Se Afogando em sentimentos

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(Narradora)

           Embarcação a bordo, bagagem preenchida por fios e mais fios explosivos, cronômetros prontos para serem ativados apenas com um toque, a equipe de Rodrigues segue viagem com destino a ilha onde uma menina corre perigo, com essa vingança irrelevante do passado de seu pai.

            À postos, os homens seguem a todo vapor em alto-mar. O bico do barco parece partir a água ao meio por onde passa, deixando pequenas ondas pelo caminho. O céu azul contagia os homens a sua missão, estão seguros e determinados a colocar aquela ilha abaixo, sendo totalmente engolida pelo oceano.

.....
           
(Na ilha)

—Isso é incrível, vó! — Ellie gargalhava com as histórias narradas por sua avó. Finalmente a menina se sente segura, perto de alguém que lhe transmite paz. Por ela, escutaria aquelas histórias o dia inteiro...a faz lembrar de sua mãe, se sentindo muito bem, costurando sua ferida que nem mesmo ela sabia que tinha escancarada no peito.

—Uau, que corajosa! — Vinnie a acompanha, sente que ouvir aquelas palavras o faz ficar próximo de Ellie, sentindo cada sensação que aquelas histórias transmitem em seu coração.

—É mesmo, Naiara sempre foi uma criança bem corajosa. — A vó sorria, respirando fundo em deixar finalmente aqueles fatos irem embora de seu peito e se acomodarem no coração recém preenchido de sua neta.

          Sua avó deixa escapar algumas tosses secas, parece rasgarem sua garganta. Sua mão tenta acalmar o peito, sentindo cada batimento do seu coração, que agora, a senhora teve certeza de que está enfraquecido.

—Vó?? — Ellie se preocupa.

—Eu estou bem, querida. — A senhora continua sorrindo, com os olhos entreabertos.

—Quer que eu busque as folhas para fazer um chá? vai lhe fazer bem, senhora. — Vinnie sugere, tendo total certeza do que diz.

        Vinnie se levanta do banco feito do tronco da madeira, onde se acomodou um tempo atrás. O menino com sua audição já atenta a todo momento, sente que alguém se aproxima, marcando seus passos nas folhas secas do chão.

—Paradinho ai! — Dois homens armados se aproximam, Vinnie recua, se colocando na frente das duas.

—Você vem com a gente. — Um dos homens sem paciência diz rapidamente para Vinnie, mirando sua arma na direção das meninas. 

—Quem são vocês? — O loiro aflito questiona, ainda se posicionando a frente.

—Não interessa, porra! Seus pais estão esperando, anda.

—Meus...pais??? — Vinnie abaixa a guarda, quando o assunto é "seus pais", o menino amolece por duvidar deles a cada dia que passa. Poderia confiar nas pessoas que lhe trouxeram ao mundo?! Acho que não.

—Vinnie?! — Ellie sussurra.

          Ao ver que o menino perde sua postura por alguns segundos, um dos homens puxa o braço tatuado de Vinnie pra si, brutalmente. O loiro por impulso se debate, alarmando a atenção dos dois homens desta vez. Por um mísero descuido, ao sentir Vinnie lutar contra sua força, um dos homens desliza seu dedo imundo no gatilho destravado da arma, não tendo a noção da força que largou em seu polegar.

           Um tiro é disparado, Ellie pisca forte os olhos por reflexo ao alto barulho que a bala faz ao sair do tubo. A menina analisa tudo que sentia naquele momento, sua respiração ofegante, seu coração querendo sair do peito a cada batimento, mas por sorte, não sentiu nenhuma dor nos segundos seguintes.

365 dias na Ilha - Vinnie Hacker Onde histórias criam vida. Descubra agora