Capítulo 7

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FELIPE


Fechei a porta da minha sala depois que Manuela entrou. Estendi o braço, indicando a cadeira para que se sentisse confortável e sentasse.

Fui do outro lado da mesa e sentei a sua frente.

— Claro que o girassol foi para isso, mas eu também queria te agradecer pessoalmente por tudo que fez pela Ana.

Na noite anterior, Ivonete me deixara a par dos acontecimentos durante a minha ausência.

Soube por ela que meu pai flagrara Safira com outro homem, que fora o motivo do divórcio dos dois.

E nos dias que seguiram o acidente, quando minha irmã se sentia sozinha nesses dois dias antes de eu chegar, foi Manuela que foi até a nossa casa conversar com ela e tranquilizá-la sobre tudo.

— Ivonete me contou que vocês são bem ligadas e quanto a sua companhia e cuidado foram essenciais nesses últimos dias. Então, muito obrigado.

— Imagina. A Ana é uma criança carinhosa e merece tudo de bom sempre.

Concordei com cada palavra. E eu esperava que pudesse ser capaz de cuidar da minha irmã e dar tudo que ela precisasse. Principalmente esse carinho que a pequena tanto merecia.

Comentei com ela por alta que depois do meu afastamento, não tive nenhuma informação da minha família, desconhecendo completamente que eu tinha uma irmã. Por mais que ela não tivesse me cobrando informações e nem com o olhar acusador sobre, achei que ela merecia saber. Ainda mais que tinha tanto carinho pela Ana, a pessoa mais envolvida dessa história toda.

Acabamos mudando de assunto e Manuela me passou toda a agenda do dia. E vi as horas passarem entre reuniões e telefonemas.

Quando o relógio marcava um pouco mais das seis da tarde, uma batida suave na porta me chamou a atenção.

— Com licença, senhor Felipe, precisa de mim para alguma coisa? — perguntou, solicita como sempre.

— Não, Manuela. Pode ir e boa noite.

— Boa noite. E muito obrigada pelo girassol, alegrou e muito o meu dia.

Manuela fechou a porta, me deixando até sem palavras para responder. Embora não houvesse uma necessidade de réplica sobre isso.

Minha falecida esposa não gostava muito de flores porque tinha uma alergia que atacava com qualquer cheiro que não fosse o habitual. Por isso, nunca havia presenteado nenhuma mulher com elas.

E nunca imaginei que algo que, considerado até simples, pudesse fazer tanta diferença assim para alguém.

Meus olhos recaírem sobre a última gaveta da minha escrivaninha. Seria mentira se eu disse que não fiz esse umas cem vezes – no mínimo – naquele dia.

Com um suspiro que trazia tanta coisa à tona, abri e retirei o envelope que Gomes me entregara no dia anterior.

Aquele pedaço de papel que tinha palavras que o meu pai queria que eu lesse, que eu soubesse...

E por mais que estivesse curioso, eu estava adiando aquele momento ao máximo. Não por receio do que eu conteúdo me traria, eu ficara surpreso pela irmã que tinha, mas não podia culpá-lo, afinal, tínhamos nos distanciado e do mesmo modo que eu não sabia nada dele, também não foi atrás para que soubesse de algo meu.

Aluga-se uma noiva para o meu chefeOnde histórias criam vida. Descubra agora