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"Narradora Pov"

- Ah.. mas isso me parece chato. Minha mãe disse que Sannie não pode dormir aqui, apenas assistir os filmes, e esses filmes me parecem sem graça, Yoda.

- Sim, você está certa, princesa. Eles são bem sem graça mesmo - Tzuyu suspirou sem muita ideia - O que você quer fazer então? Temos.. - olhou em seu relógio - Cinco horas até às dez, o horário que tenho que te colocar na cama.

- Mas por que tão cedo? - Sana criou um bico em seus lábios, sua Yoda sorriu e engatinhou até a garota, raspando o seu nariz no dela, tentando fazer sua Sana rir.

- Porque amanhã você tem aula, e tem um trabalho pra fazer, então precisa dormir cedo para acordar bem.

- Sana está com saudade de te ver na escola.

- Estou expulsa só por essa semana, irei voltar em breve. Alguém está mexendo com você?

- Não, Yoda - as duas sorriram - Quero contar para as minhas amigas que somos namoradas.

- Sobre isso.. - pela primeira vez, Tzuyu ficou tensa ao lado da menina, pigarreou e se arrumou sobre seus calcanhares para assim encarar melhor as órbitas claras de Sana, que a olhava esperando o término da frase - Acho melhor você não falar nada, ainda.

- Mas por que?

- Sannie.. ainda é muito cedo - era mentira, Tzuyu não iria revelar o verdadeiro motivo pelo o qual queria manter aquilo nas escondidas, soaria babaca demais.

- Mas eu queria falar.. elas são minhas amigas, e elas sabem guardar segredos.

- Pessoas não sabem guardar segredos.

- Sabem sim. Sannie sabe guardar segredos.

- Mas suas amigas não.

- Não fale assim das minhas amigas, Tzu. Elas são as melhores que eu tenho, talvez por elas serem as únicas.

- Eu sou sua amiga. E para as suas amigas, nós duas somos apenas isso, amigas. Entendeu?

Sana trancou a sua mandíbula, olhou no fundo dos olhos de Tzuyu e deu uma pequena assentida, se levantando da cama da menina e caminhando até a porta. Acho que a noite do pijama não estava mais tão alegre, nunca esteve. Sana começava a perceber que não teria o mesmo conto de fadas que imaginou sobre sua Tzuyu, talvez ela não fosse tão cavalheira assim como os príncipes, Sana estava errada. Percebeu aquilo.

Não errada, mas sim, com muitas expectativas em cima de alguém que já mostrara antes não ser capaz sobre a honestidade e socialização, era aquilo.

Tzuyu ainda tinha vergonha de Sana, seu corpo, na escola ela ainda era conhecida como a "leitão" apelido esse dado pela própria Tzuyu. Se não "leitão", "retardada", esse ganhado pela sua condição, por causa do seu autismo, apelido esse também dado por Tzuyu.

O que as pessoas falariam daquilo? A popular, a melhor nadadora, a mais linda, com uma gorda deficiente? Aquilo seria um colapso para a escola. E Sana sabia que Tzuyu não queria passar por aquilo, não queria perder o seu poder no reinado de vários adolescentes só para poder ficar com ela. Tzuyu nunca faria aquilo.

A pequena garota sentiu a lágrima escorrer por sua bochecha, esquentando a dor fria em saber que nunca seria assumida em um relacionamento, por vergonha. Seu coração estava chorando também, cada pedacinho decaindo, sendo quebrado enquanto ela deitava em sua cama e abraçava o seu travesseiro. Sana estava aprendendo um novo tipo de dor.

A dor do amor.

- Mas o amor não dói..

Sana sussurrou para si mesma, leu aquelas frases em vários livros de romances, suas amigas viviam dizendo aquilo para ela então por que o amor dela doía? Por que o seu amor a fazia chorar?

Não sabia se dizer quanto tempo havia passado, os seus soluços foram tantos que a fez perder a noção da atmosfera a sua volta, mas estava preste a pegar no sono, esse interrompido por batidas fracas na porta. Ainda achando que estava sonhando, Sana não se mexeu, então ouviu outras duas batidas, e teve sua certeza que aquilo não era um sonho de fato.

