Capítulo 20

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Aviso de gatilho: esse capítulo contém cenas de violência doméstica.

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— Não acredito que a senhorita vai mesmo embora. Mal tivemos tempo de nos conhecer melhor — Arabel protestou, voltando a me abraçar.

Eu tinha chamado Isabela e Arabel em meu quarto para contar que estava indo embora. As duas não pareciam aceitar muito bem a informação.

— Tem certeza de que quer mesmo fazer isso, Neva? — Isabela perguntou preocupada.

Ela não sabia de tudo que aconteceu entre Jun e eu, por isso era fácil mentir.

— Sim, tenho. Desde o início eu sabia que essa Seleção não era para mim.

Apertei uma mão de cada uma, sorrindo.

— Eu estou bem, juro. Estou contente em voltar para casa.

Se mentir matasse, eu já estava enterrada a muito tempo.

Desde que Jun saiu de meu quarto a mais de uma hora, eu estava tentando evitar pensar na minha casa. Voltar para aquela rotina me dava calafrios só de imaginar, mas era o certo a se fazer. Quando a seleção acabasse, aquele seria meu destino de qualquer forma.

— Já avisou meu irmão — Arabel perguntou agora mais calma.

Neguei.

— Eu estava pensando em ir no escritório dele — admiti.

Arabel concordou.

— É uma boa ideia.

Olhei para baixo.

Eu usava um vestido azul celeste curto até os joelhos. Era um dos mais elaborados e bonitos que já usei. Depois que contei para Nadja da minha saída da Seleção, ela disse que me mandaria para casa como uma princesa. Bem, eu estava realmente parecendo uma.

— É melhor eu me apressar, meu avião sai em duas horas.

As duas se levantaram de minha cama.

— Certo — Isabela disse ainda triste — Posso ao menos acompanhá-la até o carro quando for a hora?

Eu sorri.

— É claro que sim, Izzy.

Ela sorriu ao me ouvir usar seu apelido.

— Eu também quero.

— As duas vão comigo até a porta do carro, ok?

Elas acenaram, concordando.

Me despedi de Isabela e Arabel por hora para ir falar com Mattia. Quando bati na porta de seu escritório, sua voz abafada disse que eu poderia entrar.

Girei a maçaneta e coloquei a cabeça para dentro do cômodo.

— Posso entrar?

Mattia estava sentado em sua escrivaninha com o óculos na ponta do nariz e uma caneta na mão. Ele sorriu ao me ver.

— Claro.

Contente, sentei em uma das cadeiras de frente para sua mesa.

— Algum problema? — quis saber.

— Estou indo embora — declarei sem mais nem menos.

Ele não pareceu entender.

— Indo... embora?

— Do palácio, da Seleção. Estou voltando para casa — expliquei.

— Mas, mas você e Jun... — ele ficou sem fala.

Ela não é PrincesaOnde histórias criam vida. Descubra agora