Dinah

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Camila POV

 Realmente pareceu um tobogã, tirando pela parte que era totalmente escuro e pareceu uma eterna a descida até eu chegar ao térreo. A sala a qual eu estou é tão pequena quanto a lá de cima, a diferença é que nessa tem grandes baldes encostados nas paredes, abri a porta e me surpreendi quando vi que eu tinha saído do outro lado do muro, agora no meu lado direito está o enorme muro que cerca o castelo e do meu lado esquerdo a floresta, olhei para todas as direções, buscando as tais cabanas de madeira que Lauren falou, mas não tem nada, senti um calafrio percorrer minha espinha, ao dar conta que a única pessoa que eu tenho no mundo está trancada na merda de um lugar que mais parece um esgoto e eu estou em um lugar completamente desconhecido, onde a qualquer momento eu posso ser morta, sem chances de escapatória.

 Um corvo saiu de dentro da copa das árvores, fazendo um som grotesco, o que me deixou ainda mais assustada, ele pousou no alto do muro e não sei se estou ficando louca, mas ele parece olhar pra mim, respirei fundo e virei, indo pra direção contrária, novamente aquele som terrível foi reproduzido pela ave, mas dessa vez ele passou voando quase no meu rosto, dei alguns passos para trás, já que ele pousou no chão, pelo caminho que eu ia passar. Resolvi ir para o lado contrário do que eu pretendia seguir antes, e dessa vez não fui “impedida”. Depois de muito andar, percebi as tais cabanas, elas parecem camufladas entre as árvores, na minha vista ao todo possuem 3, alternei o olhar entre elas, tentando decidir em qual porta eu iria bater primeiro, de novo aquele maldito corvo passou na minha frente, e pousou no telhado da última casa, encarei o animal, resolvi ir até a casa a qual ele ficou, eu só posso estar ficando maluca, não é possível, me direcionei até a porta e bati, esfreguei uma mão na outra, por nervosismo e frio. Não demorou muito para a porta ser aberta, uma mulher alta e com o cabelo meio loiro me analisou dos pés à cabeça.

— Oi, eu sou a…

— Eu sei quem você é. - Me cortou.

— Como? - Perguntei com o cenho franzido.

— Não é todos os dias que uma das minhas melhores amigas abandona tudo por uma humana.

 Engoli em seco.

— Dinah. - Ouvi uma voz masculina atrás de mim e por impulso entrei na casa dela, mesmo sem ter sido convidada. — Vai dividir a refeição comigo? - Perguntou pra ela enquanto olha pra mim.

— Já é a terceira vez só nessa semana que você vem na minha casa sem ser convidado. - Ela disse entredentes e colocou um dedo no peito do homem. — Da próxima vez eu vou chutar a sua bunda com tanta força que você vai esquecer até o seu nome. - Quando ela finalizou o corpo dele foi jogado pra trás, como se ele tivesse levado um choque.

 Ela bateu a porta e olhou pra mim.

— Cadê a Lauren? O que você está fazendo aqui sozinha? - Perguntou irritada e eu não soube identificar se ela está brava comigo ou com o cara lá fora.

— Ela tá presa lá em cima, ela me disse pra procurar por você. - Ela passou a mão pelo rosto em um gesto nervoso.

— O que ela quer que eu faça?

— Hã… ela disse que você poderia me ajudar a… a tirar ela de lá.

 Ela riu e olhou fixamente nos meus olhos.

— Ela disse que EU poderia tirar ela de lá? - Perguntou e eu maneei a cabeça positivamente. — Você está mentindo, ela sabe que não existe nenhuma forma para ajudá-la, pelo menos não pra mim, cadê a Emma? Vocês não se encontraram com ela?

— Ela que ajudou a trazer Lauren pra esse inferno. - Soltei irritada.

 Duas vozes conversando do lado de fora fez meu corpo travar, a primeira eu sei ser a da Emma, a segunda eu não faço a mínima ideia, mesmo sem permissão eu entrei no primeira porta que vi na minha frente.

— O que você acha que está fazendo? - Dinah perguntou, mas não tive tempo de responder porque a porta da frente se abriu e como eu já esperava Emma passou por ela.

— Finalmente a rainha desceu das alturas e veio se juntar com os súditos. - Dinah disse irônica e com os olhos semicerrados.

— Estava sem tempo. - Respondeu seca.  

— Sem tempo? Faz quatro anos que você se juntou aos anciões e consequentemente quatro anos que você fica aqui em tempo integral, voc…

— Eu preciso que você fale com a Alexa. - Falou, interrompendo a fala da Dinah.

— O quê? Quanto mais o tempo passa mais escrota aquela garota fica, eu não vou falar com ela. - Negou com a cabeça. 

— Se você não for, Lauren morre. - Sentenciou Emma.

 Eu senti meu coração apertar, minha vontade é de xinga-la, mas eu não quero que ela me veja.

— E por que você não fala? Eu não quero estragar tudo, como Lauren veio parar aqui? Não foi você?

— Eu não posso ir falar com a Alexa, você sabe que ela não gosta de mim. - Emma disse sem paciência. 

— Nem de mim.

— Mas ela gosta menos de mim do que de você. - Disse e suspirou irritada, puxou uma folha dobrada de dentro do bolso interno do sobretudo e entregou pra Dinah. — Eu escrevi aí o que eu quero que você faça, porque estou sem tempo pra te explicar.

— E como você quer que eu convença ela disso? - Dinah perguntou enquanto olha pra folha em suas mãos.

— Eu não sei Dinah, se eu soubesse eu mesma faria.

 Dinah não falou mais nada, ficou em silêncio olhando fixamente para o rosto de Emma.

— O que foi? - Emma perguntou.

— Eu já disse que você é incrível, inteligente e linda? - Perguntou com a voz doce.

— Eu tenho que ir. - Disse e deu as costas pra Dinah, mas em um daqueles movimentos super rápidos Dinah entrou na frente dela e a abraçou, Emma não a abraçou de volta, mas mesmo assim Dinah não a soltou tão rápido.

 Assim que ela se afastou Emma deu um pulo e gritou e quase gritei junto, porque o susto dela me assustou.

— Que porra, já disse pra você parar com essa merda! - Disse passando a mão pelo corpo e eu não entendi nada.

— É involuntário. - Dinah disse debochada.

 Emma bufou, e seus olhos tomaram uma coloração amarelada.

— Você acha que me assusta com esses olhos de gato? - Dinah perguntou. — Você precisa de muito mais pra conseguir isso.

 Emma fechou os olhos e quando voltou a abri-los, já estavam na cor normal.

— Não deixa ela sair daqui. - Disse antes de sair, apontando para direção do quarto que estou, eu me senti uma idiota por achar que ela não tinha notado a minha presença.

— Como ela sabia que eu estava aqui? - Perguntei pra Dinah, retornando pra sala.

— Querida, enquanto seu sangue circular por suas veias a todo o vapor, você não passa despercebida por nenhum de nós.

 Olhei para o papel na mão dela.

— Ela vai ajudar a Lauren, né?

— Se com isso ela pretende ajudar eu não sei, mas eu confio nela o bastante pra fazer o que ela me pediu.

Quase Sem QuererOnde histórias criam vida. Descubra agora