confessions and betrayals

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mais um capítulo para vocês e espero que gostem, se a quantidade de palavras (que passa um pouco de 3mil) cansar vocês, eu dou uma diminuída e divido em dois capítulos.
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Dayane Limins - Londres, 3 de dezembro de 2021 (ainda sob muita neblina).

A porta se abriu me dando a visão de um senhor de cabelos pretos e olhos azulados com um semblante cansado e choroso. A barba estava por fazer e as roupas amaçadas, como se não tivessem sido tiradas de seu corpo há alguns dias. Meu peito doeu com a expressão frágil do homem que parecia ser batalhador, a perda de alguém era inevitavelmente dolorosa até quando é um parente muito distante, imagina a perda de uma filha.

Nunca consegui me imaginar tendo um bebê, o educando pelo resto de sua vida e tendo essa responsabilidade comigo até o dia do meu enterro. Sempre enjoei da rotina, por isso viajo muito, sinto falta da minha vida na Califórnia e volto, mas sempre com algumas histórias para contar. Minha mãe diz que não tem graça colecionar histórias se não vai ter alguém para ouvi-las, mas eu sei que isso é apenas um drama para que eu arrume logo alguém com as intenções de casar.

Nunca namorei sério, sempre enjoei da rotina como havia dito, nunca conheci alguém que me desse vontade para ficar. Também nunca procurei por alguém, as pessoas têm a ideia de que só porquê sou solteira vou dormir com um milhão de pessoas, principalmente nesses viagens, porém ninguém nunca me interessa o suficiente para isso. Sexo não acaba sendo apenas sexo para mim, infelizmente não acaba sendo tão fácil. Eu realmente gosto de estar com pessoas que me agradam a presença, isso não acontece frequentemente.

Não sei em que momento minha cabeça vagou tanto, me deixando em uma situação complicada ao ponto de não saber o que dizer ao homem confuso em minha frente.

Senhor Davis. — um fio de voz saiu de minha boca, quase que inexistente.

Vocês já vieram antes, vá embora. — falou quando mostrei meu distintivo, seus olhos se encheram d'água com tal fala.

Suas mãos migraram para a porta na tentativa de fechá-la, mas o impedi antes que a porta batesse em minha frente. Eu sabia que não era como os outros, eu jamais descansaria até esse caso ser resolvido, também sabia que não precisaria passar meses ou anos, minha dedicação está sobreposta a apenas isso. Eu precisava mostrar isso a ele.

Sou a Detetive Limins, o senhor deve ter ouvido falar de mim pelo Xerife Cooper. Me dê quinze minutos para conversarmos. — ele respirou fundo, como alguém que busca ar depois de se afogar.

Minha mão começou a suar, parecia que era a primeira vez que eu entrava em um caso como esse, me senti com vinte anos cheia de medos e imperfeições que me levariam a um fracasso.

Acordei do meu devaneio com uma mulher de cabelos escuros me servindo uma xícara de chá, a sala era espaçosa e simples, haviam alguns certificados de Harriet na parede mostrando algumas áreas que ela era boa: física, química, matemática e até soletrando. Haviam muitas fotos também, eu não havia reparado na vida que ela carregava nos olhos azuis.

Ela se parecia muito com o senhor. — falei olhando o homem em minha frente.

Ele coçava a barba soando um som áspero. Seus olhos me traziam um sentimento de desconfiança, mas os castanhos da mulher em minha frente me mostravam uma tentativa de compreensão, mesmo com aquela dor no coração que estava sentindo.

Senhor e Senhora Davis, fui encaminhada da Califórnia para cá na tentativa de solucionar o caso da filha de vocês. — comecei buscando as melhores palavras possíveis, havia esquecido o quão difícil era — Eu sinto muito pela perda de vocês, sinto muito por fazê-los passar por isso novamente, mas eu jamais alimentaria falsas esperanças em vocês dois. — minha intenção não era mostrá-los que a filha deles não voltará para casa como acontece em alguns casos que participo, porém era uma tentativa de tentar dizer que eu não dormiria até achar o culpado.

The Lake House (Dayrol)Onde histórias criam vida. Descubra agora