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"Tzuyu Pov"

O joguinho em meu celular estava interessante, mas não ao ponto de me prender e olhar ansiosa pelo os ônibus que chegavam e iam. Parei para pensar e desejei que aquela ansiedade toda sobre ter Sana de volta  não fosse saudade, mas a quem eu queira enganar? Era saudade.

Observei as pessoas descendo, e sorri animada me levantando quando Sana desceu também, mas.. ela parecia um pouco diferente. Não parecia animada ao me ver ou por estar de volta, estava pensativa e quieta, recusando até mesmo um beijo meu. Deveria me preocupar? Claro que sim.

- Hum.. que tal irmos tomar sorvete? Não adianta falar que não, pois sei que ama sorvete! - ela deu levemente de ombros e passou a caminhar em direção a sorveteira na rua de cima.

Eu a segui sobre o clima intenso, fazendo perguntas sobre seu dia, sobre o seu trabalho, suas amigas, mas ela não respondia, aquilo era impossível pois Sana era a menina mais tagarela que eu conhecia! E óbvio, eu amava aquilo nela, ouvir a sua voz e a sua conversa sobre qualquer banalidade, pra mim era melhor que uma ópera. Mas ela estava tão quieta.. não parecia com a minha Sana.

- Ok, princesa, o que você tem? - a fiz parar e se virar para mim - Você não estava assim quando saiu, mexeram com você? Falaram algo que você não gostou?

- Por que minhas amigas te chamam de galinha? - soltou de repente - Você está comigo só para se amostrar na escola? Ou por causa de alguma aposta? Porque as pessoas não mudam da noite para o dia, e você mudou comigo, assim, de repente.

Fiquei a encarando com um grande ponto de interrogação sobre meus olhos, tentando entender a analogia de seus pensamentos, claro, claro, a tal "analogia" tinha nome, nomes no caso. Sabia que as suas amigas colocariam coisas na cabeça de Sana, como não pensei nisso antes, e por alguns segundos odiei ter ficado com Nayeon, Momo, Jihyo, Dahyun e Jisoo, Sana tinha que ser amiga logo das cinco garotas que fiquei?

- Tzuyu - ela chamou, e eu já começava a odiar quando Sana me chamava daquela forma - Você me ama mesmo?

- É claro que sim! - reagi no mesmo segundo, com medo da onde aquela conversa chegaria, apavorada eu diria - Sana, tudo o que eu disse ontem, não foi forçado, ou apenas por conta do nosso clima! Eu quis dizer aquilo, está bem? Eu ensaiei no banho cada palavra para que não saísse desengonçado demais, mas ainda sim, tem toda a minha verdade, e se realmente você fizesse parte de uma aposta, hoje, nesse exato momento eu não estaria olhando na sua cara e nem tentando me explicar.

- Então por que elas... falam tudo isso de você?

- Antes de você chegar, eu tinha uma outra forma de viver, uma outra forma de tratar as pessoas, eu era uma idiota, você provou um pouco da Tzuyu babaca, você sabe do que eu estou falando. Não ligava para os sentimentos de ninguém pois estava magoada demais com tudo, tratava as garotas nas quais eu me relacionava como um lixo, uma pessoa sem importância depois de uma transa, e eu sei o quão nojento e escroto isso é! Pois depois que conheci você, percebi que isso não se faz a ninguém, ninguém merece passar por isso, ninguém no mundo merece ser usada como um objeto, você me ensinou e está me ensinando isso. Todos na escola me odeiam por esses fatos, e as suas amigas igualmente, elas falaram isso porque não quer ver você machucada, e porque se preocupam com você.

- Mas você não irá me machucar, certo?

- Não! Nunca mais, Sana! Eu sei que fiz tudo errado no começo, te tratei da pior forma que alguém poderia ser tratado, mas eu estou tentando provar a você, apenas para você que eu quero ser alguém melhor, por você. Quero ser alguém bom, por você. Quero ser a melhor namorada que um dia você já teve, mas eu ainda estou aprendendo com a sua ajuda, e se você não estiver ao meu lado, para me apoiar e para me guiar, isso será um pouco mais complicado. Eu só preciso que você me mostre, me mostre o caminho que devemos percorrer, que eu estarei logo atrás de você. E que me diga quando eu errar, que tentarei consertar de todas as formas, apenas para ser alguém melhor, para você.

Sana deixou o sorriso transparecer antes de me abraçar fortemente, eu sorri aliviada, a abraçando de volta, a envolvendo como um cobertor, aquecendo o seu corpo com os meus sentimentos e as minhas palavras completamente verdadeiras, nunca havia sido tão sincera com alguém, igual estava sendo com ela naquele segundo. E queria, pedia para os céus que ela acreditasse em cada palavra proferida, pois a honestidade nelas, em cada sílaba, era tudo o que poderia oferecer a ela naquele momento.

Além de pagar o seu sorvete claro.

- Eu realmente te amo, princesa, e vou te mostrar isso todos os dias.

- Sannie acredita em você, Yoda. Pois Sana também te ama, te ama todos os dias. E desculpe se te magoei com as minhas palavras, só.. estava tentando entender..

- Você não me magoou, nunca me magoaria mesmo se quisesse - sorri - Você é fofa demais para deixar alguém magoado. Agora me conte sobre o seu dia.

Pedi, pegando a sua mochila e entrelaçando as nossas mãos fortemente, enquanto escutava atentamente Sana falar sobre cada detalhe mágico pelo o qual passara naquela tarde de independência, agora sim era a Sana tagarela que eu conhecia. Me contou sobre o seu mais novo amor, Dalgom, o cachorro de Jisoo, e eu ri quando ela fez uma voz manhosa me mostrando a foto do pequeno dog em seu colo, ela estava tão feliz que foi impossível não sentir uma grande felicidade ao vê-la daquela forma.

Se eu soubesse que teríamos pouco tempo juntas, teria a feito sorrir mais..

- Sabe, eu conversei com a sua mãe hoje. Sobre nós duas - Sana me olhou - E..

- E? - incentivou - Fala, Tzu! - abaixei os olhos e tentei simular uma tristeza em meu semblante - Ah.. ela não.. aceitou? - perguntou, seu tom de voz completamente decepcionado - O que vamos fazer agora..?

- Eu não sei.. - sussurrei, mas não estava aguentando, queria rir, olhei para Sana que tinha lágrimas em cada órbita castanha clara, meu coração derreteu e eu sorri, com dó e mais amor ainda por aquela menina - É brincadeira! Estou brincando, Sannie! - pulei para perto dela e abracei, recebendo muitos tapas vindo dela.

- Sua boba! Não brinca com isso! - esbravejou enquanto eu gargalhava - Você é uma besta, Tzuyu. Sem graça.

- Me desculpe, princesa - pedi ainda em meio a risadas baixas, beijando e mordendo a sua bochecha - Ela aceitou nós duas, fácil até demais.

- Então não precisamos mais ser Bonnie e Clyde?

- Acho que não - sorri a observando tomar o seu sorvete.

Eu deveria ter lhe observado mais se soubesse o que aconteceria futuramente..

[...]

(Estamos chegando perto da tragédia.)

A Madrasta (Jenlisa - Satzu G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora