O'Sake - Vmin

Incensário de Pedra Jade

— Lorde das Nove Caudas. — A familiar do Deus Dragão cumprimentou o rei demônio animadamente, mesmo com toda a formalidade. — Faz muito tempo.

— É bom te ver de novo. — Taehyung saudou de volta, com um sorriso simpático.

Otohime estava na sua forma humana, linda, em cada detalhe; dava pra entender seu título de princesa. Seus longos cabelos negros soltos, caindo lisos em torno do rosto redondo e de orientais traçados; seu corpo pequeno, mas de uma mulher madura, elegantemente coberto em trages tradicionais finos, em negro azulado e verde escuro.

— Alteza dos Prazeres. — Ela reverenciou Jimin em seguida. — Eu o esperei por muito tempo.

— Esteve me esperando? — Jimin não conseguiu deixar de perguntar, curioso, ao que a princesa lhe devolveu um olar amigável, piscando os olhinhos negros lentamente.

— Eu sempre espero que os desapegados retornem para buscar o que esqueceram.

— Você está mesmo com as memórias do Jimin? — Taehyung perguntou logo, vendo os olhos de Jimin se abrirem numa surpresa contida.

— A Majestade Despreocupada as deixou sob meus cuidados: sempre estive pronta para as devolver. — Otohime fala tranquila e calmamente, mas mesmo sua fala elegante e pausada causou um forte impacto no Deus do Sake.

— Eu... deixei...?... — Jimin falou num fio de voz, devastado por dentro. — Eu deixei minhas memórias com você...?

O Deus Dragão olhava de Jimin pra sua familiar e vice-versa; Taehyung respirou fundo, fechando os olhos por um instante, obviamente não passando pela melhor da emoções tão pouco: o clima pesado se estabeleceu quase que definitivamente, algo que a divindade do Oceano não aceitava dentro do seu salão em nenhuma hipótese, então sua familiar deu um jeto rapidamente.

— Milorde, não tome conclusões baseadas na sua perspectiva apenas. — Ela disse a Taehyung. — E Majestade, não seja duro consigo mesmo; tão logo reviva seus anos perdidos, e tudo será entendido. Por que não me acompanha, para que isso seja resolvido? — Fez um sinal com a mão, para que Jimin seguisse ao seu lado para fora do salão.

— Tae... — O Deus da Boa Sorte se virou pro seu familiar com olhos chorosos. Taehyung sorriu, estendendo a mão para limpar com o polegar uma lágrima que estava escapando.

— Vá... você quer essas lembranças de volta, não quer?

— Uhm. — Murmurou, engolindo o choro e indo com a familiar do Deus Dragão, que sorriu pra ele gentilmente. O rei raposa ficou olhando ele se afastar; abriu a boca uma vez, hesitou, então olhou pro amigo dragão, que fez um movimento com sua enorme cabeça, o incentivando a falar.

— Jimin. — Chamou, finalmente. A familiar e Jimin olharam pra trás. — Eu... eu nunca deixei de amar você... só... saiba disso.

"O que foi que eu fiz?", era no que Jimin não conseguia parar de pensar repetidamente enquanto acompanhava Otohime por um corredor até um quarto. "O que foi que aconteceu? O que foi que eu fiz?"

— Sente-se, Majestade. — Ela apontou com a mão aberta uma almofada grande sobre o tapete daquele quarto pequeno: sim, bem pequeno, Jimin conseguiu reparar, mesmo no estado de de choque em que estava; tinha apenas duas almofadas no chão, com um pequeno espaço entre elas, e as quatro paredes eram revestidas de estantes, todas cheias com caixas de todo tipo ou algum objeto oco em que se pudesse guardar algo dentro. Otohime nem perdeu tempo em procurar: sabendo a exata localização do que queria, estendeu as mãos diretamente para um incensário, o tirando da estante, se sentando na outra almofada e o colocando no espaço entre ela e Jimin.