Capítulo 22

270 34 57
                                    

No outro dia, acordei dolorida, mas melhor do que antes.

Eu fui a última a levantar, o que descobri ao descer para o café da manhã e encontrar Mattia e os guardar já comendo.

Cumprimentei a todos e me sentei na mesa do secretário, que estava sozinho.

— Bom dia — ele disse contente, o humor muito melhor do que ontem — Dormiu bem?

— Sim — sorri — a cama daqui é me confortável.

— Tinha que ser, é mil jars a diária.

Arregalei os olhos.

— Mil jars?!

O secretário riu.

— Achou mesmo que Jun nos colocaria em um hotel de beira de estrada? Ele poderia ter alugado todos os quartos se quisesse.

Eu poderia ser filha de um duque, mas a verdade é que nunca abusara de seu dinheiro. Ele não comprava coisas caras para mim, e nem me dava uma mesada.

— Ainda assim... — sussurrei.

Uma mulher com o uniforme do hotel apareceu e me serviu uma xícara de café com leite. Ela também colocou alguns salgados e doces na mesa. Eu agradeci antes que se afastasse.

— Eu não quero nem saber quanto custa essa xícara de café — declarei antes de tomar um grande gole. Mattia riu, se divertindo.

Enchi bem o estômago antes de me dar por satisfeita, pois sabia que a viagem seria longa.

Quando todos terminaram de comer, combinamos de nos encontrar em vinte minutos na frente do hotel e então partimos em direção ao aeroporto. Me surpreendi ao descobrir que eles vieram com um dos jatos particulares da família real. Mattia me explicou que era mais rápido do que pegar um avião comercial, e de fato era, pois chegamos em Soto bem antes do que eu imaginava.

De volta à estrada, fomos de carro até uma casa mais afastada do centro da cidade. Ela parecia mais um chalé de verão. Era rodeada por árvores e tinha um lago a alguns metros de distância. A construção de madeira se contrastava com as compridas janelas de vidro, dando um ar de modernidade ao chalé.

Desci do carro e parei na frente da construção, a admirando. Nem percebi que Mattia veio ao meu lado.

— É linda, não é?

Concordei.

Nunca vira uma casa tão bonita em toda minha vida.

— Eles vêm muito para cá? Digo, a família real.

Mattia demorou um pouco para responder.

— Antigamente, sim. Eu costumava passar os verões com Jun aqui — falou com um ar nostálgico. Ele devia ter muitas histórias para contar sobre esse lugar. — Mas nos últimos dois ou três anos todos começaram a ficar mais atarefados, e a casa foi sendo deixada de lado.

— É uma pena. Esse lugar é maravilhoso.

Mattia sorriu.

— É porque você ainda não viu ela por dentro.

Acompanhei ele para dentro do chalé, curiosa para saber o que ele queria dizer com aquilo. Assim que entrei, minha boca se escancarou.

O lugar tinha um conceito aberto. Na entrada, ficava a cozinha, com móveis sob medida feitos de madeira de lei, e subindo um degrau à esquerda, ficava a sala de estar, com uma parede de vidro deixando entrar toda a claridade possível. Mais ao fundo, uma porta levava ao que deveria ser o banheiro social, e ao lado duas portas de correr feitas de vidro davam para um deque de madeira com uma churrasqueira e móveis de treliça. Uma escada em espiral no canto esquerdo subia para o segundo andar.

Ela não é PrincesaOnde histórias criam vida. Descubra agora