Obsessão

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(Ellie)

            A chuva cai lá fora, o som confortante dos respingos no telhado são como se estivesse ouvindo uma música bem calma. Me encontro observando as gotas no vidro da janela, a rapidez que elas percorrem até a mármore, se esparramando e formando uma só.

              Seguro uma caneca de chocolate quente, aquecendo meus dedos gelados de segundos atrás. O cheiro invade minhas narinas, o aroma do cacau é delicioso. Aproximo o objeto branco até meu nariz, automaticamente deixando escapar uma respiração profunda, fazendo subir a quentura da bebida atingir meu rosto.

                Avani permanece sentada a minha frente com as pernas cruzadas, usando um pijama azul repleto de bolinhas brancas. Ela também segura uma caneca, mas diferente de mim que apreciava o cheiro do cacau, ela consumia longos goles da bebida quente, sujando um pouco a cima de seu lábio superior.

—Então... — Digo calmamente, observando a menina secar a sujeira de seu rosto com as mãos. —Por qual motivo voltou a cidade?

               Seu chocolate quente parece bem mais interessante que a minha pergunta.

—Minha mãe tinha algumas contas não resolvidas por aqui, então voltamos. — Ela finalmente responde, sem olhar nos meus olhos.

—Tipo o que? — Perguntei erguendo uma das sobrancelhas. 

—Nossa mas que cara insuportá-

               Mãe de Avani invade o quarto sem nem sequer bater na porta, parecia reclamar de alguém, mas logo me viu junto a sua filha e não terminou a frase. A mulher parada na porta permanece segurando a maçaneta, analisando minha presença.

—Ah oi...meninas! — Ela parece me encarar confusa com alguma coisa.

—Oi mãe! — Avani sorri simpática, sem tirar os olhos da bebida.

—Oi! — Disse em tom baixo, logo leva a bebida até minha boca, dando um curto gole, sentindo o líquido aquecer minha garganta.

—Você é... — A mulher força a vista quase fechando os olhos por completo, focando seu olhar totalmente a mim. —Ellie Gonzalez?

—Ah...sou? — Falei confusa. A forma que ela disse meu nome como se fosse um crime ser a "Ellie Gonzalez", me deixou totalmente desconfortável.

                A mulher segurou o riso por míseros segundos, gerando uma careta com isso. Sem sucesso de segurar por muito tempo, ela começou a gargalhar. Eu sou algum tipo de piada??!

—Ai meu Deus! — Ela coloca a mão no peito, recuperando o fôlego da risada. —Sabia que o Rodrigues está contando pra todas as máfias que conseguiu matar a famosa "Ellie", ele até vai fazer uma festa, fomos convidadas Avani.

               Não acreditei no que havia acabado de ouvir, esse cara é maluco ao ponto de fazer uma PUTA FESTA, em comemoração a minha "morte"!!!!! Pelo menos passou pela minha cabeça o alívio de que ele não iria mais me perseguir se pensasse que eu estaria morta.

—Não vai contar pra ele...vai? — Perguntei aflita, me referindo a mãe da Avani.

—Claro que não, eu odeio aquele cara! Quero ir nessa festa e ver a cara dele de troxa.

—Relaxa amiga, você vai ficar segura. Precisa voltar pro seu pai, vamos nessa festa cuidar pra ele nem desconfiar que você está viva. — Avani mostra que está do meu lado, o que me conforta.

—Cara, seu pai é um dos melhores chefes de máfia! Já trabalhei com ele, é um parceiro que sempre pensa em todos. Estarei ao lado dele sempre, então conte comigo pra fugir disso. — A mulher na porta diz, me fazendo sorrir um pouco.

365 dias na Ilha - Vinnie Hacker Onde histórias criam vida. Descubra agora