje no nosso colégio, já que você conseguiu tirar 1000 em tudo. Acredito que você pode ser um ótimo aluno pro nosso colégio.

– Nossa... Eu tô... Nossa... – nessa hora já estava sem palavras.

– Mas por quê ele não pode começar agora? – perguntou minha mãe, interessada.

– Bom, só estou com um certo receio de que ele não consiga se adaptar ao nosso estilo de ensino. Somos um exemplo para todo o Rio de Janeiro e pro Brasil também. Seu filho ter conseguido uma vaga aqui foi um espanto pra nós. Até os corretores ficaram chocados com os resultados.

– Mas ele vai conseguir se adaptar. Disso eu tenho certeza. Ele consegue. Se ele conseguiu passar na prova, ele vai se adaptar aqui.

– Já que a senhora diz isso, irei admiti-lo este semestre. E você, Pedro. Você irá conseguir estudar aqui? Preciso da sua total colaboração e dedicação.

– Sim, irei conseguir estudar aqui. E com certeza vou me adaptar.

É aqui que a minha vida vai começar a mudar...

O Contrário de Mim (romance gay) [EM ANDAMENTO]Onde histórias criam vida. Descubra agora