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Mando mensagem pro Yago, perguntando a ele onde iríamos.

– ah, qual foi, Yago. para de graça
– mas tu é teimoso, hein. é surpresa
– dá pelo menos uma dica, vai
– ok. é um lugar com bastante brinquedos...
– hmmm, é a RiHappy?

Ele apenas leu a minha mensagem e não me respondeu. Esperei mais uns minutinhos, quando ele me envia uma mensagem, dizendo que já estava me esperando na portaria. Desci e fui de encontro a ele.

– Você realmente não vai me contar onde vamos, né? – pergunto, já dentro do carro e colocando o cinto de segurança.
– E você realmente não desistiu de descobrir onde eu vou te levar, né? – ele perguntou, dando partida no carro.
– Ué, mas eu tenho o direito de saber onde eu tô indo, né?
– Ter tem, mas nesse caso, é uma surpresa. Acho que você vai gostar.

Depois disso, andamos por uns 15 minutos de carro até chegarmos ao nosso destino. Antes de descermos, ele pede pra eu colocar uma venda.

– Tem certeza que não tá vendo nada não, né? – pergunta ele.
– Claro que não, Yago.
– Então quantos dedos tem aqui?
– Para de ser besta. Vai logo que eu quero tirar logo isso. – falo impaciente.

Logo ele desce e sinto cheiro de mar.

Sera que viemos pra praia? Não, não é possível... – penso.

Uns 10 minutos depois ele aparece.

– Ok, vem comigo. – diz ele, abrindo a porta pra eu sair e segurando pra minha mão.
– Pra onde a gente tá indo, Yago? – pergunto, segurando a sua mão.
– Relaxa, você vai gostar.

Andamos por um tempinho, até que paramos.

– Ok, espere aqui. E não tira a venda.
– Tá bom, Yago. Não vou tirar a porcaria da venda... – disse já irritado.

Todo aquele mistério já tava me dando nervoso, quando começo a escutar barulho de violão. Tiro a venda e ele começa a dedilhar o instrumento com uma música que eu já conhecia:

I don't wanna go another day
So I'm telling you exactly what is on my mind
Seems like everybody's breaking up
And throwing their love away
But I know I got a good thing right here
That's why I say

Yago... – ele tinha feito uma fogueira, e tinha feito uma espécie de piquenique (sim, à noite) com algumas lanternas. E então ele continuou:

Nobody gonna love me better
I'ma stick with you forever
Nobody gonna take me higher
I'ma stick with you
You know how to appreciate me
I'ma stick with you, my baby
Nobody ever made me feel this way
I'ma stick with you

Ele foi se aproximando de mim, e segurando minha mão e olhando nos meus olhos, cantou essa estrofe. Estava sem reação. Como eu podia imaginar que ele, um homem de 1,90, cantando uma música romântica pra mim, iria se declarar pra mim dessa maneira. A única coisa que eu sabia fazer era chorar, pois eu nunca imaginaria que alguém iria fazer isso pra mim. Então ele terminou:

And now
Ain't nothing else I could need
And now
I'm singing 'cause you're so, so into me
I got you
We'll be making love endlessly
I'm with you
Baby, you're with me

So don't you worry about
People hanging around
They ain't bringing us down
I know you and you know me
And that's all that counts

Sua apresentação foi tão boa, que eu o aplaudi. Então ele deixa o violão de lado e pergunta:

– Ricardo, você quer namorar comigo?
– Yago...
– Não precisa me responder agora. Quando você estiver pronto, você me dá uma resposta. – ele fala, se aproximando de mim e me dando um beijo. Senti meu rosto ficar quente.

Ficamos um tempo ali, observando o mar e comendo e bebendo algumas coisas que ele trouxe. Ele disse que demorou um tempo pra organizar tudo porque ele tinha medo que roubassem tudo, mas que no final deu tudo certo. Quando foi lá pra 1:00h da manhã, ele me leva pra casa dele, já que estava muito tarde pra eu ir pra minha casa.

– É sério, Yago. Eu posso ir pra casa. Já tô acostumado a chegar tarde.
– Nada disso. Vai pra minha casa, dorme lá e amanhã você vai.

Tentei conversar, mas ele não quis nem saber. Chegamos na sua casa e aparentemente não tinha ninguém. Lembrei de quando era mais novo e ficava olhando ele nadar na imensa piscina que tinha em sua casa.

– Ricardo! Ou, acorda! Tô te chamando um tempão... – disse ele estalando os dedos
– Hum? Eu tô aqui... O que você disse? – perguntei, voltando a realidade.
– Perguntei se tu quer sorvete. Tu quer? – ele me perguntou, mostrando dois potes de sorvete do freezer. – Tem morango e baunilha.
– Quero o de baunilha. – ele joga o pote e me dá uma colher.
– Que saudade eu tava do Brasil, sabe? Da energia daqui, do povo, da comida... – disse ele dando uma colherada no sorvete.
– A Nova Zelândia é tão ruim assim? – perguntei, tirando os tênis e indo pra sala. Yago fez o mesmo.
– Não é que é ruim. A Nova Zelândia tem lugares incríveis, pessoas incríveis, mas nada se compara como o nosso lar, né? – ele deita no sofá maior, pegando o controle de TV e zapeando os canais.
– Tu é doido, isso sim. Eu só não saio daqui porque meu pai não deixa, senão já tinha ido pro Reino Unido. Duvido que eu ia sentir falta daqui. – falo, comendo mais sorvete. – E me dá esse controle, já que não vai deixar em canal nenhum.
– Ah, mas você vai sentir falta sim. Sabe mais do que eu senti falta? – disse ele me entregando o controle.
– Do quê? – perguntei e ele se aproximou de mim, deixando o sorvete de lado.
– De você. Principalmente quando você ficava me secando quando eu andava sem camisa e quando eu tava na piscina. – senti meu rosto queimar mais uma vez. E então, ele me beija, fazendo derrubar o sorvete na camisa.
– Porra, Yago! – me levanto e tiro a camisa.
– Aproveita e tira logo tudo... – ele deu uma risadinha marota.
– Muito engraçadinho você, hein? Me arruma outra camisa aí, não vou ficar com frio, né? – falo e dou um bocejo. Já estava cheio de sono.
– Se quiser, te empresto uma roupa minha pra você dormir, amanhã eu vejo uma outra camisa pra você ir embora. Você já tá cheio de sono.
– Tô mesmo. E vamos logo. Ja tô ficando ficando com frio.

Fui seguindo Yago até seu quarto. Se passaram 4 anos, mas aparentemente, seus pais não mexeram em nada no seu quarto. Ou pelo menos ele não deixou ninguém mexer. Ele tirou uma camisa e uma bermuda pra eu dormir, porém, a bermuda ficou larga em mim e fiquei só com a camisa.

– Se quiser, pode dormir de cueca. Ninguém vai te comer não. Bom, pelo menos não hoje...
– Pode tirando seu cavalo da chuva, Yago. E só vou dormir de cueca hoje porque você não tem nada no meu tamanho.
– Ah... Pra você não se sentir excluído, vou dormir de cueca também.

Quando ia ir pro quarto de hóspedes, ele disse que queria dormir comigo, na cama dele. A cama dele era um pouco maior que uma cama de casal, então caberia tranquilamente nós dois ali. Deitamos e ele me deu um beijo de boa noite.

Era 9:00h da manhã quando escuto um grito chamando meu nome.

– RICARDO! QUE SAUDADE!

Era a irmã de Yago, Sophia.

O Contrário de Mim (romance gay) [EM ANDAMENTO]Onde histórias criam vida. Descubra agora