Teu olhar, uma chama que queima e cega,
Teus lábios, veneno que desejo provar,
Mas em teu peito de fel, minha alma esfrega
As feridas que o amor insiste em sangrar.
Teu toque, ora suave, ora lâmina cruel,
Me prende em correntes de seda e espinho.
Entre flores e abismos, sou réu fiel
De um amor que me queima, mas é meu caminho.
Fiz de ti minha luz e meu cativeiro,
Te resgatei do inferno, mas em ti me perco.
Tua sombra me envolve num laço traiçoeiro,
E mesmo ao sofrer, teu nome em mim ainda cerco.
E quando a fúria em teus olhos arde,
Sou teu mártir, teu servo, teu pobre refém.
Mas, em tua ausência, o peito desguarnece,
Pois sou um escravo do vazio também.
Ah, se um dia outro peito te acolher,
E encontrar em teus gritos a paz que eu não tive,
Será minha ruína, meu triste viver,
Saber que em outros braços teu fogo revive.
Mas sigo, exausto, por amor e tormento,
No doce cárcere que escolhi por razão.
Ser homem é arcar com tal sentimento,
Mesmo que a dor consuma meu coração.
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Devaneios Obscuros e Outras Reflexões
PoetryEm 'Devaneios Obscuros e Outras Reflexões', o autor mergulha nas profundezas da alma humana, explorando os cantos mais sombrios e os recantos mais introspectivos da mente. Com uma prosa poética cativante e poderosa, cada texto deste livro é uma jorn...