Breve desolação

33 2 0
                                    


            Acabado, vocês diriam, destruído, vocês deduziram, sim, esforços desumanos para ficar de pé. um ciclo sem fim de luta, passos largos encharcados de sangue, caminhada árdua até algum lugar que me foge à memória... por quê?

            Já não sei dizer, por que eu sangro, por que sigo, perdido, vagando feito andarilho, minha dor exala tristeza e raiva, minha solidão é o reflexo deste mundo distorcido, cansado e maculado.

            Andando de mãos vazias e mente cheia de pesar, tu não me é estranho, porém, não somos da mesma espécie, eu sou o ladino da noite e o paladino do dia, ciclo sem fim, guerra sem paz, incansável busca pela justiça. Ledo engano o meu, pensar que emana dos homens tal dádiva oriunda do Divino, a luz já está ofuscada a muito tempo, pervertida em ilusões na fumaça que sobe sobre meu corpo putrefato, as moscas rodeiam meu sorriso sarcástico de dor, aflição é o nome do meu cão, sempre fiel, sempre companheiro, que lambe o sangue que escorre dos dedos.

            Não existem mais a raça dos homens, apenas quimeras demoníacas, moral distorcida para lhe apunhalar, o verdadeiro mal à espreita.

            Mulheres de rosto mascarado, semblante infantil, macabro fingimento, súcubos infalíveis, a missão é lhe seduzir, te desviar da rota, lhe fazer esquecer do teu caminho, não se deixe enganar pelo mel em seus lábios escarlates, maldito veneno este que lhe verteram as lagrimas, desce queimando a carne e desfigurando o rosto, que outrora fora rosto de menino.

            Tu deves bramir tua espada contra esta malfeitoria, esta dor que lhe consome é apenas mais um desafio, não es digno da honra e da gloria? Do sangue e das tripas? Do que tens medo, se tu já não tens mais nada?

                                                                                             . . . 

Devaneios Obscuros e Outras ReflexõesOnde histórias criam vida. Descubra agora