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"Lalisa Pov"

Acordei de um sono profundo, e com algumas dores sobre a região da minha barriga, esperei até me acostumar com a luz e vi Jennie ao meu lado, dormindo de uma forma desajeitada, mas ainda sim segurando a minha mão de uma forma que não soltaria tão cedo. Tentei me concentrar para lembrar de cada palavra nossa trocada antes, mas eu não consegui, eu sabia que estava bem pois não estava me sentindo estranha ao lado dela. Será que ela ficaria magoado caso eu perguntasse sobre o nosso assunto de antes?

Me remexi um pouco, murmurando de dor assim que tentei me sentar, Jennie no mesmo segundo acordou, deu um pulo de sua cadeira e me olhou, um pouco perdida, mas logo voltando a situação atual que nos encontrávamos.

- Você está com alguma dor? Quer alguma coisa? - perguntou, o seu cuidado aqueceu o meu coração fortemente.

- Não, eu estou bem, só com um pouco de dor. Cadê a Tzuyu?

- Foi levar Sana para casa e descansar um pouco.

- E por que você não foi junto? Deve estar cansada, que horas são?

- Eu não deixaria você sozinha, e agora são.. duas e trinta e seis da manhã.

- Pode ir pra casa, eu vou ficar bem aqui.

- Você pode me pedir quantas vezes quiser, não irei sair daqui, Lili.

Sorri ao lembrar do quão teimosa ela era em situações semelhantes, eu poderia ter certeza que sobre a nossa conversa, deveria ter saído algo bom dali, pois eu só conseguia sorrir ao vê-la, o ar pesado, o clima tenso, não existia mais, de qualquer forma, a minha barreira sobre ela estava sendo desfeita, bloco por bloco, demoradamente, mas estava se desavindo aos poucos, eu queria acreditar naquilo, eu queria acreditar nela, eu precisava acreditar nela.

Ela havia me chamado de Lili, o que já era um grande passo!

- Sabe - eu iniciei, segurando a sua mão - Eu sei que conversamos sobre algo antes do remédio ser aplicado em mim. Por favor, diga que eu não delirei, ou te tratei mau no meio dessa conversa - Jennie riu.

- Você não me tratou mau, Lisa. Não se preocupe.

- Falei algo que não devia? - a mulher mordeu os lábios e olhou um pouco para os lados, meu coração acelerou naquele instante - Falei, não é?

- Você.. falou que me amava. E eu quero acreditar que não foi um delírio..

"Nini.. não me deixe sozinha de novo.. por favor.. me deixe cuidar de você.. me deixe amar você.. mesmo eu já te amando.. deixe-me te amar, pra sempre, amor.."

As palavras brincaram em minha mente, cada uma delas, podia sentir a minha pele esquentar e a sensação de estar segura finalmente com ela ser real. Ela estava ali, depois de tudo, ela ainda continuava ali, mesmo com o meu desprezo, com a minha frieza, e o meu coração fechado sobre ela, Jennie ainda estava ao meu lado depois de tantas coisas, fazendo por mim, o que o meu próprio pai nunca fez e nunca se imaginou a fazer.

Era a Jennie que estava ao meu lado todos os segundos, mesmo que na maioria desses segundos tinham relações com um plano.. mas ela ainda estava ali.

"Você pode.. você pode me amar para sempre, eu irei te amar para sempre, meu amor.. isso é uma promessa."

Tínhamos uma promessa agora, e eu pouco me importava se era mais um dos seus planos sobre dinheiro ou algo assim, eu queria acreditar que era real, que o seu esforço era real, eu queria acreditar que ela me amava de verdade, eu queria fazer parte daquilo, da sua família, da sua vida. Eu queria ela.

"A nossa promessa"

- Eu nunca deliraria com tais palavras tão fortes e com tamanho significado, amor.

Respondi confiante, apertando a sua mão com o pouco de força que eu ainda tinha, os olhos de Jennie brilharam, por conta das lágrimas, e eu acho que os meus também, porque de tudo que aconteceu, a partir daquele momento eu só guardaria as coisas boas, e os aprendizados sobre o nosso amor, tão árduo, doloroso, e em um momento até mentiroso. Mas agora havia acabado, as suas mentiras, as minhas negações, as nossas lutas. Tudo havia acabado e finalmente estávamos livres, poderíamos nos amar da forma certa, da forma que eu tanto quis amá-la.

Ok acho que.. um passo de cada vez.

- Que bom que acordou, Lalisa, como se sente?

- Melhor do que antes - respondi ao médico, que assentiu.

- Bom como passado a sua mãe um pouco mais cedo, você terá uma lista de-

- Espera - o interrompi, com a testa completamente franzida - Mãe?

- Sua.. mãe? - então ele apontou para Jennie, que começou a rir, eu a acompanhei, tudo sobre aos olhos do médico que agora estava mais confuso que nós duas.

- Ela não é a minha mãe - falei calmamente, o corrigindo - Ela é a minha namorada.

Respondi fazendo o cara arregalar os olhos, e Jennie parar de rir freneticamente e engasgar com o ar, que se foda o tal "um passo de cada vez" ninguém sabe o dia de amanhã.

Olhei para a mulher que estava tão vermelha quanto um tomate, mas sorria timidamente, como se olhar para mim era um pouco difícil, Jennie envergonhada era a coisa mais linda do mundo.

- Ah, certo, certo. Me desculpe por tal erro. Como disse a sua, namorada, passarei uma lista de uma dieta que terá que seguir e ela ficou responsável sobre isso.

- Hum.. - Jennie murmurou olhando a tal lista - Brócolis, Lili.

- Puta merda, eu aceito qualquer coisa, menos brócolis! É sério. Se eu comer isso, eles criaram vida e farão uma rebelião em meu estômago, usando batatas fritas como espadas!

- Ela irá comer, doutor - Jennie explicou quando o médico começou a rir da minha conspiração.

Droga, a minha desculpa sobre rebeliões de brócolis não havia funcionado.

- Também foi indicado a sua passagem sobre um psicólogo, está bem com isso?

- Cara, serei obrigada a comer brócolis, o que é um psicólogo comparado a um brócolis!

- Certo, certo, ficará em observação por mais algumas horas, seu estômago está fraco, mas tente aceitar a comida que a enfermeira trará, só poderá sair daqui assim que comer algo. Venho ver você depois - então ele se virou e começou a rir - Rebeliões de brócolis, essa é nova.

- Nini, podemos tirar o brócolis da lista?

- Sem isso, senhorita, você irá seguir essa dieta da forma correta.

- Por que ela não acreditou na minha rebelião de brócolis? É real - cruzei os braços e franzi o cenho, criando um bico em meus lábios em pura negação.

- Eu acredito na sua rebelião, por isso não comerá batatas fritas, assim os brócolis não terão armas para lutar - tentei não sorrir, mas foi impossível, ela realmente acreditou em mim, e em toda a minha ficção.

- Podemos tirar só o brócolis e deixar as batatas fritas, o que acha? Assim não terá lutadores.

- Lalisa, para de querer me enrolar!

Eu gargalhei, mesmo fraca, me senti forte e bem novamente, tudo estava bem novamente.

A Madrasta (Jenlisa - Satzu G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora