Doze. | Quer conversar com calma sobre algo?

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sina deinert.
duas semanas depois;

Por mais que eu quisesse (muito), eu não poderia matar aula. Respirei fundo e saí da cabine do banheiro, indo em direção da sala de aula.

Me sentei em uma das carteiras do fundo, abaixei minha cabeça, sentindo alguns pensamentos me levarem para longe.

A única coisa que eu temia, está acontecendo...

Eu estou virando a segunda opção de Noah.

Desde que Liana chegou, eu tenho ficado de lado, e não precisa ser muito inteligente para saber o que isso significa, não é mesmo?

Não culpo Liana por isso. Ela não tem culpa de ser mais interessante e menos problemática que eu.

Falando em problemas, por mais que eu esteja afastada de Noah, esses últimos dias estão sendo os melhores da minha vida. Papai ligou para mamãe dizendo que ficaria por mais umas semanas em Nova Iorque, "porque havia gostado do lugar".

Querem saber a verdade? Ele gostou das mulheres de lá.

Levei um susto ao sentir uma mão no meu ombro, mas logo senti aquele perfume inesquecível e pude saber que era Noah.

- Está tudo bem, princesa? - Confirmei, com a cabeça ainda baixa. - Eu te conheço, Si... O que houve?

- Dormi um pouco mal nessa noite - Dei uma desculpa esfarrapada, mais uma vez.

- Certeza? - Assenti. - Está bem... - Ele se sentou em sua carteira.

[...]

A aula passou estranhamente rápido e assim que o professor nos liberou, saí da sala. Não quero que eu saia como dramática, mas ver a pessoa mais importante da sua vida te trocar por outra garota que o conhece há duas semanas está longe de ser a coisa mais legal do mundo.

Cheguei em casa e estranhei ao ver minha mãe fazendo uma dança estranha ao som de Os Beatles. Sua alegria me contagiou e eu sorri observando a cena.

- Qual o motivo dessa felicidade? - Perguntei, assustando-a.

- Quer me matar do coração, menina? - Riu. - Não sei... Apenas acordei feliz hoje.

Aproveitando seu bom humor e pensei em tentar conversar com ela para nos livrarmos de Joseph Deinert.

- Então, aproveitando seu bom humor... Quer conversar com calma sobre algo? - Perguntei e ela assentiu, incerta.

[...]

- Sobre o que quer conversar? - Perguntou.

- Mãe... Olhe para nós. Nós estamos felizes, nos sentindo livre. Eu não estou mais com medo de andar pela minha própria casa, com medo de apanhar do papai por derrubar um copo. Você tem certeza que prefere viver vendo sua única filha apanhar todos os dias, do que denunciar ele para que possamos viver felizes? - Olhei em seus olhos, que já estavam cheios.

- Sina...

𝗷𝘂𝘀𝘁 𝗳𝗿𝗶𝗲𝗻𝗱𝘀. ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora