– Ah, oi. Sim, bom não sei. Ainda vou fazer a prova.
Tínhamos chegado um pouco mais cedo no colégio, quando um menino de cabelos encaracolados veio falar comigo.
– Prova, como assim? – ele me perguntou. – Ah, me chamo Ricardo, inclusive.
– Sim, prova. Estou resolvendo umas pendências com o colégio e provavelmente vou vir estudar aqui. E me chamo Pedro – estendo a mão e ele aperta.
– Ah, sim. Quer visitar o colégio? Posso te mostrar algumas coisas...
– Ok, então. Pode ser. Vou falar com a minha mãe e vamos então.Aviso minha mãe que vou dar uma volta pelo colégio e ela me fala pra não demorar muito.
– Vamos então, Ricardo.
– Ok, só deixa eu pegar a minha mochila e nós já vamos indo.Fico esperando ele enquanto olho alguns trabalhos feitos pelo fundamental.
– Essas crianças conseguem pintar e desenhar melhor do que eu. – penso.
– Pedro, vamos?
Volto a realidade com Ricardo me chamando. O colégio era bem grande sendo uma parte do fundamental e outra parte do médio. Havia uma parte de dormitórios, dedicados para os alunos que moravam longe do colégio, a maioria bolsista. Tinha também uma enorme biblioteca, sala de informática e 1 quadra, bem grande. Tinha também o refeitório, junto com uma cantina. Ricardo me explicou que o colégio dava todas as refeições pra quem basicamente morava dentro do colégio.
– Nossa, que legal. E aqui tem atividades extracurriculares? Tipo teatro, clube de leitura e música? – pergunto, pois sempre me interessei por tais atividades.
– Bom, tem sim. Inclusive, o colégio tem até um time de futebol e basquete.
– Ah, sim. Mas eu não sou muito fã de esportes não. Gosto de literatura e de ler bastante. E você? – estávamos andando pelo campus, perto da quadra.
– Ah, eu costumava jogar basquete, mas eu acabei me machucando em jogo. – seus olhos se encheram de lágrimas enquanto ele olhava pra quadra.
– Sinto muito por isso. – falo segurando sua mão, mas logo solto ela.
– Não sinta – ele me disse dando um sorriso fraco – já passou. Quer voltar pra sua mãe? Provavelmente ela deve tá te procurando. – ele me falou e fomos até a secretaria.Chegando lá, minha mãe estava me esperando com um senhor de sotaque exótico.
– Boa tarde – disse ele – o senhor deve ser o deve ser o Pedro Fernando. – ele me estende a mão.
– Sim, sou eu mesmo. – aperto sua mão – Ricardo tava me mostrando o colégio, que é muito bonito, diga-se de passagem.
– Ah, sim. Realmente é muito bonito. E obrigado, Ricardo, por mostrar o colégio a ele. Já pode ir embora.
– Qualquer coisa tô aqui – disse Ricardo, me olhando e depois olhando pro diretor – Até mais, Pedro. E espero que consiga a bolsa.Fico um pouco envergonhado com aquilo e fico olhando o chão. Depois desse diálogo, entramos na sala dele.
– Então, senhora Lima, a que devo a visita? – diz ele sentando na cadeira, e tirando o botão do paletó.
– Bom, vim tirar algumas dúvidas sobre o processo seletivo da bolsa escolar. Ano que vem meu filho entra no 2º ano do ensino médio e gostaria como funciona tudo por aqui.
– Então, como deve ter visto no site, nosso colégio é o mais prestigiado em todo o Rio de Janeiro. Todo ano, vem pessoas de todas as classes sociais tentar uma vaga aqui. Como pode ver, só selecionamos os melhores dos melhores. Nossa grade curricular, é composta por várias matérias, indo do Português e Literatura até francês, mas claro que são matérias opcionais. – minha mãe observava atenta (e eu também) ao que ele dizia. – Nosso ensino médio é diferente. Temos um ano exclusivo para os pré-vestibulares, ou seja, seu filho vai ficar aqui por 4 anos, ao invés de 3. Seu filho vai terminar o ensino médio aqui e vai diretamente para o 4º ano.
– Pois bem, e como funciona a coisa do dormitório no campus? – minha mãe pergunta, concentrada em tudo o que ele disse – meu filho mostrou no site que vocês tem uma parte dos dormitórios. E refeições? Vocês também acobertam?
– Sim, temos uma parte de dormitórios para aqueles que moram longe e não podem sair do colégio. E não se preocupe, todas as refeições o colégio cobre, não se preocupe com isso. A única coisa que cobramos aqui, é o uniforme. Todos os alunos deverão estar devidamente uniformizados. – ele termina de falar e pega um copo d'água no bebedouro atrás da gente. – Mais alguma dúvida?
– Não, já foi tudo esclarecido. – minha mãe o responde.
– Ah, mais uma coisa que eu já ia esquecendo: aqui zelamos pelas boas notas. Se você tirar baixa nota em dois bimestres seguidos, sua bolsa é cancelada. – disse ele olhando pra mim.
– Não se preocupe, meu filho tira notas boas.
– Ah, sí. Agora que já foi tudo esclarecido, gostaria de continuar confirmar a prova? – ele ajeita o óculos.– Acho que esse homem tem alguns tiques nervosos. – penso
– Sim, gostaria sim. Tenho certeza que meu filho vai se dar bem aqui.
Nos levantamos e fomos de volta a secretaria, onde a mesma moça que falou com a gente pelo telefone, estava lá. Enquanto minha mãe estava lá, terminando de confirmar a minha presença na prova, um menino alto, branco, me chamou.
– Ei, você. – olhei pra trás – é você mesmo, vem cá.
Fui até o menino.
– Olha, eu sei que não nos conhecemos, mas eu te aconselho a não andar com o Ricardo.
– Ora, por quê?
– Ele não gosta nada de bolsistas.
– Mas eu nem sei se vou conseguir entrar aqui, como ele poderia me odiar?
– Apenas não fale com ele, se for estudar aqui. Inclusive, meu nome é Matheus.O menino sai correndo as escadas e me deixa ali com meus pensamentos.
– Pedro, PEDRO! Vamos, filho. Com quem você estava falando?
– Ah, com ninguém. Conseguiu resolver?
– Sim, você vai fazer a prova na terça e o resultado sai na outra semana.
– Ai, que bom. Ano que vem eu tenho certeza que vou conseguir estudar aqui.Ainda mais que eu percebi que aqui tinha um monte de aluno gato. – penso.
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O Contrário de Mim (romance gay) [EM ANDAMENTO]
RomancePedro é um menino tímido, estudante de escola pública que almeja um vida melhor pra ele e pra sua mãe. Ricardo é um menino extrovertido, sempre bem acompanhado e que já tem tudo de mão beijada (ou seja, rico). Uma festa de boa vindas do colégio muda...