O ardor da caça abatida.

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Meus beijos silenciosos hão de perseguir tua mente, e na escuridão tu irá clamar meu nome, de joelhos a suspirar, do meu amor tu hás de lamentar.

Na escuridão do teu quarto, tu segue o meu rastro, como um rato sou caçado, tuas garras esfolam minha carne, meu corte aberto, jorrando sangue fervente como minha paixão, tu lambe minhas feridas com ar libidinoso, teus olhos macabros me fitam a delirar.

O calor dos teus lábios nos meus, me leva a loucura, meu cérebro se contorce em prazer, e dor, e da agonia tu se alimenta, como um cão roendo um osso, cujo mesmo, é o meu, minha pele fina entre seus dentes, meu sangue em teus lábios, e tu em meus braços, maldita paixão, sob o luar, a debruçar.

Teu peito palpita ante minha presença, teus dedos trêmulos me procuram, nossos olhos se encontram e se namoram. A noite é longa, o amante é vigoroso, e tu está indefesa, sob minha vaidade vai se entregar, porém, sei que vais me trair, então vá antes que meu sangue esfrie.

Na ilusão da tua carne, tua alma me seduz pra depois largar-me na sarjeta.

De volta ao cotidiano, perpétua solidão, vagando com os coiotes e os corvos da noite, perdido e perturbado.

Perene é a dor, solitude inviolável, a caça acabou, o sangue esfriou... O vinho foi posto a mesa, porém somente os amantes podem beber sem que os dentes apodreçam.

Nós, os infortunados nos deleitamos com o bom e velho gin, fundido nas lágrimas dos azarados, amarga paixão, perpétua solidão.

Devaneios Obscuros e Outras ReflexõesOnde histórias criam vida. Descubra agora