BÔNUS 3/9

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Lauren POV

1 ANO DEPOIS

Faz um ano que perdemos as crianças, todos os anos, Camila tinha a tradição de comemorar o Natal, mas esse ano ela não quis, disse que não se sentiria confortável, e claro, sua vontade foi respeitada. Os primeiros meses, foram terríveis, Camila chorava a todo instante, e sem contar dos cuidados dos dias iniciais, porque a cesaria foi feita, ela precisava de todos os cuidados pós parto igualmente, com crianças ou não, e Camila teimava a todo instante, queria levantar, fazer isso, fazer aquilo, na verdade ela queria distrair sua mente, eu sei que em todo seu tempo ocioso, ela pensava neles. Mas com o passar dos meses, ela foi recuperando o seu brilho, hoje, um ano depois, eu não sinto ele totalmente recuperado, mas eu sei que um dia chegaremos lá, e essa ferida será apenas uma cicatriz.

Durante todo esse ano, eu temi a chegada desse dia, 25 de dezembro, porque eu sei que ele traria a tona todos aqueles sentimentos, e eu não estava errada, no momento são aproximadamente 3h da madrugada, Camila acordou de supetão, eu estava na poltrona lendo, mas ao notar seu pulo na cama, de imediato imaginei o que seria, larguei o livro e me deitei ao seu lado.

- Um ano. - Ela disse com o tom de voz baixo. - Eu sempre me pego pensando como estaríamos se não tivesse acabado daquele jeito.

Senti um nó na minha garganta, e lentamente puxei o ar para os meus pulmões.

- Eu também. - Puxei mais Camila contra o meu corpo. - Certamente duas babonas. - Falei e Camila riu, o que me fez sorrir. - Você é toda boba por crianças, e eu sou boba por você, agora imagine mini miniaturas suas, eu iria explodir de amor.

Senti meu peito molhar, e soube que Camila começou a chorar silenciosamente.

- Não chora. - Ergui seu rosto para mim, o quarto está iluminado apenas pela fraca luz do abajur. - Você já pensou no que falei? Na adoção?

Camila secou o rosto e confirmou com a cabeça.

- Sim. - Voltou a deitar a cabeça no meu peito. - Eu não quero, é um gesto lindo, mas não quero arriscar sentir mais dor do que já sinto, e se eu acabar não sendo uma boa mãe? E se acontecer algo com essa nova criança? Eu não suportaria, Lauren, de novo não.

Não soube o que falar, Camila disse para eu não me sentir culpada, mas é impossível, as vezes acho que eu poderia ter feito mais. A mão de Camila parou no meu pulso, ela acariciou o local, e eu soube ser pela tatuagem que fiz ali recentemente, na lateral dos meus dois pulsos, fiz duas tatuagens, em homenagem aos nossos filhos, no pulso esquerdo tem "Michael" e no direito "Mavis".

- Entendo, mas uma pena, porque você seria a mãe mais perfeita do mundo. - Falei.

Camila me olhou, então se ajeitou na cama, até subir em cima de mim, ela acariciou meu rosto com um leve sorriso nos lábios.

- Eu te amo, Jauregui.

- Eu também te amo, pra sempre e sempre.

Camila olhou nos meus olhos, e ficou assim, por alguns segundos.

- Sempre e sempre. - Repetiu antes de me beijar.

*****

Agora são por volta das 9h da manhã, Camila ainda está dormindo, ela não quis comemorar o Natal, mas isso não me impede de comprar um presente pra ela, certo? Certo. Ao passar pela porta, vi o jardineiro já parado no nosso jardim, desejei um rápido bom dia e entrei no carro. Devido ao tamanho da casa, foi necessário contratar algumas pessoas para nos ajudar, é um pouco complicado pra mim, porque esses dias eu estava falando tranquilamente ao telefone com Emma sobre a dificuldade de se alimentar sozinha, que sangue estava como ouro, e a mulher que faz a faxina simplesmente paralisou, e depois que me toquei o motivo, desconversei e fui para outro cômodo, a parte boa é que não passam muito tempo aqui, então posso respirar mais aliviada.

Quase Sem QuererOnde histórias criam vida. Descubra agora