Jardim verdejante do Rei dos sonhos

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Vagando em minhas memórias, no subsolo de minha mente. No canto mais profundo da alma eu diria.

Lá habita uma imensidão de cores e sinfonia, uma calmaria, uma tristeza, uma paixão, uma chama de fúria e também saudades.

A orquestra é esplêndida, pode ser ouvida a qualquer minuto, basta focar na memória de menino, basta olhar pela janela, veja! Lá também habita está música fenomenal. Um pássaro parado no fio elétrico, veja como tudo está ligado, este momento é um presente.

Não seja tolo, observe a natureza com olhos regados de esperança, pois nela está tua salvação, ela que vai te tirar desse estado de transe que o teu dia a dia de robô te traz.

Ah sim, está vida está te matando, eu sei. Ela te consome, tira tudo de você, te deixa cinza para combinar com o horizonte negro. Teu tempo está acabando e você continua preso, no final, não saberás mais o que és. Uma quimera bestial, sem coração, sem nome.

Pois eu te digo, aproveite o máximo agora, tudo está sumindo, a diversão acabou, resta apenas luxúria. César ja foi esquecido, Alexandre nem pó restou, quem dirá Antonino, Augusto ou Constantino. Tudo não passa de palavras agora, a grandeza está no momento, na concepção do tempo, na utilização do mesmo, faça-te grandioso, honre teu tempo, viva de fato, desperte desse pesadelo latente.

Tua faculdade condutora te guia para aquilo que nasceu, porém, tu tolo que és foge do que lhe é direito, como todas as outras ovelhas. Amontoadas em seus palácios frios de pedra e melancolia.
Então volte para aquilo que é bom, pare e sinta o momento, absorva o máximo de informação sensorial que puder, respire, sinta o ar gelado passando pelo teu pulmão, sinta o vento refrescante por todo teu corpo, sinta teus músculos a cada passo que da, veja que maravilha os raios dourados refletindo esmeralda nas verdes gramas, escute o som das árvores a balançar com a gentil ventania.
Veja como esse mundo é maravilhoso, como tudo pode te trazer paz, felicidade e amor.
Porém, tu, homem, pervertido e nefasto, corrompido pela ganância e o gosto do poder, destrói essa maravilha que nos foi dado pelo Deus pai. Destrói teu próprio destino e arrasa teus filhos.

Miséria e cinzas é teu futuro, ó criatura medonha e ignóbil, teus filhos hão de devorar uns aos outros no que sobrou dos teus restos. O destino já foi traçado, não há volta, não mais. Entretanto ainda tem o presente para desfrutar, aproveite... Aproveite, eu lhe repito, contempla esta musa que é florida hoje.
Afinal, o tempo é curto, a morte mora ao lado.

Devaneios Obscuros e Outras ReflexõesOnde histórias criam vida. Descubra agora