O Campo Vindouro do Sossego. V2

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No campo vindouro, o incêndio cessa, 

E a calmaria almejada então se expressa, 

A poeira baixa, a tranquilidade invade, 

Em mim, é novo, preciso dela me apropriar.


Meu coração já não grita, silêncio enfim,

 Minha mente não se torce, ódio chega ao fim, 

Nada me aflige, meu Eu menino se desfaz,

 E surge um ser altivo, firme, em paz.


Não mais me banho nas trevas profundas, 

No abismo do nada, não me escondo em suas fundas, 

Resta-me a luz, acaricia-me com seus raios dourados, 

Seca minhas lágrimas, pensamentos renovados.


Contemplação agora é minha sina,

Busco beleza até na parede, divina, 

Pois o belo traz um toque do Divino em seu ser, 

Atrai-me, encanta-me, me faz renascer.


O ciclo recomeça, acordar, adormecer,

 Nada novo, sem irritação a me surpreender, 

Sem murmúrios, sem lamentação, 

Sem dor, sem amor, estático, na imensidão.


Meu refúgio é o passado que guardo no peito, 

Campos floridos, resplendor perfeito, 

Pássaros cantando no céu a voar, 

Árvores dançando ao vento, a vida a celebrar.


Contemplo, uno com o todo, seguindo o fluxo, 

Tudo se entrelaça, é o destino que conduzo, 

Contra ele ir, antinatural e doloroso será,

 Amor fati, abraço a natureza, é o meu guiar.


Enfrentar a labuta com dignidade é meu lema,

Descansar em paz, final de um poema, 

No campo vindouro, o sossego encontro,

Na união com todas as coisas, meu conforto.

Devaneios Obscuros e Outras ReflexõesOnde histórias criam vida. Descubra agora