Doce grilhão

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Teu olhar, uma chama que queima e cega,

Teus lábios, veneno que desejo provar,

Mas em teu peito de fel, minha alma esfrega

As feridas que o amor insiste em sangrar.


Teu toque, ora suave, ora lâmina cruel,

Me prende em correntes de seda e espinho.

Entre flores e abismos, sou réu fiel

De um amor que me queima, mas é meu caminho.


Fiz de ti minha luz e meu cativeiro,

Te resgatei do inferno, mas em ti me perco.

Tua sombra me envolve num laço traiçoeiro,

E mesmo ao sofrer, teu nome em mim ainda cerco.


E quando a fúria em teus olhos arde,

Sou teu mártir, teu servo, teu pobre refém.

Mas, em tua ausência, o peito desguarnece,

Pois sou um escravo do vazio também.


Ah, se um dia outro peito te acolher,

E encontrar em teus gritos a paz que eu não tive,

Será minha ruína, meu triste viver,

Saber que em outros braços teu fogo revive.


Mas sigo, exausto, por amor e tormento,

No doce cárcere que escolhi por razão.

Ser homem é arcar com tal sentimento,

Mesmo que a dor consuma meu coração.

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⏰ Última atualização: Oct 17 ⏰

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