Seria um dia cinzento em Barcelona, 24 de Janeiro de 1941, um dia morto, onde as nuvens negras reservavam o lugar a mil e um anjos que choravam pela morte de uma alma limpa, bela, sem a fome de morte do homem, amiga, que sempre sorria, mesmo debaixo da tristeza dos tempos vividos, as gotas dos olhos dos anjos caiam em força sobre o piso de uma cidade movimentada por carros e elétricos superficiais, e por entre as ruas organizadas da bela cidade espanhola, num cemitério bem ao centro da cidade, entre um bairro com 4 grandes edifícios residenciais que o rodeavam, estaria debaixo das lágrimas pesadas dos anjos que choravam fortemente, protegidos por guarda chuvas negros, humanos de luto, vestidos de negro como o céu e a chuva, que ou choravam, ou dariam luto silencioso, ou morreriam por dentro tentando manter-se fortes por fora, todos os humanos presentes naquele cemitério, naquela hora, naquele momento estariam a passar por pelo menos um desses processos dolorosos. Um grupo de 3 senhoras, constituído por uma mulher de 50 anos, outra da mesma idade que a anterior e uma última senhora de 80 choravam alto olhando para o caixão de madeira fechado e decorado com flores brancas e fitas vermelhas e uma bandeira espanhola, seriam as familiares de Arlet, a mãe (seria a primeira), a tia (a segundo) e a sua ainda viva avó (a última).
Naquele momento, debaixo da queda da chuva que embatia e fazia um ruído de fundo do embater das gotas grossas no tecido do chapéu de chuva segurado por Ethan, que taparia a triste dama, amiga e irmã daquele soldado, capitão e amigo morto no caixão, Andrea. Que olharia em sofrimento silencioso, mostrando uma cara fixa, enquanto o seu coração chorava com os anjos dos céus, chorava e morria por dentro, desfazia-se a cada triste momento que passaria sem a alegria do seu amigo Arlet que convertia qualquer dia cinzento, dia amargo em um dia doce como mel e brilhante como o Sol, Andrea apenas pensava em tudo e nada, uma confusão de sentimentos não a deixara assimilar todo o espaço de tempo desde que vira Arlet a morrer nos seus braços, até ao transporte e chegada a Inglaterra onde o corpo seria então transportado para Espanha, até chegar ali, ao momento onde o último adeus ter acabado de ser dado, e o caixão descia, e de seguida ia sendo enchido de terra molhada, negra e carregada de matéria que taparia cada vestígio do caixão onde seu grande amigo, acabara por morrer.
As lágrimas acabaram por vir ao de cima, quando o caixão acabara de ser enterrado e o homem que estaria a enterrar á chuva saíra de cena e outras pessoas começavam a desaparecer e a esquecer aquele doce alma, esta choraria no peito de Ethan que sentira um luto de respeito e acariciava os cabelos de Andrea, esta apenas chorava no seu peito, destruída pela perda, mas com uma sede de vingança a crescer com cada lágrima que lhe caíra, sentido sentimentos de raiva, frustração, tristeza, solidão, culpa e como sempre, de uma saudade que seria infinita, sem pontoum ponto final, até que de seguida esta erguera-se do peito de Ethan que a deixara sozinha, pedido que esta teria feito para o mesmo. Ethan saíra de cena debaixo de uma chuva seca, indo em direção ao veículo que esperaria por eles, apenas o general ficara lado a lado com ela, protegendo-a da chuva, mas esta sem preocupação saíra da proteção, sentido fresco das gotas de chuva beijarem-na na sua pele mas que mais parecia ardor, e posando-se de joelhos perto da campa de Arlet, falando para si mesma, numa espécie de reza que o general decidira não se intrometer.
Passados minutos de fala pessoal, Andrea erguera-se e o general falara...
-Um grande homem parte enquanto outros que mereciam ir ficam...
-Verdade...- diz Andrea de costas para o mesmo com um riso irónico- Mas mais do que um grande homem, um irmão, que me protegera sempre, no bem e no mal, nos doces e amargos momentos, ainda me lembro de quando chegamos á base e eu e ele estaríamos perdidos no meio de um mundo, ou do castigo que ganhara pela alma dele, do qual agradeço mil vezes aos céus que não sorriem para mim hoje...-faz uma pausa, começando a soluçar no meio do choro-... mais do que isso, um anjo, o meu anjo da guarda, que nunca me deixara desamparada, que me acompanhava sempre mesmo quando eu nem o conhecia de lado algum... uma criatura bela que o mundo não merecia...
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𝑳𝒂 𝑳𝒂𝒄𝒓𝒊𝒎𝒂 𝒅𝒊 𝑮𝒖𝒆𝒓𝒓𝒂
Ficción histórica"O tempo é algo relativo, as rotinas algo derrubáveis, o que parece ser para sempre não é, e o que está sempre a mudar poderá estagnar." Eis a lição desta história carregada neste livro, nestas páginas, onde 5 adolescentes numa Sicília de 1939 vêm a...