Expedição escolar

51.5K 2.8K 5.8K
                                    

É manhã de sábado, dia de expedição escolar.
Eu estou me organizando e planejando essa viagem a meses, como a verdadeira paranóica que eu sou. Fiz uma lista no meu celular para não esquecer de absolutamente nada e não me esqueci de conferir diversas vezes.

Acordei bem cedinho pra não me atrasar. Levantei da cama em um pulo e fui até meu banheiro, peguei minha escova de dente, na cor vermelha, e a pasta que estava no bem finalzinho, dando uma exprimida com o cabo da escova de dente.

Mas a lerda deixou a pasta sair do tubo e cair toda na pia. Ignorei e peguei a pasta da pia com a escova outra vez, arrastando seus fios por toda cerâmica.

            Após escovar os dentes, coloquei uma calça jeans com um blusão qualquer, por fim colocando um tênis branco nos pés. No cabelo, eu amarrei um rabo de cavalo, bem no alto deixando alguns fios soltos. Desci correndo as escadas com minha mochila na mão, quase que tropeçando e estragando o meu dia.

—Filha! O café da manhã. — Minha mãe grita da cozinha.

—Não estou com fome, mãe! Obrigada.

              Abri a mochila e fui conferindo as coisas...Protetor solar, apenas a parte de cima do biquíni, um short, repelente, e por fim barras de cereal.

No final decidi colocar a parte de baixo do biquíni por garantia, nunca se sabe quando meu corpo decidir ficar bom de repente.

—Filha, não acha que está sendo paranóica demais?Já conferiu essa mochila várias vezes ontem a noite.

—Não! Precisa estar tudo perfeito, mãe. — Digo fechando o zíper da mochila.

—Aqui, sua bolsa de mão. — Minha mãe me entregou uma bolsa, nela há primeiros socorros e alguns medicamentos pra dor de cabeça e enjoo, pois ela sabe exatamente que fico enjoadas em viagens longas.

—Isso! Era isso que faltava, obrigada mãe. — Abracei bem forte seu corpo, apoiando meu queixo em seu ombro e respirando tão fundo que senti as batidas lentas de seu coração.

Logo ouvi a buzina do ônibus lá fora, me fazendo separar nosso abraço e eu voltar pra correria.

—Chegou! Tchau mãe. — Peguei minha mochila e a bolsa, saindo correndo até a porta, mandando um beijo de longe pra minha mãe antes de sair.

Fechei a porta de casa com pressa, correndo até o ônibus que começa a abrir suas portas para minha passagem.

—Bom dia, senhor Roberto. — Digo sorridente. Sou amiga do motorista do ônibus escolar, já que não tenho muitos amigos pra conversar, eu falo com ele o tempo inteiro.

—Bom dia, Ellie. — Ele sorri de volta.

         Entrei no ônibus e caminhei até os bancos para me sentar, ignorando todos que me encaravam do mesmo jeito estranho que olham todos os dias na escola. Eles me odeiam e eu retribuo com mais ódio, não suporto nenhum deles.

—Olha só quem veio, Ellie! Chega aí, garota. — Ouço alguém gritar no fundo do ônibus.

—Não, obrigada. — Falei baixinho, revirando os olhos.

—Trouxe a bolsinha de primeiros socorros? Oh que fofa. — Todos riam, eu apenas ignorei e sentei em um dos bancos do ônibus, colocando a mochila na meu colo e a bolsa de mão próximo aos meus pés.

         Logo o ônibus entrou em movimento, e eu peguei meu fone de ouvido, pra ignorar por completo todos aqueles idiotas da minha turma, é como vestir uma capa e me tornar invisível pro resto do mundo, permanecendo apenas eu e música.

365 dias na Ilha - Vinnie Hacker Onde histórias criam vida. Descubra agora