Aluga-se uma noiva para o meu chefe

Capítulo 35

FELIPE

Essa era a primeira vez que saía do hospital sem sentir que estava sem conseguir respirar.

O médico que viera assim que chamei estava otimista com essa pequena – porém preciosa – reação que meu pai tivera. Claro que teríamos que estar preparados e com paciência para aguardar se teria mais alguma evolução.

Levei Ana de volta para casa e dessa vez conversamos durante todo o trajeto. Quando passou pela porta da sala, chamou Ivonete e Bola de Neve para contar a novidade.

Claro que isso, aos olhos de uma criança, poderia ser mais mágico do que realmente era. Mas até eu queria ter essa inocência para acreditar.

Acabei almoçando em casa tendo a companhia das duas mulheres. Uma vontade enorme de que Manuela também estivesse presente me invadiu, mas eu poderia convidá-la para jantar naquele mesmo dia.

Foi com esse pensamento e a vontade de contar a novidade para a minha namorada que entrei no prédio da BG.

Dias depois de retornarmos do evento na pousado de Ramon, Manu e eu assumimos nosso relacionamento que se tornara muito real para nós dois. Embora ela tivesse concordado que fôssemos devagar, agora eu a chamava de namorada em todos os lugares.

E como eu adorava isso e sabia que, daqui a um tempo, iria chamá-la de outra coisa.

Como sempre, cumprimentei as recepcionistas assim que passei por elas.

— Senhor Baseggio — Uma voz me chamou e eu segui o som, percebendo que era Gabriela, uma das minhas recepcionistas. — Está tudo bem com a Manu?

— Por que a pergunta? — questionei com uma pontinha de preocupação querendo surgir.

— Ela saiu faz mais de duas horas dizendo que ia almoçar e não retornou. Nós sempre almoçamos juntas desde que ela entrou aqui na BG e hoje ela foi acompanhada por uma pessoa que ela confirmou como sendo o seu amigo, mas eu nunca o tinha visto antes por aqui. Claro que poderia ser algum vizinho ou amigo da faculdade, mas ela não estava feliz em sair com ele. Parecia que estava com... medo.

— E como foi que esse homem entrou? Ele deve ter se registrado para conseguir subir, certo?

— Ele tinha um crachá de acesso de visitantes, mostrou assim que chegou e disse que estava indo até o pessoal do marketing. Que ele estava sendo aguardado para a criação de um novo projeto.

Até aí todas as informações batiam. Hoje começaríamos a montar uma nova apresentação para um futuro cliente.

Não seria impossível se ele conhecesse Manuela de algum outro trabalho, mas mesmo assim a observação de Gabriela ao achar que viu medo em seus olhos não saía da minha cabeça.

Lá mesmo da recepção, liguei para o ramal da segurança e pedi que me mandassem o link da câmera do andar da presidência para o meu e-mail, com a gravação das últimas três horas.

Poucos segundos depois, meu celular apitou com a mensagem recebida. Pedi para usar o computador de Gabriela para ter um melhor acesso e ela saiu de trás do balcão para que eu entrasse.

Cliquei no link e uma imagem colorida de Manuela apareceu na tela. Sentada em sua cadeira ela digitava no teclado atenta a seu monitor. Adiantei um pouco a gravação até o momento em que se levantou e caminhou em direção à minha sala com uma pasta em mãos. Não se demorou muito lá dentro e quando saiu vi que estancou no lugar. Era nítida a surpresa que estampava seu rosto, assim como o medo que surgira sendo seguido pela raiva.