Raposa Branca

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— Devo te avisar sobre o que te espera quando chegar, Jimin. — Namjoon o segurou na conversa por mais um tempo, fechando o pergaminho antes aberto sobre a mesa. — Tem uma besta em torno do seu último templo.

— Um fantasma? — Perguntou, pegando o pergaminho fechado que lhe foi dado.

— Uhm. — Namjoon negou com a cabeça. — Já deixou de ser fantasma há muito tempo.

— Ele não deve ser perigoso assim, se ninguém ainda o tirou de lá.

— Ele é: todos que enviamos para enfrentá-lo perderam miseravelmente até que desistimos.

— Eh? — Jimin sentiu a própria bochecha se contorcer num espasmo. — Espera, espera, eu não estou em condições de lidar com isso, vocês estão me mandando pra lá pra morrer, é isso...?

— É sua última chance de retomar suas forças, Jimin. — Namjoon suspirou. — Uma vez que seu último templo desapareça, você também definhará: não queremos que isso aconteça sem que você possa fazer nada, a besta que existe lá é um risco, mas que você tem o direito de correr.

De fato, o Deus esquecido corria riscos de uma forma ou de outra, por isso decidiu descer e ver por si mesmo aquela besta, o que quer que ela fosse.

— Bom... — Murmurou, coçando uma têmpora com a ponta do dedo. — Eu realmente não esperava por isso.

Era uma raposa branca, linda, com uma pelagem grossa em torno do pescoço: quando acordou ela estava postada sob o portal do templo, com dois coelhos mortos ao seu lado e a mandíbula manchada de sangue deixando claro que os havia cassado a pouco.

— Você trouxe pra mim? — Chegou perto, se agachando e pousando uma mão entre as orelhas felpudas. — É muita consideração da sua parte.

O animal aceitou o carinho, fechando os olhinhos e baixando um pouco a cabeça, em sinal de completo servilismo. Era algum tipo de espírito bem poderoso, sim, conseguia sentir sua presença sob aquela forma reprimida, mas não havia hostilidade nenhuma ali, muito pelo contrário.

— Que tal eu preparar isso pra nós dois? — Pegou os coelhos e se levantou, subindo a escada de pedra. — Venha, não seja tímido. — O viu parado ali à frente dos degraus, estatístico. — Sei que você também está com fome.

A raposa soltou o ar sonoramente pelo focinho marrom, virando o rosto pro outro lado. Jimin franziu o cenho. "Ele não atravessa o portal por quê? Está velho demais pra repelir fantasmas, que dirá um demônio."

— Está tudo bem, pode vir. — Voltou um degrau, estendendo a mão. — Não se preocupe, eu não poderia te exorcizar nem se quisesse, além do mais... — Sorriu. — Eu não gosto de ficar sozinho.

Aquele último argumento pareceu convincente o suficiente, já que a raposa pôs uma das patas no primeiro degrau de pedra, e então saltou pra cima.

— Isso, isso, bom garoto... — Jimin o recompensou com mais uma carícia no topo da cabeça antes de voltar a andar pelo pátio sujo do templo com a raposa no seu encalço.

"Resolvi um problema", foi o que pensou, planejando reportar isso mais tarde, mas Jungkook bateu no seu templo por volta do meio dia, e seu julgamento foi absoluto:

— Isso é inaceitável. — Bateu com o copo de chá na pobre mesa de madeira. — Vossa Alteza, Seja razoável: não pode simplesmente tratar uma entidade maligna de tal hierarquia como um animal doméstico.

— Mas ele é uma gracinha, não? — Coçou a têmpora, sorrindo sem jeito. — Além do mais ele é dócil, veja. — Acariciou a cabeça da raposa, sentada sobre as patas traseiras do seu lado, rosnando baixinho pro oficial celeste. — Aqui, dê a pata. — Pediu, estendendo a mão, ao que o animal pôs a pata sobre sua palma prontamente. — Viu?

O'Sake - VminOnde histórias criam vida. Descubra agora