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– Mas mãe, é uma oportunidade única...
– Eu sei, filho. Mas eu tenho medo de você ir pra esse colégio novo e acabar se machucando.

Minha mãe era o tipo de pessoa que sempre quis me proteger das diversas maldades do mundo. Desde o dia que me assumi gay pra ela, parece que esse cuidado dobrou.

– Mãe, lá tem dormitórios pra quem mora longe como eu. Fora que eu vou poder vir te visitar aos fins de semana.
– Sei não, hein, Pedro. Me preocupo com você...

Minha mãe sempre foi cabeça dura, mas sempre acabava cedendo a algumas coisas que eu pedia a ela. A dessa vez foi ir estudar num colégio particular, no qual eu já tinha feito a pré matrícula pra ir fazer a prova e talvez ganhar essa bolsa. O ano já estava terminando e eu já não queria estudar ali. Não estou reclamando do colégio em si, até porque tive e ainda tenho professores ótimos, mas sim porque eu quero um lugar mais desafiador.

– Vamos, mãe. A prova é semana que vem, só preciso da sua autorização e que você vá lá confirmar tudo.
– Tudo bem, Pedro. Eu vou com você a esse tal colégio confirmar tudo pra você.
– AI, MÃE, SÉRIO?! NOSSA, EU JÁ DISSE QUE EU TE AMO HOJE?! – escuto aquilo e vou pra cima dela, abraçando-a e a beijando – eu juro que eu venho todo fim de semana de visitar, ok?
– Tá tudo bem, não precisa dessa reação toda. Amanhã pela tarde nós vamos lá resolver tudo isso...

No dia seguinte...

Estava todo ansioso, pois eu iria visitar o colégio que possivelmente eu iria estudar. Ligamos ontem pra marcar um horário pra resolver as questões da bolsa de estudos e ,curiosamente, tinham um horário livre pela tarde.

– Mãe, não acredito que vou ver a escola que eu vou estudar ano que vem.
– Filho, não crie muitas expectativas, porque a gente não sabe como é a prova, o colégio, nada. Fora que eu não confio você estudando longe. E se você se perder? – minha mãe me olha preocupada.

Estávamos na cozinha, terminando de almoçar, quando o telefone na sala toca e fui lá atender.

– Alô?
– Boa tarde, falo com o senhor Pedro Fernando de Lima?
– Sim, é ele mesmo.
– Ah, sim. Gostaria de avisar e confirmar a sua visita ao nosso colégio. Só precisamos que venha com algum responsável e com seus documentos, pra confirmarmos a sua prova pra bolsa escolar.
– Ok, então. Eu vou ir e minha mãe vai junto comigo. Meus documentos já estão separados, irei levá-los aí assim que eu chegar.
– Ok, então. A entrevista está marcada às 15h. Por favor, não se atrase. Até breve. Ah, meu nome é Carla.
– Até mais tarde, Carla. Tchau.

Desligo o telefone e volto pra cozinha pra falar com a minha mãe.

– Era do colégio. Ligaram pra confirmar a entrevista. Vai ser às 15h.
– Então vamos nos arrumar. Até chegarmos lá, provavelmente vai ser esse horário.

Eu moro em Nova Iguaçu, e o colégio é na Zona Sul Fluminense, mais especificamente na Barra da Tijuca. Já tinha me arrumado e estava esperando minha mãe. Tinha colocado uma camisa preta qualquer, com uma calça jeans preta e um tênis preto.

Parece que estou indo num velório... – penso.

***************

– Ah, cara, foi nada demais não. Foi a mesma coisa de sempre. "Não faça bullying, não implique com os bolsistas e blá blá blá". Eu não gosto desse povo, sabe? – olho pro outro lado da sala e vejo Diogo, um menino bolsista que conseguiu entrar no colégio no 7º ano. Fico com raiva só de olhar pra ele.
– Eu também concordo – disse Otávio – não era nem pra eles estarem aqui.
– Gente, também não é assim, né? Eles tiveram a mesma oportunidade de estarem aqui, assim como a gente. Só porque eles são bolsistas, não quer dizer que eles são inferiores a nós. – Léo falou, visivelmente um pouco irritado.
– Você só fala isso porque tá apaixonado na bolsista. Todo mundo sabe que você gosta da Renata. – falei me direcionando pro Léo.
– Você também vai se apaixonar por uma bolsista, você vai ver. E você, Matheus? O que acha de tudo isso? – Léo perguntou, mas quando Matheus ia responder, o professor o interrompe.
– Querem nos contar a fofoca ou saber sobre a biologia humana? – o professor Vicente fala e nós viramos todos pra frente, prestando a atenção na aula – ah, sim. Pensei que a fofoca fosse mais importante.

A aula de biologia passou rápido, e como não tínhamos nada depois da aula, resolvemos ficar comendo e conversando sobre coisas aleatórias, até que vemos um menino todo de preto e um senhora junto dele, pedindo informações na secretaria.

– Você acha que vai ser um novo bolsista ou um novo aluno igual a gente? – Matheus perguntou, me cutucando.
– Bom, não sei, mas é o que eu vou ver agora.

Me levantei e fui até a secretaria, onde eles estavam.

– Oi – falo com o menino de preto – você vai ser o novo estudante daqui?

O Contrário de Mim (romance gay) [EM ANDAMENTO]Onde histórias criam vida. Descubra agora