Rei da Montanha Gelada

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Quando Jimin abriu os olhos ainda não podia ver claramente, mas já estava se sentindo bem melhor: Taehyung estava deitado consigo, com as mãos espalmadas no seu peito e o torso encostado às suas costas, dividindo o próprio fluxo de energia, refazendo seus tecidos internos e fazendo o sangue circular fluido. Desde antigamente, se não fosse por Taehyung, Jimin já teria perdido aquele corpo físico por descuido há muito tempo.

— Tae... — Ele chamou fracamente, tentando girar nos seus braços, mas o outro o impediu, apertando-o com firmeza.

— Fique quieto. — Pediu; a respiração na sua nuca fazendo Jimin estremecer de leve. — Você ainda está muito frágil por dentro.

— Eu só... — Tentou argumentar, mas desistiu. Realmente estava muito fraco, fraco como antes de Taehyung se tornar seu familiar, com a energia divina quase que completamente perdida. Talvez fosse por conta daquele sentimento de culpa, de não ser merecedor daquele título: Taehyung provou isso pra ele, que deuses realmente são só espíritos de pura infantilidade e orgulho, brincando de serem adorados e importantes. — Como você morreu, Tae...? Por que não fez a passagem?

— Eu não quis fazer. — Disse, simplesmente, mas Jimin continuou insistindo.

— Sua sombra no reino fantasma evoluiu rápido assim pra se tornar um demônio? O que aconteceu com você? Que sentimentos te prenderam aqui?

Taehyung suspirou profundamente. O que ele poderia dizer, se pra Jimin não era assim tão óbvio? "Eu me matei por ter sido abandonado por você, por isso cheguei ao reino fantasma já como maldição e depois disso o esforço pra me tornar um demônio foi intencional"? O que diria? Que "no começo eu dei trabalho por pura diversão, me tornei um fantasma e um demônio assassino até me dar conta de que seus templos e fiéis estavam sumindo, e senti medo de te perder de novo"?

— Você... — Não estava pronto pra dizer nada daquilo, além de que Jimin ficaria em pedaços, mais do que já estava: um Deus que sempre priorizava o rito de passagem dos seus fiéis, saber que foi sua culpa ele ter se tornado um demônio... Ele definharia. — ...não...não está feliz? Por eu estar aqui agora?

A voz grave de repente rouca e manhosa no seu ouvido fez Jimin corar fortemente.

— Eu amo você... então é claro que estou feliz. — Taehyung o apertou mais contra o peito, roçando a ponta do nariz pelo lado do seu rosto, fazendo os cabelos brancos escorrerem pelo seu pescoço. — ...mas eu me sinto culpado... por não ter te acompanhado você ainda está aqui, se eu tivesse cuidado da sua passagem...

— Essas preocupações não combinam com você. — Beijou-lhe na curva do pescoço, apaixonadamente. — Agora você tem um familiar forte, que vai te fazer a divindade mais adorada do mundo. — Prometeu. — Não pense no que não pode ser revertido, pense no agora, como você costumava fazer.

— Por que não quer me contar? — Jimin arrepiava e estremecia nos seus toques, mas seguia insistindo no assunto, teimosamente. — Não pode me dizer? Não pode compartilhar comigo? Nós não deveríamos compartilhar tudo?

— Se fossemos casados...

— Nós não somos?

— Você nunca me pediu a mão, majestade. — Disse num tom divertido, mas com uma pitada de crueldade. — E aos meus pedidos nunca me deu uma resposta de fato.

— E precisa? — Jimin perguntou, indignado. Céus!... Quantos anos eles não viveram juntos antes, e quantas eras não iam viver a partir de então? Não era óbvio? — Sim, sim, eu caso contigo, se é isso que quer ouvir! Você é meu marido, o que mais seria?

— Então nosso casamento será que dia?

— Que casamento?

— Sem cerimônia de casamento eu não aceito.

O'Sake - VminOnde histórias criam vida. Descubra agora