funeral and immorality

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mais um capítulo, porém mais curto. espero que gostem e me perdoem os erros, estou sem tempo para revisar. :/
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Dayane Limins, Londres - 04 de dezembro de 2021 (ainda sem trégua na neblina).

A noite passou comigo virando na cama, sem conseguir pegar no sono. Dias como esses costumam ser piores para mim, o peso de todo esse trabalho cai de uma vez em seus ombros e você se sente culpada por não poder fazer mais do que já está fazendo. Eu não consegui impedir que uma criança morresse, uma menina cheia de vida e com um futuro brilhante.

A garoa batia no vidro da sacada, não foi surpresa quando abri as persianas e lá fora estava cinza. Mais um dia triste e sem sol. Procurei o meu melhor terno preto e vesti, junto de uma camisa gola longa, também preta. O distintivo, em respeito, ficou guardado no bolso. Hoje seria apenas um dia triste, o dia de uma homenagem a uma garota brilhante.

No cemitério chovia ainda mais, eu fiquei na última fileira apenas observando os amigos e parentes chorarem. Violet, Evan, Arthur e até Nate estavam lá. O padre rezava e tentava dizer algumas palavras que fosse confortar o coração de seus pais, que agora pareciam mil vezes piores do que no dia da minha visita. Como se só agora caísse a ficha de que realmente Harriet morreu. Harry Davis me mandou um olhar miserável, me perguntando o por que eu estava sendo tão invasiva de aparecer no funeral de sua filha, mas eu apenas abaixei os olhos até sentir uma mão em meu ombro.

Acho que pensamos igual. — falou Bruno.

Óculos... está de ressaca? — sussurrei.

Infelizmente, até pensei em tirar o dia de folga. — deu um meio sorriso.

Eu ignorei o bom humor de Bruno, ele me culpava por me envolver demais, mas quem não fica triste em um funeral? O caixão estava descendo na cova, todos seguravam rosas brancas e no momento em que começaram atirar as rosas dentro da cova, me permiti deixar uma lágrima cair. Não foi um ato profissional, eu sei, mas foi humano.

Quando todos começaram a se desviar para ir embora, alcancei Nate. Ele era alto, mais alto que qualquer outro garoto que estava ali, tinha a pele negra e lustrada. Com certeza era o mais bonito da escola também. Quando me enfiei em sua frente o vi abaixar a cabeça, como se não tivesse me visto ali. Óbvio que Violet estaria agarrada no corpo do namorado, quase que um cachorro protegendo seu dono.

Detetive Limins, podemos falar por um instante? — perguntei mostrando o distintivo.

Ah não, tenho treino agora. — ele tentou se desviar, quase passando por cima de mim.

Então, infelizmente, essa conversa terá que ser encaminhada até a delegacia. — eu não queria que isso acontecesse, não aqui — Em respeito a Harriet e a sua família, venha comigo. — ele relutou, mas aceitou — Apenas você, Nate. — falei olhando para Violet, que fechou a cara e largou dele com violência.

Ainda não entendia como Harriet e ela eram melhores amigas;

Fomos até uma lanchonete que havia ali próximo, ele me fez prometer que seríamos breve para que o seu treino não fosse prejudicado.

Qual era seu envolvimento com a Harriet? — perguntei bebendo um café preto.

Eu via ela vez ou outra com Violet, você sabe... apenas amiga da minha namorada. — falou dando de ombros.

Eu buscava qualquer expressão que o dedurasse, mas ele parecia uma rocha. Não mexia um músculo. Nada de tremedeira nas pernas ou mãos suando.

O que você diria sobre as alegações de uma suposta traição sua com Harriet? — seu rosto se contorceu pela primeira vez.

The Lake House (Dayrol)Onde histórias criam vida. Descubra agora