Capítulo 27

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MANUELA


Fechei o zíper da minha mala, acreditando que tudo do que precisava estava lá dentro.

Quando aceitei participar daquele teatro que consistia em noivado, torci para que o dia do tal evento demorasse para chegar. Mas esse era um daqueles exemplos do que o tempo ria na nossa cara.

Fazia alguns dias que tínhamos voltado de São Lucas. Ir trabalhar naquela segunda-feira, dia seguinte ao nosso retorno, fora mais complicado do que imaginei.

Sabia que era perda de tempo evitá-lo na empresa, ainda mais que iríamos viajar poucos dias depois e ficaríamos um final de semana juntos. Mais um.

Por sorte, a semana foi cheia e corrida, já que nós dois tínhamos que deixar tudo o mais organizado possível antes da viagem.

Monique me ajudara com a mala, embora eu tenha barrado muita coisa que ela jurava ser de extrema importância que eu levasse. Se dependesse da minha amiga, eu iria passar um ano fora e não apenas um simples fim de semana. Acabei contando para ela sobre a viagem que fizemos à casa do meu pai, mas deixei de mencionar sobre o beijo. Eu relembrava daquele momento constantemente, já que minhas lembranças pareciam ser ter aquela cena para me mostrar. Se eu contasse para ela, com certeza se tornaria um lembrete ambulante que iria falar até não querer mais.

Meu chefe me dera aquela sexta-feira de folga para que eu pudesse me organizar melhor e descansasse – doce ilusão – para os próximos dias longos que nos aguardavam.

Pouco antes das quatro da tarde, meu celular apitou uma mensagem. Sem nem precisar pegar o aparelha, eu já tinha certeza de quem seria. Quando constatei que realmente era Felipe avisando que tinha chegado e me aguardava do lado de fora do condomínio foi que realmente comecei a ficar nervosa.

Ficar nervosa num nível máster, como se todas as minhas emoções estivessem contidas até os últimos dias e decidissem agora – como quem não quer nada – romper a barragem e jorrar sem controle.

Como um déjà-vu, vi meu chefe sair do carro assim que me avistou na portaria e fazendo tudo igual como fora semana passada.

O evento para firmar a parceria entre as agências BG Comunicações e a Luquesi seria sediado na fazenda do senhor Ramón. Este último que se mostrava ser um cara excêntrico.

A programação seria de um jantar de boas-vindas hoje à noite, uma espécie de coquetel de acordo com a programação que ele enviara por e-mail para Felipe. No sábado seria o dia livre; e no domingo teria a apresentação depois do almoço e seria assinada a sociedade.

A cidade ficava há duas horas da capital, em uma parte mais rural do estado. Logo a paisagem de prédios e rodovias cheias de carros deram lugar a muito verde e estradas de terra.

Seguimos pelo GPS até encontrar o lugar correto. Assim que passamos pela porteira de madeira pude constatar o quão grande aquela fazenda era. Na verdade, acho que deveria ser mais considerada como uma pousada.

Havia uma casa maior, que imaginei se tratar da sede de tudo aquilo. Pequenos chalés de madeira naquele estilo rústico que eu tanto gostava estavam dispostos pelo vasto gramado.

Olhei surpresa para Felipe assim que ele estacionou o carro e recebi o mesmo olhar de volta.

— Manuela, espera só um pouco, por favor — Pediu assim que soltei o meu cinto de segurança. — Pega uma sacolinha dentro do porta-luvas para mim. Obedeci, retirando de lá e entregando para ele.

Aluga-se uma noiva para o meu chefeOnde histórias criam vida. Descubra agora