𝟏𝟎

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Flashback on
06/07/2019
20:13, Nublado.

Estamos a mais de 1 hora viajando até onde iríamos acampar. Kuroo havia me dito que era umas 2 horas de carro, mas por conta da pista molhada e o trânsito com certeza faria com que o caminho demorasse. Nesse meio tempo conversamos com a Alisa por vídeo chamada, escutamos a playlist inteira de Bokuto, mas o tempo não parecia passar.

- Por que Akaashi não veio com a gente? - Perguntei quebrando o silêncio.

- Não sei, ele tem andado meio estranho ultimamente. Ele tem falado com você? - Me olha de canto de olho.

- Não. - Me recostei no banco traseiro, vendo os dois a minha frente.

- Então não é só com a gente, amor. - Kuroo olhou rapidamente para o rapaz do seu lado.

- Vocês sabem o que aconteceu com ele?

- Não, a gente tenta mandar mensagem mas ele nunca responde. Ele tá estranho desse jeito desde alguns dias antes da festa do pijama. - Respondeu o moreno me olhando pelo retrovisor.

Começo a tentar lembrar o que aconteceu a alguns dias atrás , mas nada me vem à cabeça. Pelo menos não um motivo específico. A última vez que havíamos conversado normalmente, foi quando sai com Tetsurou para comprar o presente de Bokuto, ele me ligou e depois que encerramos eu não o vi mais no campus da faculdade e muito menos minhas mensagens eram respondidas.

- No que está pensando, hein? - Kotarou se vira para trás me encarando fixamente.

- Nada demais.

- Eu sei que está mentindo. - Me lançou um sorriso reconfortante. - Provavelmente está tentando lembrar ou pensar em algo que pode tê-lo deixado assim.

- Você é algum tipo de vidente? - Ele solta uma risada contagiante.

- Não, apenas te conheço muito bem. - Sorriu. - Fica tranquila, quando chegarmos lá perguntamos para ele.

- Você quer dizer, interrogamos ele. - Kuroo disse, fazendo o acinzentado revirar os olhos.

Cheguei para o lado, podendo encostar minha cabeça na janela e observar algumas gotas de chuva que ainda estavam nas janelas escorregando pelo vidro, a última visão que tive foi uma das gotículas se deslizarem até sair do meu campo de visão. Tudo se tornou preto, estava rendida ao sono.

Horas depois, às quais pareceram minutos, sou acordada pelo Kuroo dizendo que finalmente havíamos chego. Saio do carro me espreguiçando e de longe eu avisto Bokuto e Akaashi começando a montar a fogueira. Me aproximei um tempo depois com o moreno enquanto eu carregava as comidas e Tetsurou a lenha.

- Ainda bem que eu trouxe a madeira. Se fosse depender do que temos aqui estaríamos fodidos de frio. - Colocou o que seria o combustível em cima e algumas pedras que o acinzentado havia preparado para ser a fogueira.

Realmente, com a chuva e o tempo úmido que tem feito ultimamente, os pedaços de madeira não pegariam fogo tão facilmente.

Arrumamos tudo, menos as barracas, o que gerou uma leve discussão entre o casal, pois um preferia armar quando todos fossem se deitar e o outro preferia montar depois que prepararam a fogueira. Mas para infelicidade de Kuroo, Bokuto ganhou essa disputa. Nesse meio tempo, eu e Akaashi apenas o observamos rindo da situação. O clima entre nós estava estranho, mas não sabia distinguir se era realmente a realidade ou se era algo que minha mente havia criado. Por ora, dou de ombros.

- Ok, vamos comer, ou eu vou jogar essa coruja montanha abaixo. - Rimos da feição ofendida de Kotarou e nos sentamos em alguns troncos de árvores que achamos pelo local.