Abriu a porta e viu Tzuyu ali, mas o seu mais novo sentimento, esse qual ela não sabia qual era, ainda não nomeado e nem descoberto por ela, a fez fechar a porta, ou tentar, se não fosse pela mão de Tzuyu a impedindo de fazer aquilo.

- Eu sinto muito.. - a mais alta falou, parecia triste, com o olhar mais caído do que o normal, mas Sana não conseguia olhar para ela, ainda com resquícios do seu novo sentimento - Estou aprendendo a te amar aos poucos então, tenha um pouquinho de paciência comigo, está bem?

Magoa. Esse era o novo sentimento de Sana.

Que agora já havia virado um largo sorriso no rosto da pequena, que tentou a todo custo escondê-lo, sobre o pedido de desculpa da sua Yoda. Tzuyu a observou, respirando aliviada ao ver o sorriso da sua princesa em seus lábios novamente. Dessa vez, ela faria tudo certo, sem medo de nada.

- Vem, eu quero te mostrar uma coisa. Mas antes.. - curiosa, Sana deixou que Tzuyu vendasse os seus olhos com uma fita vermelha, segurou na mão de sua Yoda e deixou ser guiada até o fim do corredor.

Sana se assustou e riu assim que Tzuyu a pegou nos braços, para que descessem as escadas com mais cuidado. De volta ao solo, descalça, Sana sentia o tato sobre a sola do seu pé, dando um pulo ao sentir a grama sobre eles, Tzuyu soltou a sua mão e se pôs atrás de Sana, devagar, desfazendo o nó da pequena venda, podendo revelar o grande mistério.

A beira da piscina, havia uma grande toalha estendida, alguns travesseiros, velas, e piscas piscas entorno, em um tom amarelado, no mesmo tom da chama que as velas revelavam.

Sana piscou algumas vezes, será que estava sonhando? Não poderia estar, se estivesse, não queria acordar, não queria acordar e lembrar que a sua Yoda não queria levá-la a sério por vergonha.

Mas então se situou, quando Tzuyu tocou o seu ombro, ela percebeu que não estava sonhando e que aquilo, aqueles pequenos artefatos eram reais, inclusive o sorriso crescendo em seus lábios.

- Vamos fazer isso dar certo? Eu e você juntas, ok? Você pode falar pra qualquer pessoa que somos namoradas, porque é isso que somos - a pequena menina viu Tzuyu abrir uma caixinha, mas antes pode ler o nome "Prada" mais ao topo, dentro havia um colar, nele continha um pingente de borboleta, vivida, em ouro, ouro puro - A partir de hoje, Minatozaki Kim Sana, você é minha. Minha melhor amiga, minha namorada, apenas minha, e eu sou apenas sua.

- Eu estou sonhando? - perguntou, por via das dúvidas - Yoda do meu sonho, você pode por favor me beliscar?

- Você não está sonhando, minha princesa. Isso é real.

- Sonhos costumam pregar peças.

Tzuyu sabendo que Sana ficaria naquele transe de realidade ou não, a agarrou pela cintura com toda a sua força, podendo sentir o leve gosto da pasta de dente feita de menta ainda sobre o seu hálito, no momento que vasculhou sua boca com a sua língua faminta por mais da menina. Seu braço direito envolta de sua garota, sentindo as pontas dos dedos de Sana tocar seu maxilar subindo devagar até as suas bochechas, podendo ter a certeza que aquele sonho, era o mais real possível.

Um sonho completamente lúcido, aonde Sana beijava sua Tzuyu com toda a sua calma, aprendendo a andar devagar, sem a ajuda de mais ninguém, apenas com o leve toque das mãos de Tzuyu, Sana aprendia o que era vida, naquele exato momento e queria aprender mais, bem mais, ao lado de sua Yoda.

- Você aceita ser a minha namorada, Sana? - Tzuyu sussurrou, esperando a resposta da pequena menina, que só riu baixinho.

- Acho que não estou sonhando.

- Você ainda está nisso? Meu Deus, Sana-

- Eu aceito, Yoda. Sannie aceita ser sua namorada.

Não era apenas Sana que aprendia o que era a vida naquele momento, Tzuyu também aprendia a andar com ajuda da sua namorada.

Com a ajuda da sua Sana.

A Madrasta (Jenlisa - Satzu G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora