O'Sake - Vmin

Convite do Deus Dragão

— Tae!

Taehyung piscou os olhos, sentindo as pálpebras pesadas: a visão turva ganhando nitidez lentamente.

— Taetae!... — era Jimin, o chamando enquanto chacoalhava seu peito com uma expressão preocupada no belo rosto: definitivamente não combinava com ele. — Taehyung! Você acordou...você está bem?

— Mh... — ergue o torso, segurando a testa numa das mãos. — Sim, eu estou bem... — mentiu: sua cabeça estava doendo como como se uma viga de madeira tivesse despencado sobre ela e suas juntas rígidas como os próprios ossos. — ...então não faça essa cara.

— Tae... — Os olhos castanhos claros do deus brilharam em lágrimas. — Está doendo sim, não está? Deve ser efeito colateral do incenso...me desculpa!...

— Shii... não, não chore. — aproximou seu rosto com uma mão na sua nuca, recolhendo suas lágrimas a beijos castos. — Se sabe que estou assim, então seu corpo...

— Ah, eu estou bem. — se apressou em dizer, fechando os olhos quando Taehyung passou os lábios de leve pelos seus cílios molhados. — Já estava sentindo dor antes, então... — Fungou. — Mas eu estou preocupado com você, além de que...

— "que..."? — Taehyung incentivou a continuar, segurando seu rosto erguido pelo queixo antes que pudesse baixar o olhar.

— O que eu fiz...foi...um pouco invasivo. — suas maçãs do rosto coraram. — Muito, na verdade. — estava envergonhado, talvez até arrependido. — Me desculpa.

— Tudo bem. — Taehyung sorriu de lado. Até tinha lhe passado pela cabeça ficar bravo por Jimin ter forçado a entrada nas suas memórias, mas como poderia? — Você é tão teimoso quanto insistente, eu já estou acostumado. — Beliscou o biquinho que ele estava fazendo. — Só não faça de novo.

— Mh. — Prometeu que sim, passando os braços em torno do seu peito num abraço. — Né, Tae, se era daquilo... que você estava com vergonha, então agora...

— Não só daquilo. — Taehyung disse logo, sabendo antes mesmo que ele pudesse terminar. — Não precisa insistir em saber do passado: eu não me importo, já te disse isso.

— Mas eu me importo. — Disse, sentindo os dedos longos lhe afagando os cabelos. — Por que só não pode me contar?

— Jimin... — Continuou sentindo a textura macia dos cabelos dourados nas mãos, deitando a testa num dos ombros da divindade abraçada a ele. — Não nego que quando me dei conta de que você não se lembrava de mim fiquei chateado e confuso, mas logo percebi o quanto sua condição é uma benção. — Disse, num tom baixo e calmo, para que Jimin entendesse. — Eu...tenho medo, do que pode acontecer se você recuperar as suas memórias desses dias, tenho mais medo ainda agora que confirmei que você pensa da mesma forma que pensava naquela época.

— Tae... — sentiu os braços longos descendo pelas suas costas e enlaçando num abraço apertado.

— Te ouvir dizendo aquilo pra mim, no sonho... foi um alívio, ao mesmo tempo que me deixa preocupado. — o apertou contra o peito mais e mais, como se fosse possível o pôr mais junto de si do que já estavam. — Não quero que se sinta culpado por não se lembrar de mim, mas também não quero que certas coisas... — ele engoliu em seco: sua voz tensa e cheia de angústia como Jimin nunca tinha ouvido. — ...não quero que certas coisas se repitam.

— Eu não consigo não me sentir culpado. — Retrucou mesmo assim. — Nós tivemos uma história juntos, não me lembrar dela é doloroso demais, bem mais pra você que pra mim.

— Eu posso suportar. — Taehyung esfregou as orelhas no seu pescoço. — Você pode me conhecer de novo, se apaixonar de novo, e me amar de novo; foi você quem me ensinou que recomeçar no futuro é sempre possível, e eu creio nisso.