Aluga-se uma noiva para o meu chefe

Capítulo 38

MANUELA

UM ANO DEPOIS

Seria mentiria se eu não dissesse que aquele olhar sempre me desmontava, ao mesmo tempo que me montava por completo.

Felipe me observava enquanto descia as escadas da sua casa com tanto encanto e fascínio, deixando-me corada.

— Uau! Manu, você está deslumbrante — elogiou com um sorriso nos lábios e um brilho nos olhos que eu conhecia muito bem. — Estou louco para voltarmos logo para a nossa casa e eu te mostrar o quanto te acho maravilhosa — havia malícia em seu tom de voz, fazendo-me rir.

Nossa casa. Já estávamos morando juntos naquela casa há dois meses. Depois que o senhor Olavo saiu do hospital, Felipe ficou morando com o pai, preferindo ficar por perto caso fosse necessário, mas todo o tratamento estava sendo de total importância e, graças a ele, o senhor Olavo saiu sem nenhuma sequela considerada grave.

Acabamos mudando de casa para termos o nosso cantinho, embora fosse no mesmo condomínio que a casa do pai de Felipe e costumávamos aparecer com certa frequência para uma visita.

Monique e Léo estavam no meu antigo apartamento e pelo visto logo iria sair casamento para aqueles dois. Também costumava visitar a minha amiga, e também ao meu querido amigo, o seu Abílio que continuava morando no mesmo prédio.

— Calma aí, super-homem, que temos um evento importante pela frente — provoquei-o.

E realmente era mesmo. Naquela noite seria o lançamento da campanha mais nova que a BG criara e todos estávamos muito empolgados para isso.

Encontramos o senhor Olavo quando chegamos ao local onde seria realizado o evento e ele, simpático como sempre, viera nos receber com um abraço.

Desde que soubera que eu estava namorando o seu filho, Olavo me acolhera muito bem, comentando que eu era como uma filha para ele, chegando a me deixar emocionada.

A parte complicada fora, sem dúvidas, contar para ele sobre tudo o que Ramon Luquesi tinha feito durante tantos anos. A decepção em saber tudo o que a pessoa que ele considerava um amigo de anos fora muito evidente. O que nos consolava era que tanto Ramon quanto Ivan foram condenados e iriam pagar por tudo de ruim que fizeram, ficando atrás das grades.

Felipe chegara a comentar com o pai que assim que ele voltasse para a empresa, teria novamente o cargo de CEO, mas Olavo negara a sugestão, afirmando que queria ficar um tempo com Ana e que o filho era competente o suficiente para dirigir a empresa da família.

Eu concordava e muito com isso e sabia que o senhor Olavo também, porque era nítido o olhar de orgulho que sempre dirigia ao filho. E que esta noite estava ainda mais em evidência.

Luciano e Emily, sua esposa que eu tivera a chance de conhecer há um tempo, também estavam presentes e era uma alegria sem tamanho quando os reencontrava.

Correra tudo certo durante a apresentação e todos os convidados pareciam muito empolgados com o resultado. Toda a equipe foi chamada ao palco para receber as devidas honras e créditos. Felipe nunca aproveitou o sucesso de algo para se promover sozinho, ele sempre citava as pessoas que participavam e gostava de deixar claro que a BG era um time, uma família.

Ele era um CEO maravilhoso! Em todos os sentidos.

Todas as apresentações foram feitas e todos foram saindo, deixando o palco quase vazio. Restando apenas o Felipe, que segurava o microfone e parecia um pouco nervoso. Até mais do que estava quando apresentou toda a campanha na frente de todos os convidados presentes.

— Esse seria o momento em que eu encerraria essa noite, agradecendo à presença de todos vocês e eu realmente vou fazer isso, mas tenho uma coisa para fazer antes — seus olhos que passeavam por todas as pessoas se fixaram em mim. — Preciso chamar a esse palco a pessoa responsável por me fazer ser um homem melhor a cada dia. Que acredita no meu potencial mais que eu mesmo e que segurou a minha mão quando mais precisei. Sobe aqui, Manuela Lima, o grande amor da minha vida.

Com o salão ecoando aplaudindo, caminhei devagar até o homem que me aguardava. Felipe entendera a mão na minha direção assim que cheguei até a pequena escada de três degraus e eu a peguei. Não a soltamos depois disso.

Na sua mão livre, Felipe ainda segurava o microfone, mas seus olhos estavam em mim. Apenas em mim, como se estivéssemos só nós dois naquele espaço enorme.

— Eu sei que você é um pouco tímida, mas eu acho que essa é a melhor maneira para fazer o que estou com vontade há tanto tempo — franzi a sobrancelha, confusa com suas palavras.

Mas o entendimento viera assim que ele apoiou um de seus joelhos no chão, à minha frente. A plateia ao nosso redor – se é que poderia considerá-los assim – suspiraram diante da cena que assistiam.

Felipe soltou a minha mão para pegar algo no bolso de seu paletó, tirando de lá uma pequena caixinha, abrindo-a e revelando um lindo e delicado anel.

O anel de noivado que ele me dera há tantos meses, quando era apenas um artifício do nosso acordo, ficou comigo de lembrança, mas eu não o usava para que não fosse uma imposição para Felipe e também para que ninguém pensasse que realmente estávamos noivos.

— Manuela, a nossa história começou como um romance clichê e eu queria que essa nova fase que iremos começar hoje seja da mesma forma — eu tinha certeza que a maioria dos convidados não iria entender isso, apenas os mais próximos sabiam de toda a história. O que tornava tudo ainda mais divertido. — Você ter aparecido na minha vida foi o maior presente que eu poderia ter ganhado. Aprendi o real significado de amor com você. E quero construir cada capítulo dessa nossa história. Então, Manuela, você aceita ser minha noiva de verdade e casar comigo?

— Sim — consegui dizer, o que achei ser um milagre e tanto, mesmo emocionada do jeito que estava.

Felipe colocou o anel em meu dedo, levantou-se e me tomou em um abraço.

Enquanto todos aplaudiam e compartilhavam esse nosso momento, eu tive a certeza de que esse seria o melhor romance clichê que eu iria conhecer.

Eu estava vivendo um e ele era todinho meu.