Peguei um pacote de marshmallows depois de sentar e abrir dividindo com todos, colocando o doce na ponta de um graveto que Kuroo havia nos dado para derretê-lo. Ficamos assim por um bom tempo, comendo, nos aquecendo e conversando, mas eu tinha notado que Akaashi estava mais quieto que o normal. Suspirei fundo, desviando os meus olhos do moreno afim de ignorar tudo isso, não obtendo sucesso, pois ele era a única coisa que se passava na minha cabeça.

Após comermos, o casal decidiu começar a montar as barracas, para minha sorte - ou azar - dormiria junto de Keiji. Demorou cerca de 1 hora para montar a primeira, Kuroo e Bokuto não paravam de discutir, nunca chegavam a uma conclusão e isso fazia risadas genuínas saírem de Akaashi. Montamos a segunda barraca tranquilamente e sem dificuldades, os dois caóticos do grupo se voluntariaram para nos ajudar, mas sabíamos que isso apenas iria gerar mais caos.

A essa altura, Tetsurou e Kotarou já estavam "dormindo", alguns barulhos negavam que os dois faziam realmente isso, decidi dar uma volta não muito distante do local que estamos acampando, então uma caminhada sem rumo é iniciada. Mais ou menos 6 minutos depois eu paro perto de um desfiladeiro, livre das árvores, me dando uma visão limpa do céu cinza. Me sento em uma pedra, abraçando minhas pernas por conta do frio, o ar que nem sabia que estava prendendo foi solto, aliviando meu corpo.

Eu sentia tudo uma confusão dentro de mim, a alguns dias atrás ele parecia estar tão bem e agora do nada ele parecia tão distante. Ao mesmo tempo que eu sinto uma preocupação eu me sinto completamente idiota por estar com pensamentos tão voltados a ele, nada disso era da minha conta, mas é tão difícil evitar. A cada minuto vou me repreendendo cada vez mais por estar agindo dessa forma. Eu não era assim antes.

- Oi. - Estou tão imersa em meus pensamentos que nem percebo quando Akaashi senta do meu lado.

- Oi. - Minha voz saiu baixa e eu não tinha coragem de olhá-lo nos olhos.

- Desculpa ter sumido sem avisar nada a você, estava ocupado com algumas coisas da faculdade e alguns problemas com uma pessoa do passado. - E mais uma vez eu me sinto uma idiota por estar sendo paranóica.

Me perguntava quando havia me tornado tão louca assim.

- Você é tão vago sobre si mesmo. - Direcionei o meu olhar ao dele, que me encarava fixamente sem expressão alguma.

- Não é algo tão interessante. Não é como se algo novo acontecesse com frequência, pra ser sincero a sua vida me parece ser mais emocionante. - Rimos fraco.

- Por que acha isso?

- Tendo Kuroo e Bokuto como amigos já é um bom argumento para minha tese.

- Mas você é amigo deles também.

- Mas eu não me disponho totalmente a suas loucuras. - Me lançou um sorriso ladino.

- Justo. - Desviamos nosso olhar para o céu, onde algumas nuvens se dissiparam lentamente, dando lugar para a lua cheia brilhante, podendo iluminar todo o local aberto com sua luz cinza azulada. Apoio o queixo nos meus braços que ainda estavam em torno de minhas pernas. - Você pode contar comigo, Akaashi. - Quebro o silêncio que antes era só a copa das árvores mais distantes batendo uma nas outras.

- Você também pode contar comigo, (Nome). - Sinto sua mão quente, por conta do bolso do casaco, se entrelaçar a minha gelada, dando um contraste absurdo de temperatura.

Observando o céu com algumas estrelas, nós realmente estávamos tão próximos a elas.


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.' 1163 palavras escritas;

𝒅𝒐𝒘𝒏𝒇𝒂𝒍𝒍 (𝑨𝒌𝒂𝒂𝒔𝒉𝒊 𝑲𝒆𝒊𝒋𝒊) [𝐞𝐦 𝐫𝐞𝐯𝐢𝐬𝐚̃𝐨]Onde histórias criam vida. Descubra agora