Outra Chance

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Lauren POV

 O que mais está me irritando dentro dessa cela, além da situação em si, é não ter nem ideia se é dia ou noite, se já se passaram muitas horas desde que Camila foi levada ou se é só impressão minha. Meu abdômen e meus braços estão cheios de hematomas, que eu não faço a mínima ideia de onde vieram, e nem uma blusa eu tenho para cobrir, já que dei meu moletom pra Camila, ficando assim apenas de top e calça moletom. Ouvi passos se aproximando da porta, continuei imóvel, deitada no meio do chão da cela, com a atenção voltada para o teto. Quando a porta se abriu me dei ao trabalho de apenas virar a cabeça naquela direção.

— Levanta que os anciões solicitam a sua presença. - Disse Claus.

— “Solicitam.” - Zombei. — Então tenho a oportunidade de escolher não ir? - Perguntei debochada. — Não estou afim de ver a cara feia deles, já basta a sua.

 Ele grunhiu parecendo mais um cachorro e veio com tudo em minha direção, quando ele estava com as pernas na altura das minhas mãos, segurei e puxei, fazendo ele cair no chão, juntando todas as minhas forças me levantei o mais rápido possível e saí em disparada pelo corredor, tudo que eu menos preciso é tentar medir forças com ele novamente, na situação que estou qualquer um me derruba. Consegui chegar até o saguão, mas antes que eu passasse pelas portas que dão acesso ao jardim e consequentemente a saída, elas se fecharam, e aprendi da pior maneira a não confiar nas paredes, nem nas portas daqui, brequei antes de encostar nela, mesmo parecendo ser uma porta tradicional, preferi não arriscar, corri os olhos por todo o saguão, até encontrar com o motivo para as portas terem se fechado. Emma está no alto da escada.

— Será que você não pode tentar fazer as coisas certas pelo menos uma vez? - Perguntou séria.

— Será que você pode parar de se meter na merda da minha vida? Abre essa porta! 

— Você não pode ficar fugindo pra sempre. - Disse calma.

 Eu percebi que ela desceu os olhos pelo meu corpo, provavelmente se perguntando como eu consegui tantos machucados. Sem nenhum controle sobre meu corpo, comecei a tremer de raiva involuntariamente, ela adquiriu o dom de me irritar apenas com sua presença. Em menos de 1 segundo subi as escadas e parei de frente pra ela.

— Eu faço o que eu quiser com a minha vida. - Falei baixo, tentando não me irritar ainda mais. — Eu só te peço pra não aparecer mais na minha frente, porque eu o-de-io você. - Ela permaneceu impassível, como se eu não estivesse me direcionando a ela.

— Eu me pergunto, como um dia fui apaixonada por você, além de egoísta, você é burra. - Disse e aquilo me atingiu mais do que eu gostaria, a voz dela é banhada por indiferença e soberba. 

 Levantei a mão com o intuito de acertar o seu rosto, mas ela foi mais rápida do que eu e segurou meu pulso.

— Se você tentar fugir mais uma vez. - Disse olhando fixamente nos meus olhos, e em um quase sussurro. — Eu vou perder a pouca vontade que tenho em te ajudar, e te deixarei ser condenada à morte.

 Soltou meu braço e passou por mim, descendo as escadas.

— Eu não me importo se eu morrer. - Gritei e virei, só então percebendo que Claus e mais outro idiota já estão lá embaixo.

 Ela olhou pra mim por cima do ombro.

— Se você morrer, sua esposa não vai conseguir sair daqui viva, porque ninguém vai ajudá-la, eu garanto isso.

 Engoli todas as palavras que eu queria dizer e desci as escadas, Emma sumiu em instantes, Claus me guiou até a sala dos anciões, a qual está completamente vazia, suspirei e me sentei em uma das muitas cadeiras, completamente sozinha foi impossível não pensar em Camila, ela não conseguiu voltar pra Los Angeles, não sei se ela comeu, não sei se ela está com frio, não sei nada, e pela primeira vez em décadas me peguei rezando, não para um Deus específico, mas para todos ao mesmo tempo, Shiva, Zeus, Brahmã, Jeová, Odin… porque se eles existem, pelo menos um pode resolver me ouvir, e me ajudar a proteger Camila, e me tirar daqui.

Quase Sem QuererOnde histórias criam vida. Descubra agora