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"Jennie Pov"

Segurei o cartão dado a mim por Lisa com todo o cuidado do universo, a seguindo até o seu quarto enquanto a escutava falar animadamente sobre os seus troféus e medalhas, parecia uma criança, mostrando todos os seus desenhos rabiscados aos pais atenciosos, foi impossível não sorrir com aquilo.

Ela abriu a porta e me deu passagem, entrei e esperei que ela me guiasse, com delicadeza, coloquei o cartão em sua escrivaninha, essa mais ao lado da porta cheia de livros, cadernos e alguns lápis. Lisa me chamou, se posicionando em frente a uma prateleira, fiquei logo atrás dela, e esperei pela as apresentações.

A menina me falava sobre cada um, em que ano ganhou, em qual posicionamento jogou, como jogou, todos os gols, absolutamente tudo, e eu apenas a olhava, a olhava ate demais, suspirava até demais, sorria até demais.. seus pequenos olhos brilhavam igual as pérolas de seus dentes, em um sorriso largo, caloroso e cuidadoso.

Por que eu estava olhando tanto?

- Esse aqui nós ficamos em terceiro lugar. Não estava muito bem no dia, então.. não consegui prestar atenção no jogo.

- Por que não estava bem?

- Nesse dia estava se completando um ano da morte da minha mãe e.. acho que acabei me abalando mais do que eu devia - sua voz abaixou um pouco, junto aos seus olhos. Meu coração doeu. Segurei suas mãos e a fiz sentar na cama, acariciei a sua bochecha e respirei fundo.

- Me fale mais sobre ela, Lili. Me conte como era a sua mãe.

- Ah - ela deu um pequeno sorriso - Mamãe era tudo o que eu e Tzuyu tínhamos, era uma mistura de pai, mãe, irmã, amiga, em uma pessoa só, ao mesmo tempo que cuidava de nós como alguém superior, se divertia conosco e fazia a gente se sentir à vontade em contar tudo para ela, como uma verdadeira amiga. Ela era brava, tipo muito brava mesmo - Lisa riu - Mas acho que era por causa do nosso temperamento forte, Tzuyu e eu sempre estávamos aprontando pela casa, então era óbvio que mamãe ficaria brava com nós duas.

- Eu imagino o que ela passou, vocês duas até hoje são complicadas - brinquei, apertando a ponta do seu nariz.

- Mas ela era carinhosa, aquele tipo de mãe que não podíamos ralar um pouco o joelho e já ficava toda preocupada e até desesperada, era rude nos estudos, mas amorosa quando precisávamos de um ombro para chorar. Ela.. foi a melhor mãe que eu e Tzuyu poderíamos ter e.. eu espero que ela tenha orgulho de nós duas, aonde estiver, pois temos muito orgulho de falar que um dia, ela foi a nossa mãe.

Sorri, com os olhos cheios de lágrimas. Foi inevitável não trazer Lalisa para um abraço carinhoso, sem intenção alguma, podia ver que ela lutava para não chorar, e sabia que não chorava des da partida de sua mãe. Acariciei seus fios e beijei o topo da sua cabeça, segurando o seu rosto e vendo a região do seu nariz um pouco vermelho, ela ainda tentava lutar contra as suas lágrimas.

- Tenho certeza que ela tem muito orgulho de você, e de como está conseguindo seguir sem ela. Eu tenho muito orgulho de você, por ser tão única, e pode acreditar que aonde a sua mãe estiver, ela está sorrindo e feliz em ver que as suas filhas, agora, aos poucos, estão se tornando mulheres incríveis.

Sussurrei, podendo enxergar pequenas gotículas de água ser criadas em seus globos oculares, dei o meu melhor sorriso, o mais carinhoso e amoroso para ela, que retribuiu, fechando os olhos quando beijei sua testa levemente.

Talvez.. ainda desse tempo de voltar atrás com o plano..

- Está tudo bem.. você não precisa chorar, eu estou aqui..

- Obrigada - Lisa tentou falar, mas a sua voz estava falha - Por gostar de mim..

Senti como um rasgo em meu peito, a frase havia chegado em meus ouvidos da forma mais dolorosa possível, mas eu sorri, ainda consegui sorrir com aquilo, com a sua inocência e com a sua bondade leve e única. Me inclinei para beijar seus lábios, uma única lágrima escorria por seu olho esquerdo, essa a qual eu limpei com o meu dedão e desferi beijos por sua bochecha até que a sua dor se transformasse em minha dor, Lisa sorriu, segurou a minha cintura e deixou seus lábios grudados aos meus, se endireitando um pouco, segurando a minha bochecha sobre a sua palma aberta, com paixão e calor.

A Madrasta (Jenlisa - Satzu G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora