Veinticuatro

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Anahí apressou-se para sentar no banco de trás do carro, me restando ir no banco da frente, ao lado do Uckermann. Entrei emburrada e olhei para ele de canto de olho. Percebi que ele dirigia de forma concentrada, acho que não deve ter bebido mais do que duas garrafinhas de cerveja. Voltei a encarar a rua e novamente o olhei. Seu semblante estava fechado, seguia sem nem sequer olhar para mim. Revirei os olhos.

- Não gosto do seu carro, Ucker – Anahí choramingou – Está fazendo tudo girar.

- Então acho que o after de vocês duas não vai acontecer, melhor deitarem quando chegarmos.

Observei que ele havia entrado em um condomínio e manobrava o carro na garagem, provavelmente ele morava ali.

- NUNCA! – gritou – Antes de tomar meu vinho com a minha amiguinha eu não durmo. – Cruzou os braços.

- Chegamos! – desligou o carro e abriu a porta descendo do mesmo.

Ele abriu a porta para que Anahí pudesse descer e fez o mesmo comigo, que permaneci sentada dentro do carro. Estava emburrada por estar lá, estava emburrada principalmente por ter sido ignorada a noite toda por ele.

- Vamos?! – Estendeu a mão para me ajudar a descer.

- Não quero. – Olhei para frente.

- Deixa de ser criança, Dulce. – Impaciente. Respirou fundo – Vamos, Dulce! Sabe que é melhor. – Sua voz havia mudado, saiu mais gentil.

Com certeza estava fazendo seus joguinhos comigo. Havia me ignorado a noite inteira, agora resolveu pedir com gentileza, só porque queria que eu descesse do carro. A chata da sua namorada estava viajando, era esse o único motivo de ter nos dado carona e levado até o seu apartamento. Provavelmente estava querendo se divertir (era esse o termo "divertir" que havia usado quando nos disse, na reunião, o porquê mantinha contato com a Natália, se não namorava com ela). Estava tão certa disso, como estava quanto a DOIS e DOIS serem CINCO, não é porque estava bêbada que não conseguiria criar uma boa linha de raciocínio.

Se ele quer jogar, tudo bem por mim. Dessa vez eu estava "consciente" de tudo o que estava acontecendo. Possuía um relacionamento aberto, então não perderia nada com isso, e nem estaria traindo minhas convicções. Fora que havia passado a noite inteira tentando me controlar para não flertar com ele, quando a minha vontade desde o primeiro momento que o vi era de tá junto dele. Quer saber? Anahí estava certa, essa noite não pertencia a Dulce e sim a María. Por mais que lampejos de consciência quisessem me frear, estava na hora da Dulce dormir e da María assumir o controle.

- Tá. Tudo bem. – Sorri irônica e me apoiei em sua mão para descer do carro.

Ele ativou o alarme do carro e nos guiou para o seu apartamento. Christopher morava no último andar, em uma torre de dez andares. Cada andar possuía dois apartamentos, tendo os últimos área privativa. Ele abriu a porta e esperou para que entrássemos primeiro, trancando logo em seguida. Nos apresentou sua sala, que era bem ampla. Mostrou a cozinha estilo americana, seu quarto, o quarto de visitas e seu escritório que havia transformado em um mini estúdio. Seu apartamento era muito organizado, sem muitos móveis ou cores. Era tudo muito sóbrio. Só de olhar dava pra ter certeza que era um homem que vivia ali. Após nos apresentar todo o apartamento, voltamos para a sala. Me sentei no sofá, ao lado de Anahí, e ele sentou-se em uma poltrona próxima.

- E nosso vinho? – Mordi os lábios e depois sorri.

- Já disse que não durmo sem meu vinho, Ucker. Deixa de ser pão duro e escolha um de boa safra – Any disse brincalhona.

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