Capítulo 6

318 35 0
                                    

— E então, como foi o encontro com o príncipe? — Isabela perguntou se arrastando no sofá para perto de mim.

Olhei ao nosso redor e, ao constatar que nenhum selecionada presente na sala prestava atenção em nós, desatei a falar.

— A gente só correu — contei uma meia verdade.

— Vocês correram? — ela perguntou incrédula.

Assenti.

— Sim, ele me convidou para uma corrida. Foi divertido, para ser sincera.

Ocultei qualquer coisa que se relacionasse a aposta e o beijo. Se dependesse de mim, ninguém saberia sobre isso.

— Acho que se fosse comigo, eu ficaria decepcionada — Isabela admitiu.

Claro, pois o que combinava com ela eram piqueniques românticos e passeios ao luar. Já quando Jun olhava para mim, eu tinha certeza que imaginava os encontros menos românticos do mundo, como uma corrida.

— Tenho certeza de que ele não fará isso com a senhorita — afirmei com convicção.

Isabela sorriu contente, como se minhas palavras fossem o suficiente para que isso nunca viesse a acontecer.

Ouvimos a porta da sala das selecionadas ser aberta em um estrondo, e Anika entrar com um sorriso convencido enquanto Aisha e Thorsa davam gritinhos animados.

— O que aconteceu? — Isabela perguntou às garotas.

Foi Thorsa quem contou as novidades.

— O príncipe Jun beijou a Anika!

Era perceptível que a única realmente feliz lá era Anika, que foi a sortuda da vez. Todas as outras a olhavam com inveja, até mesmo Isabela.

— Quando isso aconteceu? — Izzy voltou a questionar.

— Ontem, quando ele a acompanhou de volta para o quarto após o jantar — Thorsa explicou.

Então, além de almoçar com ela, ele a acompanhou no final do jantar e a beijou.

Revirei os olhos.

Jun era mesmo o mulherengo de que ouvi falar. Não esperou nem um dia do nosso beijo, e já foi atrás de outra selecionada.

O resto da conversa foi sobre como era o beijo de Jun, o que eu já sabia de cada detalhe sem precisar que Anika contasse.

Outras selecionadas acabaram se aproximando para ouvir a história, e Anika parecia ficar com o ego cada vez mais inflado. Daqui a pouco alguém teria que segurá-la no chão, ou ela sairia voando.

Levantei do sofá.

— Vou para a biblioteca — falei para Isabela, que apenas acenou com a mão me dispensando.

Todas ainda estavam focadas demais no que Anika tinha para dizer sobre o príncipe.

Saí de lá sem que ninguém prestasse atenção em mim, e fui para o lugar que vinha sendo meu refúgio desde que cheguei em Jales.

A biblioteca estava silenciosa como sempre, demonstrando que poucas pessoas apareciam lá.

No centro, onde ficavam as mesas de estudos, encontrei alguém que, para ser sincera, não me surpreendi de estar lá.

— Senhor Mattia — falei me aproximando.

Mattia estava debruçado sobre um livro, usando um óculos de grau quase na ponta do nariz. As mangas de sua camisa social estavam arregaçadas até os cotovelos. Ele sorriu cansado quando me viu.

Ela não é PrincesaOnde histórias criam vida. Descubra agora