23° CAPÍTULO

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Acordei exausta. Nossa, como queria permanecer deitada em meio ao meu edredom grosso e macio. Tomei um banho quente, lavei minhas enormes madeixas e as sequei com o secador da tia Carla. Vesti-me e fui à cozinha para tomar café da manhã com a tia, como todos os dias.

Marcho até lá, mas não tem ninguém. Espero por alguns minutos, e tudo torna-se muito mais estranho, já que a tia acorda muito mais cedo que eu. Caminho até seu quarto e entro na pontinha dos pés.

— Bom dia, tia? Tia? — chamo, preocupada, enquanto me aproximo de sua cama.

— Oi! Bom dia, Theo! — responde ela com uma voz fraca e rouca, parecendo atordoada.

— Tá tudo bem? — pergunto, franzindo a testa, preocupada.

— Não! Acho que não estou bem pra ir trabalhar hoje! — Ela está envolvida em seu edredom preto, só com a cabeça de fora.

— Nossa, tia, a senhora está febril. Melhor ficar em casa mesmo! Chegando lá, eu mesma falo com o Fred! Fique em casa e peça pra Soll ou a Thame comprar um remédio pra senhora! — falo, enquanto ela parece já ter pegado no sono de exaustão. Coloco uma quantia na mesinha ao lado e saio na ponta dos pés.

Pego o ônibus sozinha, sigo novamente ansiosa só pra ver o Karlos à noite. Ah, que saudades daquele cheirinho. Sorrio sozinha, imaginando seu sorriso.

Caminho até o elevador, suspiro fundo quando saio. A sala do Fred parece trancada ainda. Tudo está em completo silêncio. Vejo o sol nascer claramente na janela enorme ao lado de minha mesa. Meus olhos se enchem de luz, uma luz única. Sinto-me confortável e em paz. Abraço meus antebraços e fico ali, suspirando fundo, quando sinto uma mão pesada em minha cintura.

— Bom dia — ouço uma voz familiar se aproximar de mim. Encaro e vejo o Fred parar ao meu lado e admirar a vista junto comigo.

— Ah! O-oi, bom dia, Fred! — ajeito meu casaco preto e dou um pequeno passo à frente, sorrindo constrangida.

— Nossa, nunca tinha visto o nascer do sol daqui de cima! — ele comenta, ficando lado a lado comigo, observando o céu.

— Sério isso? — questiono. — Você trabalha aqui todo dia, conhece todos os ângulos e nunca viu essa perfeição? Suponho que em sua sala deve ser mais bonito que aqui fora ainda! — olho para ele, sorrindo de canto, achando estranho.

— Bom! Nunca tive tempo de parar e olhar a natureza. Quer dizer, nunca fui muito fã dessas coisas. Para mim, é uma perda de tempo. Todo tempo é ouro. — ele coloca as mãos nos bolsos e eu o encaro séria, achando um absurdo.

— Nossa! A natureza é tão linda! Como não gostar? Você não sabe mesmo o que é mais importante, né? A natureza é linda, e temos sim que sempre ter um tempo para admirar. Toda essa perfeição renova nossas forças, faz nosso dia ficar ainda mais leve. — encaro sua face séria, ele me olha pensativo.

Cumprimento-o com a cabeça e caminho vagarosamente até minha mesa. Ele fica alguns segundos ali parado, observando, pensativo. Depois coça a nuca e caminha até sua sala, sorrindo meio sem graça. Onde já se viu, não achar a natureza fabulante. Lembro-me que tenho que avisar para ele que a tia Carla não vai vir. Levanto-me e caminho até a sala dele.

— Desculpe o incômodo, mas tia Carla não poderá vir hoje, pois se encontra doente! — falo com a cabeça dentro da sala.

— Você nunca incomoda! Tudo bem, espero que ela fique bem logo! — Ele se senta na cadeira. Estava de pé, olhando através das janelas enormes que tinha em sua sala. Estranhei ao ver aquela cena, mas ele disfarça ao me ver chamar.

— Com sua licença. — Pego a maçaneta e puxo, caminhando de volta à mesa.

A semana toda foi assim, um cansaço atrás do outro! Só estava feliz porque o Karlos realizou o sonho dele, e claro, estava muito feliz por ele e por fazer parte disso.

Casei Com O Meu Cunhado (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora