Capítulo 19

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Também não compareci ao café da manhã e almoço no dia seguinte. Era vergonhoso de admitir, mas dormi até às duas da tarde, quando meu estômago começou a roncar de fome e finalmente aceitei a comida que Nadja levou para mim.

A criada me contou que o príncipe apareceu de manhã, mas que novamente eu estava dormindo e ele não quis atrapalhar.

— Ele até mesmo sugeriu que eu a levasse para a enfermaria — Nadja comentou, estava sentada na minha cama segurando um prato de sopa em minha frente enquanto eu comia o conteúdo dele. — Porque não me conta o que está acontecendo?

Suspirei.

— Juro que não é nada demais — menti — só estou cansada. Acho que meu corpo precisa de um pouco de repouso.

— A senhorita deveria mesmo parar de fazer tantas caminhadas pelo jardim.

Eu dei uma fraca risada.

— Eu sei, mas é tão bom.

Quase todos os dias eu dava uma volta pelos caminhos do jardim. Era um passatempo relaxante, e me ajudava a pensar. Às vezes Isabela, Arabel ou até mesmo Mattia me acompanhavam, mas normalmente eu ia sozinha mesmo.

— Bom ou não, faz pouco tempo que a senhorita se recuperou de um resfriado forte. Deveria se cuidar mais — me repreendeu.

Não tinha como discutir com Nadja quando o assunto era saúde.

— Tudo bem — me rendi, tomando uma colherada de sopa — Vou encurtar meus passeios pelo jardim. Melhor assim?

A mulher assentiu, satisfeita.

Terminei de tomar a sopa, que aliás estava deliciosa, e Nadja colocou o prato sobre a bandeja na penteadeira, a pegando.

— Vou deixar isso aqui na cozinha, volto rápido — se despediu, saindo do quarto e me deixando sozinha lá.

Peguei um livro da mesa de cabeceira e o abri na página que eu parei da última vez que o li.

Estava virando o papel quando ouvi batidas na porta.

— Não pode ser Nadja — murmurei me levantando.

Caminhei em passos lentos até a porta e finalmente a abri, revelando um Jun com semblante preocupado e uma xícara com um líquido fumegante na mão.

— Alteza? — questionei.

Jun me olhou de cima a baixo, e suspirou aliviado quando constatou que eu estava bem.

— Finalmente a peguei acordada. Posso entrar?

Engoli em seco.

Eu não queria vê-lo, e muito menos falar com ele, mas não tinha muita opção agora que ele estava na minha frente e claramente preocupado.

— Claro — abri mais a porta e me afastei, deixando que o príncipe entrasse no quarto.

Fechei a porta atrás de mim e acompanhei Jun até o centro do quarto. Me sentei na cama, enquanto o príncipe continuou em pé.

— Vim ver se a senhorita está bem — falou o óbvio.

— Isso é para mim?

Ele me olhou intrigado, mas então olhou para baixo, finalmente entendendo.

— Ah, sim. É sim. Pedi na cozinha que preparassem um chá para a senhorita — disse me estendendo a xícara.

Agradeci e peguei ela, dando um longo gole no líquido avermelhado. Estava adoçado com um pouco de mel, e tinha gosto de frutas vermelhas. Era muito bom.

Ela não é PrincesaOnde histórias criam vida. Descubra agora