Vinte e três. | Menos doloroso.

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noah urrea.

Minhas mãos estavam suando. Minha respiração estava ofegante e pareceu piorar quando a enfermeira bateu na porta do quarto de Sina e avisou que havia visita.

Ela murmurou um "pode entrar" e quando nossos olhares se encontraram, senti uma corrente elétrica percorrer meu corpo. Desde meus pés, até meu ultimo fio de cabelo.

Bom, acho que essa é hora em que eu me explico, certo?

Sempre fui amigo de Sina. Aliás, melhor amigo. Nós éramos inseparáveis, mas tinha uma única coisa que sempre nos atrapalhava. Joseph Deinert.

Joseph sempre foi muito protetor. Até demais.

E essa proteção, passou a ser algo agressivo, abusivo e tóxico. Ele não aceitava que Sina tinha um amigo homem.

Sina sempre foi muito linda. Seus olhos cinzas, como um dia nublado, cabelos loiros como raios solares, uma personalidade que encanta todos por onde ela passa e seu cheiro era doce. Sempre brinquei com Sina, dizendo que ela usava perfume de bebê.

- Hm, oi...

- Oi, Noah.

Fiquei olhando-a por alguns segundos, gravando cada detalhe de seu rosto. Vi que ela estava começando a ficar desconfortável, então decidi falar algo.

- Você está bem? - Merda, Noah. Que tipo de pergunta é essa? - Quer dizer, imagine que não, mas... Ah, que droga. - Suspirei. - Eu não consegui dormi durante a noite, porque precisava te explicar tudo.

- Não precisa explicar nada. Eu enchia o seu saco o tempo inteiro e quando você achou uma nova amizade, deu total atenção para ela. Eu já entendi e não te culpo por isso. Eu juro!

- Não! Não foi nada disso que aconteceu. - Me desesperei. - Essa história toda começou há uns 5 meses.

Flashback On.

- Não, não, não. Isso não está acontecendo. - Resmunguei, enquanto andava em círculos e puxava meus fios de cabelos.

- Falando sozinho, Jacob? - Lindsey apareceu no meu quarto, me dando um susto.

- Porra! Quase me mata do coração. - Me recuperei. - Que diabos você está fazendo aqui?

- Vim fazer uma visitinha para a minha família, não posso? - Fiz cara de tédio, pelo drama. - Por que você estava resmungando aí? - Apertei meus olhos e tomei coragem de falar em voz alta.

- Qual a chance de que eu esteja apaixonado pela minha melhor amiga? E qual a chance de não ser recíproco e eu acabar fazendo merda?

- 100% para a primeira pergunta e 0% para a segunda.

- O quê? - Abri os olhos.

- Oh, meu Deus... Por que o Senhor não me deu um irmão inteligente? - Dei o dedo do meio para ela. - Está mais que óbvio que Sina sente o mesmo, seu bobão. Ela sempre te olha com os olhos brilhando, é atenciosa com você e confia em você, mais que nela mesma.

- Sério mesmo? - Assentiu. - E o que eu faço?

- Compra umas flores e se declara para ela. - Torci o nariz pelo clichê. - POR FAVOR! Eu sempre quis viver um clichê desses. Pelo menos meu irmão tem que viver. - Suspirei, me deixando ser vencido.

[...]

Já na porta da casa de Sina, apertei o buquê de girassóis na minha mãos e toquei a campainha. Alguns segundos depois, a porta foi aberta e não era a pessoa que eu esperava.

- Que porra é essa? - Joseph perguntou indignado.

- A-Ah, olá senhor Deinert.

- Eu não quero ser preso por matar um moleque como você, então vou te dar dez segundos para sair daqui e dois dias para cortar qualquer tipo de contato com a Sina. - Falou como um rosnado. - E se você não fizer o que eu estou mandando, eu não vejo problemas em apertar minhas mãos em volta do seu pescoço.

Flashback Off.

- Eu fiquei com medo da ameaça dele, então tive que ser aquele... Aquele babaca com você. Eu não queria fazer isso, mas pensei que te tratar daquela forma faria você sentir raiva de mim. Talvez você me odiasse e eu achei que seria menos doloroso.

- Você estava enganado... - Murmurou.

Ficamos em silêncio por alguns poucos minutos, que duraram uma eternidade, até que eu tomei coragem para dizer.

- Demorei para entender que eu estava apaixonado pela minha melhor amiga, mas depois de alguns meses, vi que não tinha mais como negar. E eu não sei o que você sente e mesmo que sinta o mesmo, não quero que fique comigo, porque eu sei que você merece algo melhor. Você tem tudo que eu procuraria em uma pessoa, mas eu não tenho tudo que você merece. - Parei de falar para respirar. - Eu só precisava tirar isso das minhas costas.

Sina ficou estática por um tempo.

- Ahn, e-eu acho melhor eu ir... Fica bem, okay? Eu te amo, para sempre. - Falei, me afastando dela, sentindo um pedaço de mim ficando para trás.

- Noah. - Parei de andar e a olhei. - É recíproco... - Deu um sorrisinho envergonhado.

- Espere. Sério? - Ela assentiu. - Sério mesmo?

- Sim, seu besta.

- Ignore o que eu disse sobre você merecer alguém melhor. Quer dizer, você merece, claro, mas eu quero que você fique comigo. Eu prometo nunca mais te machucar. - Me sentei na ponta da cama do hospital.

- Oh, meu Deus. Por favor, me belisque. Eu acho que estou sonhando.

- Acho que posso fazer algo melhor do que te beliscar. - Sem deixá-la responder, avancei em sua boca e suspirei seus lábios grudados nos meus.

Segurei em seu rosto com força, e ela pôs as mãos no meu pescoço, arranhando minha nuca vez ou outra.

Invadi sua boca com minha língua e pensei que eu iria morrer, na hora que ela soltou um gemido baixo. Nossas línguas se tocaram e a partir daquele momento, eu já estava pronto para morrer.

Ela sentia o mesmo. Ela me amava. E dessa vez, nada nos impediria.
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muito cansativo 👎

𝗷𝘂𝘀𝘁 𝗳𝗿𝗶𝗲𝗻𝗱𝘀. ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora