O Errante sem Remissão

12 1 0
                                    

Distante do mel, tão próximo do sangue,
Onde o sabor é amargo, e o aroma é exangue.
Longe da verde relva, à beira do negro abismo,
Onde o silêncio impera, e o tempo é cisma.

Feridas abertas, carne apodrecendo,
No teatro cruel da vida, sofrendo e vendo.
Cicatrizes ornamentais, marcas do passado,
Histórias gravadas na pele, em cada traço revelado.

Sorriso apagado, como uma estrela sem brilho,
Nas noites solitárias, um eco de murmúrio.
Peito vazio, coração distante,
Em busca de amor, em uma jornada constante.

Versos sagrados, nas páginas do tempo,
Cada palavra escrita, um lamento.
Amores passados, como folhas ao vento,
Memórias enterradas, em um túmulo lento.

Paixões furtivas, como o crepúsculo encantado,
Nos becos secretos, onde o desejo é o fado.
Vinho adocicado, para afogar as mágoas,
Em taças vazias, noite após noite, nas águas rasas.

Poeta solitário, na penumbra dos versos,
Escrevendo sua alma, em versos dispersos.
Lábios ressecados, pela sede de emoção,
Na busca incessante, pela essência da paixão.

No abismo da existência, o poeta caminha,
Com sua pena e papel, cria sua própria trilha.
Distante do mel, tão próximo do sangue,
Em busca da luz, em um mundo que é desafio e descompasso.

Devaneios Obscuros e Outras ReflexõesOnde histórias criam vida. Descubra agora