Capítulo 11

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MANUELA 


Sabe aquela impressão de quando alguma coisa interfere no que você ouviu?

Isso era comum de acontecer, não é mesmo?

Até porque o bar Mix estava muito barulhento naquela noite e com certeza esse foi um fator muito grande para o que tinha acabado de escutar.

Ele tinha... o senhor Felipe Baseggio... o meu chefe tinha... tinha acabado de me pedir em casamento?

Não, claro que não. Essa era a piada do século. Parecia que ele até tinha escutado a brincadeira que o Márcio lançou sobre só pedir o número de telefone e que não seria um pedido de casamento.

O senso de humor dos dois era horrível... e estranho também.

Ou poderia ser a bebida, claro. Tanto para o que ele falou sem pensar, quanto para o que eu pensei que ouvi.

— Desculpa, eu... — como se tivesse voltado a si, Felipe tomou a iniciativa em falar.

— Está tudo bem, senhor Felipe — desconversei. Até porque eu não precisava de justificativas e queria cortar aquele clima que se tornou desconfortável nos últimos segundos. — O que você está fazendo aqui?

Nossa, Manuela! Parabéns!

Querendo acabar com o momento da vergonha com uma pergunta idiota dessas.

Tinha como eu fazer um buraco no chão e me esconder dentro dele pelos próximos... vinte anos, talvez?

— Acho que pelo mesmo motivo que você, talvez espairecer e beber — respondeu, dando de ombros.

Estava prestes a dar a desculpa barata que tinha confundido meu chefe com outra pessoa, quando alguém entrou no meu campo de visão.

— Boa noite — um sorriso gentil foi lançado em minha direção. — Sou Luciano, amigo do Felipe, muito prazer — estendeu a mão e eu não demorei em retribuir o cumprimento.

—Muito prazer, Luciano. Eu sou a Manuela e...

— A Manuela também trabalha na BG — senti que Felipe falou isso no intuito de finalizar aquela conversa. Além do mais a intrusa ali era eu e os dois poderiam estar em alguma reunião importante.

— Bem, eu vou voltar para a mesa dos meus amigos, então e... — olhei para a mesa da qual o pessoal esperava que eu retornasse e os dois homens seguiram o meu olhar. Meus amigos olhavam para a gente sem piscar e quando perceberam que estavam sendo observados, desviaram a atenção para a primeira coisa que pensaram.

Nossa, que sutil!

— Alguns deles é seu namorado? — estranhei a pergunta, ainda mais por ter vindo da boca do meu chefe.

— Não, eu não tenho namorado.

Dei um sorriso – ou o mais perto que consegui chegar de um –, pedi licença e me afastei da mesa dos dois sem nem olhar para trás.

— Poxa, Manu, você demorou... — Márcio acusou assim que me aproximei da mesa que estávamos juntos com as demais pessoas. —Conseguiu o número de telefone?

— Teoricamente sim. Na prática, não — respondi, sentando novamente na minha cadeira e encarando o meu amigo responsável pelo desafio.

— Como assim? Você ficou um bom tempo conversando com ele e até chegou o outro bonitão e... — um sorriso malicioso surgiu em seu rosto. — Você conseguiu o número dos dois, né, gata?

— O meu desafio era só com um... — rebati. — E nem foi preciso perguntar qual era o número dele.

— Por que não? — todos os olhares estavam voltados em minha direção, evidenciando a curiosidade dos presentes.

Aluga-se uma noiva para o meu chefeOnde histórias criam vida. Descubra agora