Capítulo 21

2.3K 349 15
                                    

FELIPE


Não sei dizer o que deu em mim.

Em um momento eu estava dentro do meu carro, vendo Manuela caminhar em direção ao seu apartamento enquanto eu segurava o volante com força. Como se esse ato de me prender a alguma coisa fosse me manter dentro do veículo. Mas não foi isso que aconteceu.

Quando dei por mim, estava atravessando a rua, chamando pelo seu nome e encurtando a distância que nos separava.

A iluminação da rua não era muito forte, mas Manuela estava parada exatamente onde o reflexo da luz que vinha do prédio – que agora sabia que era onde morava – incidia sobre ela, dando-lhe um aspecto ainda mais angelical.

Eu não menti quando disse que confiava nela completamente. Embora nos conhecêssemos há tão pouco tempo, mas eu sentia... só não saberia explicar como.

Fitei seus olhos claros que me observavam com atenção e com uma leve interrogação também, mas esperou que eu dissesse o que tinha me movido a ir atrás dela.

E eu disse. As palavras que eu queria tanto que ela soubesse.

Queria que Manuela entendesse o quanto eu era grato pela sua ajuda em tudo.

Eu iria apenas agradecer e retornar ao carro, mas uma vontade maior se fez presente e quando percebi estava tocando sua mão delicada, trazendo-a até meu rosto, onde deixei um beijo.

O breve contato dos meus lábios com a sua pele me fez perceber o quanto ela era delicada. O aroma de pêssegos me invadiu, inebriando os meus sentidos.

Sem dizer mais nada, retornei para o meu carro, mas só dei partida quando a vi entrar pela portaria, tendo a garantia de que ela estava em segurança.

Parti em direção à casa que me aguardava. Quando estacionei em frente a ela, notei que já tinha passado das nove da noite.

O jantar com Manuela foi tão agradável que eu nem percebi que a noite tinha corrido tanto.

A casa estava escura assim que abri a porta, fazendo-me constatar que tanto Ivonete quanto Ana já deveriam estar dormindo.

Subi as escadas tentando fazer o mínimo de barulho possível para não alarmar ninguém. Fui até o quarto da minha irmã, abrindo a porta com cuidado para que não rangesse e a vi ali, deitada e dormindo tão serena que foi impossível não surgir um sorriso no meu rosto.

Em pensar que, se não fosse o acidente do meu pai, eu estaria até hoje vivendo em outro país sem saber da existência de uma irmã caçula.

Sei que isso poderia ser um motivo que me deixasse ainda mais magoado com o meu pai. Esconder a notícia de uma criança na família era algo sério. Mas ao mesmo tempo, eu não poderia condená-lo por isso. Eu também não o procurei esses anos todos e não podia jogar todo o peso da distância somente em cima dele.

Fechei a porta com o mesmo cuidado com que a abri e fui em direção ao meu quarto. Eu precisava de um banho quente e uma ótima noite de sono.

Quando saí do banheiro, com uma toalha amarrada na cintura e os cabelos pingando, notei que tinha esquecido a porta entreaberta. Fui até lá e a fechei.

Assim que me virei em direção à minha cama, minha atenção foi tomada por uma bolinha de pelos que me olhava quase que sem piscar.

Será que o que o destino me reservava para o final daquele dia era ser atacado por um cachorro menor do que a minha mão em meu próprio quarto?

Aluga-se uma noiva para o meu chefeOnde histórias criam vida. Descubra agora