FELIPE
QUATRO ANOS DEPOIS
O som de gargalhadas me guiava até onde as duas crianças estavam escondidas. A alegria daqueles dois que possuíam parte do meu coração seria o fator que me levaria à vitória.
— Achei vocês! — exclamei, assim que puxei a cortina da sala e os encontrei escondidos atrás dela.
Aninha, a minha irmãzinha caçula que agora já era uma mocinha – nas suas próprias palavras – com seus dez anos recém-completados – estava sentada no chão com Heitor em seu colo.
Antes eu acreditava, ainda mais depois que Jussara morreu, que nunca seria capaz de viver muitos momentos de felicidade, mas eu me enganara.
E em todos esses momentos, Manuela estava ao meu lado.
Desde o instante que percebi o sentimento que meu coração sentia por ela; dos momentos que compartilhávamos e que nossos corpos se fundiam assim como a nossa emoção.
A noite que eu a pedi em casamento e ela me deu a resposta mais feliz com o seu sim sussurrado.
Quando nos casamos na pequena igreja de São Lucas e todas as pessoas que amávamos estavam presentes nesse capítulo que fora tão especial.
Ver Manuela caminhando de braços dados com o pai, linda como uma miragem com aquele vestido branco e os olhos carregados de ternura foi um dos momentos mais emocionantes da minha vida. O segundo melhor.
O primeiro foi há dois anos, no nascimento do nosso primeiro filho. Heitor tinha os cabelos loiros da mãe, formando cachinhos que lhe davam a real imagem de um anjo e com os olhinhos azuis como o céu.
Aninha e Heitor vieram ao meu encontro e eu me abaixei para completarmos o nosso abraço triplo.
— Cadê a mamãe, papai? — Heitor perguntou assim que se afastou.
— Ela está em uma reunião de trabalho, meu amorzinho. Logo ela volta para casa — respondi, tocando o seu nariz levemente do jeito que ele gostava.
Manuela mostrou toda a sua competência na BG e acabou sendo promovida a diretora de criação. Cargo muito merecido pelo empenho que mostrava em todo o seu expediente. Nesse momento, ela estava em uma reunião com um novo potencial cliente fazendo as apresentações. Meu peito se enchia de orgulho daquela mulher.
Da minha mulher.
Foi só em pensar nela que escutei o barulho da porta do cômodo ao lado se fechando.
— Acho que ela acabou de chegar, parceiro.
Nem acabei de falar direito e as duas crianças saíram em disparada para o alvo que acabava de chegar e recebê-la com muitos beijos e abraços.
A parte mais gostosa do dia era quando eu retornava do trabalho e era recebido dessa forma.
Ivonete acabara se mudando para a minha casa e tornara-se a nova babá de Heitor, o que acabou sendo uma ajuda e tanto.
Meu pai acabou tendo uma nova chance para o amor e se apaixonando por uma das enfermeiras que fora responsável em cuidar dele na época que ainda precisara ficar internado enquanto se recuperava por completo.
O grande senhor Olavo Baseggio também estava vivendo um romance no estilo clichê e eu adorava vê-lo sorridente pelos cantos.
Luciana era uma ótima mulher e Aninha gostava muito dela. Minha pequena ganharia uma madrasta que seria boa – graças a Deus – mas eu já presenciei a minha irmã chamando-a de mãe.
Foi lindo de ver a emoção que tomou conta de meu pai e Luciana ao ouvir essa palavra tão valiosa sair da boca de Ana.
Nessa noite, um jantar em celebração ao noivado dos dois iria acontecer na casa do meu pai. Seria íntimo, apenas para a família.
Assim como imaginei, Manu recebeu o ataque de amor daquelas duas crianças e ela correspondeu da mesma forma, lançando um sorriso em minha direção.
Depois da recepção calorosa das crianças ela veio até mim, deixando um beijo casto e rápido em meus lábios.
Um beijo cheio de promessas.
O jantar de noivado de meu pai com Luciana foi uma delícia. Todos no divertimos com a conversa agradável que aconteceu.
Meu pai e eu tivemos muito tempo depois que ele saiu do hospital, estando recuperado, para sentarmos e termos a conversa completa. O que acontecera há tanto tempo era apenas um passado que não valia a pena ficar relembrando.
O que importava era o presente e o futuro que ainda teríamos.
Bola de Neve estava animado que só, sempre permanecendo perto das crianças com quem ele tanto adorava brincar.
Era engraçado pensar, enquanto estava em um jantar de noivado – um real, diga-se de passagem –, sobre tudo o que aconteceu desde que voltei para o país. Quando cheguei para viver a vida que ganharia de presente.
Se eu encontrasse o Felipe saindo daquele aeroporto, depois de seu retorno, não iria falar nada. Não iria querer que o meu eu do passado mudasse nada do que vivi.
Porque amar loucamente a minha noiva de aluguel, que hoje era a minha esposa, era a parte principal do pacote todo.
Enquanto levantávamos as nossas taças com champanhe, e a das crianças com suco de limão, prontos para brindarmos pela felicidade do casal, eu ousei fazer um pedido.
Embora eu soubesse que ele já tinha se realizado. E a cada dia que passava mais e mais ele se tornava real.
Ali, cercado da família que eu tanto amava, não poderia ser mais feliz.
Eu tinha a minha própria história e ela era perfeita.
FIM
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Aluga-se uma noiva para o meu chefe
RomanceUma briga afastou Felipe do pai, levando-o para longe por sete anos. Até que um telefonema muda o seu destino, trazendo-a de volta para assumir o cargo de CEO na empresa da família. Percebendo o quanto tudo mudou em sua ausência, ele conhece Manuela...