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"Tzuyu"

As suas malas estavam feitas, e acho que o meu coração estava dentro delas, Sana ainda processava cada informação e eu entendia o porque da sua demora, o remédio que foi dado a ela naquele noite, estava deixando ela assim, sem qualquer reação. Ela não podia ir, ela não podia.. ela não podia me deixar..

- Jennie, ela não tem que sofrer pela as merdas que você fez! Deixa a sua filha ser feliz! Por favor! - eu ainda tentava negociar, perder Sana seria como perder a vida e o aprendizado sobre respirar.

- Eu não vou deixar ela pra trás.

- Tzuyu, é melhor assim.

- CALA A BOCA CARALHO! VOCÊ NÃO SABE O QUE É MELHOR OU NÃO! - gritei com Oliver o empurrando para trás - Você nunca sabe o que é melhor! Você não sabe nem mesmo escolher a porra de uma namorada descente! Você não serve pra porra nenhuma! JENNIE DEVERIA TER MATADO VOCÊ! NÃO FARIA DIFERENÇA ALGUMA NAS NOSSAS VIDAS!

Despejei cada sentimento obscuro que eu guardava por anos em cima dele, não me arrependendo de nenhuma palavra, sentindo meu corpo ferver, em uma febre alta e sem controle, me virei para Jennie novamente e respirei fundo, abaixei a guarda e tentei investir mais uma vez.

- Ela vai sair perdendo, Jennie. Não a leve embora.

- E a deixaria aqui? Com a menina que quase matou a minha filha duas vezes!

- QUAL É A PORRA DO SEU PROBLEMA?! - ela se assustou - ESTOU POUCO ME FODENDO PARA A SUA VIDA DE MERDA, SUA DOENTE MENTAL! MAS EU NÃO VOU DEIXAR QUE VOCÊ LEVE A MINHA NAMORADA!

- CALA A BOCA! - então eu me surpreendi quando Sana me empurrou, se colocando na frente da sua mãe - NUNCA MAIS GRITE COM A MINHA MÃE! VOCÊ ENTENDEU? NUNCA MAIS LEVANTE UM DEDO PARA ELA! NÃO A CHAME ASSIM! SUA IDIOTA!

Então eu falei as palavras, que carrego com dor, até hoje.

- É.. - assenti olhando para as duas - Talvez você seja doente mental igual a ela, e até pior. Talvez você seja mais louca que ela, Sana.

Despejei com toda a minha raiva, chutando a sua mala e subindo até o meu quarto. Presa demais as palavras para conseguir entender, fechei os olhos com força após a entender o que havia falado, tarde demais quando corri até a sala e percebi que.. Sana não estava mais lá.. ela tinha ido embora.. deixando em cima da mesa de centro o colar com o pingente de borboleta.

Eu o peguei em mãos assim que as minhas pernas fraquejaram e tive que sentar no sofá, minha garganta se fechou e as lágrimas chegaram como avalanches em meus olhos. A primeira e única menina que eu amei havia ido embora.. e eu não fiz nada para impedir.. absolutamente nada..

Céus quando finalmente.. finalmente havia conseguido achar a minha pequena felicidade, ela é arrancada de mim da forma mais bruta que poderia existir. A casa estava silenciosa, fria, doente, chorando assim como eu, seu quarto ainda com algumas coisas suas, coisas essas que eu guardei em uma caixa, com todo o meu cuidado, seus quadrinhos, seus bonequinhos, ursos de pelúcia, seus desenhos.. suas.. nossas fotos em um lindo mural feito a mão por nós duas..

Me sentei no chão do meu quarto e fiquei olhando a caixa, meu coração rasgou, sangrou e não mostrou que cicatrizaria tão cedo, os olhos doendo de tanto chorar. Eu havia perdido a minha felicidade naquele dia..

O sol apareceu, eu ainda chorava observando cada pequena coisinha que se ligava em Sana.. em sua risada, olhinhos brilhantes quando eu a chamava de princesa, sorriso tímido quando a beijava, rosto vermelho de pura vergonha quando eu a tocava, suspiros quando eu sussurrava o quanto a amava.. como era possível? Eu a amava tanto.. mais do que um dia eu pude amar a mim mesma.

Eu ainda tinha uma chance se tentasse.

Tomei um banho e peguei a minha mochila, bati freneticamente não porta de Lalisa, não havia visto ela des da noite passada.

- Anda, vamos pra escola! - chamei impaciente - Porra, Lalisa! Anda logo!

- VAI A MERDA! ME DEIXA SOZINHA PORRA! - ela gritou afobadamente, sua voz ainda estava carregada de lágrimas.

Respirei fundo e sai correndo até o carro, cuidaria da minha irmã depois.

Entrei no prédio e corri pelo os corredores, nada de Sana.. andei por todas as salas.. nada.. até que por fim abri a porta do segundo ano, a sua carteira.. estava vazia.

Eu havia perdido a minha Sana para sempre..

Passei o dia na ala de natação, cabulando todas as aulas possíveis, com o seu colar sobre meus dedos, passeando por seu pingente.. lembrando da gente, dela, puta merda eu não deveria ter falado aquilo..

O sinal tocou e eu saí, sem importância alguma, porém toda a vontade de viver apareceu quando a vi.. usava seu vestido florado favorito, tênis brancos e uma fitinha branca que prendia os seus fios em uma lindo rabo de cavalo.. Sana estava ali, com as suas amigas, e com um envelope nas mãos.

Esperei até que ela saísse e corri, corri até ela, minha vida dependendo cem por cento dela.

- Sana.. - chamei tocando o seu ombro, ela parou e me encarou, então eu não soube o que falar naquele segundo, além de ser uma completa babaca de novo - Você.. está bem?

- Por está perguntando? Não sou uma doente mental igual a minha mãe?

- Me desculpe.. por favor me desculpe.. eu não queria-

- Não queria o que exatamente? Falar aquilo? Me magoar? Eu deveria acreditar em você? Depois de tudo o que você fez antes de dar uma de namorada carinhosa? Eu deveria acreditar na menina que quase me matou duas vezes com os seus comentários? Ainda há muitas coisas pela a qual você deve pedir desculpas, Tzuyu, mas acho que agora é tarde demais.

- Não! Não é! E eu sei que ainda estou te devendo muitas desculpas! Mas eu estou tentando.. e eu já falei isso pra você, que estou tentando ser perfeita pra você, mas é difícil pois ainda sou aquela menina imatura que você conheceu, e a Tzuyu de agora briga todos os dias, o tempo todo com a Tzuyu babaca pra poder te dar o melhor, o melhor de mim, o melhor do meu coração. Essa luta me cansa um pouco, mas eu não desisto por você! Eu não desisto por nós então por favor.. não me deixe lutando sozinha.. não me deixe..

Segurei a sua cintura, e pude sentir ela tremer quando me aproximei, Sana fechou os olhos quando deixei nossos lábios se tocarem um pouco. Mas ela se afastou, assim que viu Jennie se aproximando, a mulher ainda distraída com o celular.

- Eu queria.. - Sana sussurrou, seus olhos adotando as lágrimas que tanto segurava - Mas eu vou embora, nesse fim de tarde. Minha mãe comprou passagens para França e estamos indo pra lá hoje.

- Não.. - Sana soluçou, mas se esforçou para dar um beijo em minha bochecha antes de se afastar - Não, princesa..

- Adeus, Yoda..

[...]

A Madrasta (Jenlisa - Satzu G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora