Tres

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Mal abri a porta do quarto e o Uckermann já foi entrando e providenciando de abrir a garrafa. Não sei como, mas ele havia conseguido até o sal e o limão e já estava preparando nossas doses. Definitivamente ele estava tão à vontade que o quarto parecia mais dele do que meu. 

Eu me sentei no chão, com as costas escoradas em um pequeno sofá que havia dentro do quarto, enquanto olhava ele preparando tudo. Ele veio trazendo as doses em uma mão, e com a outra mão carregava a garrava, o limão já fatiado e o sal.

- Vamos virar? – disse ele, me entregando uma dose.

- No três. 1...2..3 – E assim, viramos a primeira, a segunda... a quarta.

As horas passavam, mas o tempo estava congelado naquele quarto de hotel. Estávamos muito alterados. Nossa fala saia embolada, o que nos causava muito graça e rendia muita risada. Na verdade, estávamos rindo sem precisar ter qualquer motivo. Conversávamos sobre trivialidades, o assunto era tão leve que me pergunto o motivo de nunca termos feito isso antes. Christopher e eu sempre nos demos bem, mas nunca tínhamos momentos completamente sozinhos, sempre estávamos juntos de mais alguém da banda. Seria possível que evitássemos momentos a dois com medo do que pudéssemos acabar fazendo? Não precisava ser dito, era meio óbvio que parecia haver qualquer tensão entre a gente.

Christopher serviu mais uma dose para mim, e ao se virar para se servir, esbarrou a garrafa no meu copo que derramou todo o líquido na blusa que eu vestia.

- Que merda! Foi mal Dulce. – falava enquanto coçava a cabeça olhando a merda que havia feito.

- Ê sonseira – balancei a cabeça em sentido negativo enquanto olhava o estado que minha blusa havia ficado. Percebendo sua preocupação, deixei uma risada escapar. - Relaxa, vou só ter que ir lá dentro procurar na mala uma roupa pra trocar, pois já guardei tudo. Deixei fora da mala apenas uma roupa para viajar amanhã.... Que é obvio que não vou vestir, já que você é muito desastrado e a colocaria em risco. Vou tentar não demorar. - Antes que eu pudesse levantar ele segurou meu braço me impedindo.

- Ah não, Dul, nem gasta tempo indo lá... até procurar algo na mala pra vestir já vamos ter perdido muito tempo. Só tira essa sua blusa molhada e fica só com seu 'topper' mesmo... Já te vi tantas vezes assim nos shows que nem diferença faz, na real – ele disse com tanta naturalidade e um certo desdém em sua voz que aquilo mexeu comigo. Como assim "nem diferença faz". Me senti provocada com sua frase, não é possível que eu seja tão desinteressante assim.

- Pra começo de conversa não é 'Topper', ô espertão, é sutiã. - revirei os olhos - E tem razão, já me viu tantas vezes que está acostumado – enquanto ia falando eu tirava a blusa, fazendo questão de fazer tudo muito lentamente enquanto prestava atenção na sua feição que mudava. Fiquei apenas com um sutiã rendado preto, ainda bem que eu achava fundamental sempre sair com conjuntos de lingerie bonitos, nunca se sabe realmente quando alguém veria. Uma mulher prevenida é tudo.

Fora que está fazendo muito calor, então dá uma amenizada dessa forma – terminei de falar e procurei pelos olhos dele, que estavam vidrados em meu corpo, peguei a garrafa de tequila e dei uma golada. Uma gota teimosa escorreu do meu lábio. Pude ver de longe o suspiro que ele havia soltado quando a bebida molhou minha boca, era como se ele estivesse segurando a respiração durante todo esse tempo. Isso fez com que eu sentisse um calor ainda maior subindo por todo o meu corpo. Desenhei um leve sorriso irônico em meus lábios, que mais soaram como provocativo, arquei a sobrancelha involuntariamente percebendo o descompasso da sua respiração.

Christopher se aproximou pegando a garrafa da minha mão e dando uma longa golada, colocando em seguida a garrafa de volta na mesinha de centro. Seus olhos me fitavam de forma tão profunda e sacana, parecia que tinha fogo no seu olhar.

- Na verdade, eu menti – ele disse enquanto se aproximava – Não consigo me acostumar a te ver assim – falava enquanto levava o seu dedo polegar enxugando a gota perdida de bebida dos meus lábios – só eu sei o quanto lutava pra me concentrar nos ensaios e nos shows, porque era difícil demais não ficar apenas te olhando... te desejando...

A medida que ele falava, ele se aproximava cada vez mais. Eu podia sentir o seu cheiro e estava paralisada, sentia minha respiração ficar mais ofegante e então senti o toque dos seus dedos afastando meus cabelos do pescoço. Seu toque foi tão macio e firme ao mesmo tempo. Meu coração disparava de uma forma que acharia ser infarto se não fosse tão boa toda essa sensação que ele estava me causando.

- É impossível acostumar com a sua beleza. E posso tá completamente enganado, mas as vezes sinto o seu olhar perdido em mim também. – Ele me olhou como quem pede permissão para algo, mas que não tem paciência para aguardar a resposta. Não me opus e senti seus lábios beijarem o meu pescoço. Seu hálito quente fez cada pelo do meu corpo arrepiar e ele continuou falando, dessa vez falava baixo bem no meu ouvido. - Tem tempos que quero fazer isso, mas me contenho. Porém hoje decidi viver tudo o que tenho vontade, pois amanhã tudo isso terá acabado. E o que tenho vontade é de tá com você, Dul. Por isso o beijo no show, e por isso esse momento... Quero sentir seus beijos, seu corpo... - 

Ouvia cada palavra e ficava cada vez mais fora de mim, o desejo me consumia. Em um impulso busquei por sua boca e a beijei. Pude então sentir aqueles lábios macios e deliciosos. A intensidade do beijo já havia começado alta e crescia ainda mais. Sua mão deslizava com urgência pela lateral do meu corpo enquanto a outra firmava minha nuca e prendia levemente meu cabelo. Sem que interrompêssemos o beijo desesperado, sentei em seu colo, deixando uma perna de cada lado do seu corpo. Pude sentir o volume dentro de sua calça, instintivamente rebolei sentindo sua ereção e ouvi um gemido - Você me deixa louco - sua voz saiu rouca e ofegante, disse afastando um pouco seus lábios dos meus. 

Mordi meus lábios e tirei quase que em desespero a sua blusa. Pude sentir que ele firmou minhas costas com uma mão e levou sua outra mão em meu seio, apertando-o por cima do sutiã. Joguei minha cabeça para traz suspirando, percebi que ele desabotoava de forma habilidosa meu sutiã. Olhei para ele e pude ver que seus olhos estavam escuros de desejo, nossos olhares se cruzaram de forma breve, pois como se tivesse urgência, ele abaixou a cabeça levando a boca até um de meus seios, me fazendo sentir sua língua quente, deixei um que gemido escapasse de meus lábios e comecei a beijar o seu pescoço enquanto passava as unhas em suas costas. 

Decidi que hoje eu também iria me permitir viver as minhas vontades. Nosso corpo estava em combustão e entre nós existia um fogo que parecia que por muito tempo tentava ser apagado ou contido. Era uma vontade que não sabia que existia dentro do meu ser, era uma necessidade que estava adormecida.


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Gostaram?
O que será que vai acontecer?
Apenas lembrando que isso tudo é apenas uma retrospectiva até o dia presente da nossa história.

InevitávelOnde histórias criam vida. Descubra agora