Dois. | Faço qualquer coisa por você.

847 107 70
                                    




sina deinert.

Cá estou eu... Tendo que passar maquiagem nos roxos que tem no meu rosto e pescoço, novamente. Por mais que eu goste muito da família Urrea, quero evitar ter que responder perguntas sobre meus machucados.

Eram 2h da manhã e Noah já tinha me mandado mensagem dizendo que estava saindo de casa. Tínhamos que sair cedo para não correr risco de nos encontrarmos com meu pai.

Em menos de cinco minutos, ouvi alguns barulhinhos na minha janela. Era Noah jogando pedrinhas pequenas. Desci silenciosamente e tranquei a porta. Sorri de leve quando vi meu melhor amigo com o rosto amassado de sono.

- Desculpa por te fazer acordar tão cedo... - Pedi envergonhada.

- Está tudo bem, princesa. Faço qualquer coisa por você - Deu um beijo na minha testa e saiu com o carro devagarinho para não fazer barulho.

[...]

Depois de mais ou menos vinte minutos, chegamos na casa dos Urrea's. Entramos em sua residência, pisando fraco para não acordarmos ninguém. Fomos até o quarto de Noah e eu deixei minha mochila num canto.

- Vamos dormir mais um pouco? Ainda estou com sono - Noah riu e eu assenti.

Caminhei até um sofázinho que tinha no quarto dele. Ele me encarou com o semblante confuso.

- Onde você está indo? - Perguntou.

- An... Dormir? - Respondi.

- Para de graça, Si. Deita aqui comigo - Bateu a mão na sua cama e eu andei até lá, um pouco envergonhada.

- Não vai te incomodar? Eu não me importo em dormir no sof... - Ele me interrompeu.

- Por Deus, Sina, deita logo aqui - Ri baixinho e me deitei ao seu lado.

Noah me puxou pela cintura e me abraçou. Apoiei minha cabeça no seu peito e minha mente voou para longe, me fazendo pensar em coisas que eu não gostaria de imaginar.

Eu realmente mereço ser agredida todos os dias?

Será que Noah apenas é meu amigo por dó?

Quando o Noah encontrar alguém que ele goste, eu vou ser deixada de lado?

A resposta da última pergunta com certeza seria "sim".

Olhei de relance para o garoto ao meu lado e ele dormia como um anjinho. Meus olhos se encheram de lágrimas só de pensar em perdê-lo.

Isso não poderia acontecer. Nunca!

Uma tremedeira invadiu meu corpo e uma grande vontade de chorar também.

Saí da cama com cuidado e fui até o banheiro na esperança que eu conseguisse me acalmar, sem precisar o incomodar. Ele sempre me ajudou nas minhas crises, mas já estava na hora de eu saber fazer isso sozinha.

Me sentei no chão, abracei minhas pernas e tentei regular minha respiração.

Sendo franca... Não sei se tenho mais algum motivo para viver.

Meu pai me odeia, minha mãe nunca tenta o impedir de me machucar, e Noah...

Noah daqui a pouco encontra alguém melhor que eu — coisa que não é difícil de aparecer — e me esquece também.

Minha garganta começou a fechar e eu tentava puxar ar para os meus pulmões desesperadamente, e sem querer fiz mais barulho do que devia.

noah urrea.

Acordei de madrugada com alguns barulhos estranhos vindo do meu banheiro. Olhei para o meu lado e Si não estava aqui. Corri até o banheiro e tentei abrir a porta.

Estava trancada.

- Si! - Sem resposta. - Ei, princesa, sou eu, o Noah. Abre a porta para mim por favor. - Mais uma vez, só ouvi os barulhos que se pareciam soluços.

Comecei a procurar o molho de chaves reservas que eu tinha, até que finalmente as acho. Destranquei e abri a porta do banheiro e vi Sina encolhida em um canto. Corri até ela e a abracei. Seu corpo estava tremendo e seus soluços eram constantes.

- Ei, olha para mim - Ela olhou e eu segurei seu rosto com as duas mãos. - Está tudo bem, okay? Eu prometo que vou tentar te tirar desse inferno - Sussurrei.

- Eu p-preciso voltar para casa - Ela disse, se desvencilhando de mim.

- O quê?

- Não posso ficar aqui te dando trabalho, Noah. Você tem sua vida e não pode se prender apenas á mim, meus problemas e meus surtos... - Eu estava um pouco confuso com isso. - Eu estou sendo apenas um peso na sua vida. Você é um garoto legal, carinhoso e bonito, qualquer menina gostaria de ficar com você. Quando você encontrar alguém, eu vou acabar ficando só... - Deu um sorrisinho sem graça.

- Eu nunca vou te abandonar, princesa. Eu te amo demais para ser capaz de fazer algo assim.

- É só questão de tempo, Noah...

Não falei mais nada, apenas a envolvi num abraço apertado. Senti suas lágrimas molharem minha camiseta, mas isso não importava. Suas mãozinhas pequenas apertavam meu ombro e seu corpo começou a ficar molinho.

- Vem, vamos deitar - Fomos até minha cama, nos deitando e nos cobrimos. - Eu vou sempre estar aqui com você - Sussurrei. - E nunca mais diga que você é  um peso na minha vida, está me escutando? - Disse sério, enquanto fazia carinho em seus cabelo macio. Ela mexeu um pouco sua cabeça em confirmação.

- Eu te amo, Noah.

- Eu também te amo, princesa - Continuei fazendo cafuné em Sina, até ela adormecer.

Eu preciso dar um jeito de ajudá-la.

𝗷𝘂𝘀𝘁 𝗳𝗿𝗶𝗲𝗻𝗱𝘀. ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora