Capítulo 21

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Doria tratou meus ferimentos e me ajudou a deitar na cama.

Ela chorava como eu nunca vira antes, e pediu desculpas sem parar. Não era culpa dela.

— Por favor, Doria. Pare de chorar — implorei — Você não poderia ter feito nada.

Ninguém tinha coragem de encarar o duque de Crestel, pois conhecia as consequências disso.

— Você não deveria passar por isso, senhorita — ela choramingou, deslizando a mão com cuidado por meu cabelo

E quem deveria? Tive vontade de perguntar, mas me contive.

Tentei me ajeitar na cama, mas acabei fazendo uma careta pela dor que me atingiu.

— Precisa de alguma coisa?

Pensei por alguns segundos.

— Pode me trazer uma água?

Doria concordou com a cabeça e se levantou para ir pegar um copo, mas eu a detive.

— Ah, ahn... A senhora poderia me emprestar seu celular por alguns minutos? Eu queria ver o que estão dizendo na internet sobre minha saída.

A criada me encarou pensando se isso seria uma boa ideia ou não, e eu forcei minha melhor cara de inocente para ela acreditar. No fim, funcionou.

— Tudo bem — ela falou tirando o aparelho de seu avental e me entregou. — Eu já volto com sua água, senhorita.

— Obrigada — murmurei, observando enquanto ela deixava meu quarto e fechava a porta.

Afastei as cobertas de cima das minhas pernas e, com um pouco de dificuldade e muita calma, levantei da cama. Fui me arrastando até a minha cômoda e abri a primeira gaveta, onde ficavam minhas roupas íntimas. Revirei um pouco os tecidos até encontrar o que eu procurava. Peguei o pequeno pedaço de papel e voltei a sentar na minha cama.

Estava intacto como quando eu o escondi lá, apenas um pouco amassado em uma das pontas, mas o nome e o número de celular estavam inteiros.

Desbloqueei o celular de Doria e digitei com cuidado cada número para não errar.

Com o celular no ouvido, fiquei escutando o toque do celular. Quando achei que iria cair na caixa postal, alguém finalmente atendeu a outra linha.

— Alô?

As lágrimas saíram de meus olhos no mesmo segundo.

— Eu preciso de ajuda — choraminguei.

**

Era noite quando escutei gritos vindos do lado de fora da casa.

Fui com dificuldade até a janela do meu quarto para espiar.

Um carro preto com a bandeira da família real estava parado na entrada da mansão, mas não havia ninguém por perto.

Calcei meus sapatos e fui até minha porta, apenas para constatar que estava trancada.

Suspirei frustrada.

Os gritos começaram a ficar mais altos, mais próximos. Eu até mesmo conseguia distinguir as palavras.

— Não podem invadir minha casa dessa forma. Eu sou um duque!

— Viemos em nome da família real de Jales, senhor. Podemos entrar onde bem entendermos — uma voz masculina respondeu. Eu a conhecia.

Era Mattia.

Um alívio imediato tomou meu peito, quase me fazendo cair no chão.

Há algumas horas eu havia ligado para Mattia e implorado que me ajudasse a sair daqui. Ele prometeu que viria o mais rápido possível, e que era para eu aguentar firme.

Ela não é PrincesaOnde histórias criam vida. Descubra agora