Tinha arrumado um colchão pra Yago deitar, ao lado da minha cama, quando ele disse:
– Eu preferiria dormir com você. Se não importar, claro.
Nessa hora, fiquei sem reação, mas deixei que ele dormisse junto a mim. Fui ao banheiro escovar os dentes e voltei pro quarto. Quando eu volto, vejo uma cena que eu jamais imaginaria: Yago, todo largado na minha cama, de cueca (ele me contou mais tarde que não gostava de dormir com pijamas), de bruços, fazendo não sei o que no telefone.
– Pode chegando pra lá que eu quero deitar. – falo saindo do meu "transe".
– A cama é toda sua, Ricardo.Apesar de sermos conhecidos, era a primeira vez que via Yago assim. Ficar perto dele me dava borboletas no estômago.
– Então – disse ele se virando pra mim – o que você fez nesses 4 anos que estive fora?
– Eu? Não fiz nada não. Meu pai é superprotetor comigo, então não me deixa fazer nada. – falei, me cobrindo.
– Hum... – disse ele, um pouco intrigado. – Ainda faz bullying com os bolsistas?
– Não, senão meu pai me manda pra um colégio militar.
– Pensei que isso fosse passageiro... – diz ele com um ar de decepção.
– Yago, posso te fazer uma pergunta? – falo cortando o assunto.
– Claro, manda aí.
– Por que você veio dormir comigo?
– Bom, primeiro porque eu tinha que testar uma coisa com você.
– O quê?
– Isso.E então ele me beija, me deixando espantado. Tentei me soltar, mas não conseguia. Acabei me cedendo ao desejo carnal e acabei me lembrando de quando eu ia brincar com a irmã dele, quando contei a ela que eu estava apaixonado por ele.
– Vem, Ricardo! – disse Sophia me puxando.
– Tenho que te contar uma coisa, Sophia. – disse eu indo pro quarto dela e deixando a porta encostada.
– Claro, fala aí – disse ela arrumando seu cabelo.
– Então, é que eu tô com um pouco de vergonha e, por favor, não me odeie. – disse apreensivo.
– Ricardo, eu? Te odiar? Claro que não. Você pode confiar em mim. – disse ela se sentando na cama.
– Então, eu tô gostando do seu irmão...Sophia ficou boquiaberta. Não tinha reação.
– Sophia? Sophia, mulher. Acorda!
– Você tá me dizendo que gosta do meu irmão. O Yago? Que dorme junto comigo a dois quartos daqui? – questionou.
– Sim, Sophia. Seu irmão. E fala baixo que eu não quero que ninguém escute nossa conversa.
– Ah, por mim tudo bem. Mas acho que ele não é gay ou bi.De repente escuto alguém bater a porta e viro pra ver se era alguém.
– Relaxa, deve ter sido alguma empregada que viu a porta aberta e fechou. – disse Sophia, me tranquilizando.
Quando Sophia me disse que ia passar uns anos na Europa, meu coração quebrou. Yago era a única pessoa que eu gostei. Fiquei arrasado, mas consegui continuar minha vida.
Me solto dele, com um pouco de falta de ar.
– Calma aí – me levanto – tá tudo indo rápido demais.
– Como assim? – ele levanta também, visivelmente excitado.
– Como que você volta assim do nada? E o pior, ainda me beija como–Sou interrompido por um beijo, o empurro.
– Mas que caralho, Yago!
– Eu sei que não era pra eu fazer isso, mas não pude evitar. Se lembra daquele dia que você disse que gostava de mim pra minha irmã pela primeira vez? Então, eu escutei. Só que você não contava com um detalhe: eu também gosto de você. Sempre gostei. Depois que fui pra Oceania, eu sempre ficava vendo suas fotos no insta, olhando seus Snapchat... Quando soube que eu ia voltar, eu fiquei super feliz, pois agora eu ia te esclarecer tudo. – disse ele, sentado na cama.
– Mas por que você não me falou tudo isso antes de ir embora? – o questiono, sentando na cama também.
– Eu não ia saber qual ia ser a sua reação, sabe? Fiquei com medo de te contar e você não gostar, sei lá.
– Deixa eu ir tomar uma água. É muita coisa e muita informação pra mim.
– Mas você gostou do que eu falei? Você ainda gosta de mim? – perguntou ele, pegando no meu queixo.Na hora que ele ia me beijar, me levantei e fui pra cozinha tomar uma água. Estava confuso. Por que alguém que diz gostar de mim fala esse tipo de coisa e fica 4 anos fora e age como se nada tivesse acontecido?
Tomei minha água e voltei pro quarto.
– Yago – disse eu, enquanto ele tava deitado na minha cama – eu acho que ainda gosto de você...
– Mas você acha ou tem certeza? – pergunta ele.
– Eu não sei, Yago. Você sai e volta como se tudo pode voltar ao normal. E se eu tivesse namorando? O que você iria fazer?
– Aí eu iria te entender e tentar esconder esse sentimento. De qualquer forma, a gente pode ir saindo, conversando e tal. Se você quiser, claro.Me deito na cama, perto dele.
– Acho que se a gente sair, fazer outras coisas, a gente consegue se entender... – puxo ele pra mais perto de mim – sabe, eu sempre sonhei em te beijar, te tocar...
– Pois bem, tô aqui...Ficamos de namorico por um tempo, até que o cansaço veio e fomos dormir. No dia seguinte, Yago tomou café e foi embora. Passei meu número pra ele e ele me disse que mandaria mensagem. Por ser domingo, fiquei fazendo nada; meus pais já tinham saído e os meninos estavam fazendo outras coisas. Até pensei em chamar o Yago pra vir pra minha casa, mas aí eu acabei desistindo.
Entrei no Instagram e acabei vendo Pedro online. Acabei mandando mensagem pra ele, porém ele não me respondeu. Fui pro quarto e acabei dormindo. Quando foi umas 17:20, Yago me manda mensagem, perguntando se eu queria ir com ele pra um lugar que ele conhecia. Fiquei intrigado e aceitei ir.
– pelo visto vc tá cumprindo aquilo q vc falou, hein
– eu sou um homem de palavra, Pedro. vai vir ou não?
– tá, chato. daqui uns 30min eu tô chegando aí
– ok, tô te esperando. até
– atéFui tomar um banho e separei uma roupa pra eu ir pro tal lugar.
– Espero que ele não me leve pra uma favela ou algo do tipo... – penso.
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O Contrário de Mim (romance gay) [EM ANDAMENTO]
RomancePedro é um menino tímido, estudante de escola pública que almeja um vida melhor pra ele e pra sua mãe. Ricardo é um menino extrovertido, sempre bem acompanhado e que já tem tudo de mão beijada (ou seja, rico). Uma festa de boa vindas do colégio muda...